Neurônios em dia

A cor do isotônico pode fazer a diferença no treino. E nem precisa ingerir

Pesquisa mostra que pessoas que ingeriram uma bebida cor-de-rosa durante a malhação tiveram melhor desempenho físico e maior sensação de bem-estar

Ricardo Teixeira*
postado em 23/05/2021 00:00
 (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
(crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)

Um estudo recém-publicado pelo periódico Frontiers in Nutrition aponta que uma bebida cor-de-rosa permite maior resistência e velocidade durante uma corrida. E esse efeito aconteceu apenas com o contato do líquido na cavidade oral, sem ingestão.

É a primeira vez que se demonstra o efeito da cor de uma bebida no desempenho esportivo. A velocidade e a distância percorrida foram 4,4% maiores e houve uma sensação de maior bem-estar no treino, o que fez com que o exercício parecesse mais fácil. A bebida cor-de-rosa foi comparada a outra transparente, ambas sem qualquer teor calórico, com o mesmo sabor adocicado (sucralose). A cor rosa foi escolhida por criar a expectativa de que a bebida é mais doce, mais calórica, o que já foi demonstrado em diversas culturas. Os próprios voluntários do estudo acharam que a bebida rosa era mais doce.

Pesquisas anteriores já tinham demonstrado que, durante uma atividade física, o bochecho de bebidas com baixo teor calórico melhora o desempenho por reduzir a percepção da intensidade do exercício, o que também foi demonstrado no presente estudo. Só que desta vez sem calorias e com o visual rosa, ambos atributos funcionando como placebo.

O contato de bebidas com algum teor calórico na mucosa oral é capaz de estimular o sistema de recompensa cerebral, além de criar a expectativa da ingestão calórica que inibe os circuitos centrais associados à fadiga. Futuros estudos nos dirão se o mesmo acontece com essa solução de sucralose e se as mudanças neurofisiológicas são maiores se a solução for cor-de-rosa.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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