Entrevista

O pioneirismo de  Helena Bordon na prática de influenciar

Em bate-papo com a Revista, influenciadora conta um pouco mais sobre sua trajetória como blogueira e como transformou isso em um negócio de sucesso

Ailim Cabral
postado em 30/05/2021 08:00
Helena Bordon entrou no universo dos blogs há quase uma década: influencer raiz -  (crédito: Arquivo pessoal)
Helena Bordon entrou no universo dos blogs há quase uma década: influencer raiz - (crédito: Arquivo pessoal)

Blogueira e influencer antes mesmo de essas ocupações ganharem a proporção que têm hoje, Helena Bordon, 34 anos, conversou com a Revista para falar sobre o lançamento da sua marca de skincare e revelou como a internet impulsionou sua veia empreendedora.

Morando em São Paulo, a it-girl, que já viveu em Londres e Nova York, contou um pouquinho sobre como lida com as cobranças por ser uma pessoa pública nas redes sociais e sobre como avalia quando deve ou não postar assuntos da atualidade.

Confira a entrevista com uma das pioneiras do universo de blogueiras e influencers.

Quando você entrou nesse mundo de influencers e blogueiras?
Eu comecei há mais ou menos uns oito ou nove anos. Lembro que, na época, ainda não existia Instagram e comecei com as influenciadoras raiz — Tássia Naves, Camila Coutinho. Para mim, foi muito orgânico, eu fiz faculdade em Londres e estagiava no Valentino, em Nova York, então viajava muito, e as amigas e os conhecidos viviam pedindo dicas de viagem e de moda. Eu mandava tudo por mensagem. Observando o movimento de blogs, acabei decidindo criar um para dividir as dicas e as experiências de forma mais concentrada.

E como foi o início?
Eu já comecei como uma coisa mais voltada para os negócios. Chamei um sócio, que é o mesmo até hoje, para me ajudar. Eu não queria passar as viagens no computador, escrevendo, então eu tinha pessoas para publicar para mim com o que eu dizia. Enquanto muita gente começa como hobby, eu já fui pensando em empreender.

Como você equilibra a exposição com a preservação da sua vida pessoal?
Sou uma pessoa mais fechada e, desde o início, eu foquei na moda e nas viagens, não no meu dia a dia ou na minha vida pessoal. Acho que, por isso, as pessoas nem esperam que eu poste muito sobre mim de forma mais particular. Elas ficam até surpresas quando eu exponho um pouco mais, e acontece de forma leve. Construí isso com meus leitores e seguidores. Quando tem algo legal, eu mostro, divido.

Você se sente muito cobrada na internet?
Cada vez mais existe uma cobrança sobre posicionamentos de uma forma geral. Quando acontece algo, as pessoas imediatamente cobram que a gente diga alguma coisa. Eu pondero muito, acho delicado. Não vou me posicionar sobre um assunto que não conheço, preciso do meu tempo para me informar e aí, sim, dizer o que penso. Esse lado acaba sendo mais delicado para mim do que a vida pessoal. Eu fico ansiosa com essa cobrança e, de vez em quando, desabafo sobre isso. Prezo muito pela minha saúde mental. Se não me faz bem, vou me distanciar. Os comentários maldosos me afetam, não tem como dizer que não. Então eu posto um pouco menos. De vez em quando, privo os comentários, limito, para evitar estresse.

No momento que vivemos, como avalia o que vai ou não publicar?
É complicado. Todos estão mais sensíveis, com os sentimentos à flor da pele, é muita tristeza, então precisamos ter cuidado. Não podemos nos alienar e postar só looks e coisas boas. Não podemos fingir que nada está acontecendo, mas sinto que também precisamos de um respiro, de conteúdos que fujam um pouco das notícias. No ano passado, criei uma campanha com várias amigas. Reunimos cerca de R$ 1 milhão para a compra de materiais de UTI para as redes públicas. No começo, tive muito pânico e fiquei obcecada com todas as notícias; agora, faço o que posso para ajudar, mas tento me desligar de vez em quando. Uso minha voz, me posiciono, mas cuido também da minha saúde mental.

Como lida com a responsabilidade de ser uma influenciadora?
Eu não vou postar algo que eu não acho que é bacana ou saudável. Eu não fumo, mas, se fumasse, não publicaria, porque não quero influenciar ninguém a fazer isso. Temos que usar essa influência para fazer o bem, usar de forma positiva. Tem muita gente jovem nas redes, é fundamental estar atento ao que dizemos ou mostramos. Os filtros também se tornam um problema, porque tantas pessoas deixam de se aceitar como são. Temos que tomar o cuidado de fazer do mundo um lugar onde queremos que nossos filhos vivam.

Como nasceram as marcas Helena Bordon?
O blog foi meu primeiro negócio. Quando lancei, viajava, ia para as semanas de moda e, por meio dele, fechava contratos com marcas, com divulgação e usando as peças. Eu criava conteúdo para as marcas e, depois de uns dois anos, vi que queria ter minha própria marca. Fiquei pensando no que fazer e percebi que existia um espaço no mercado de óculos de sol. Em 2015, nasceu a By Helena Bordon. Fui pensando em coisas que eu gostaria de comprar e não encontrava no Brasil e aí lancei também o segmento Helena Essentials. São roupas básicas, moletons que eu via fazendo sucesso lá fora, camisetas. E foi bem positivo. Na pandemia, isso acabou crescendo muito.

E a Hela Beauty?
Uma marca de skincare era um sonho antigo. A minha sócia, a dermatologista Alessandra Fraga, e eu já conversávamos há um tempo, mas, no fim de 2020, finalmente, saiu do papel. Batemos o martelo em março e, em dezembro, já estávamos vendendo. Como era um projeto antigo, já tinha muita coisa na minha cabeça, como as embalagens coloridas e a importância de serem produtos bons, com todo o cuidado de uma dermatologista. Estou muito feliz com o resultado, semana retrasada começamos a vender no e-commerce da Sephora e saiu muito bem.

Como é sua relação com a beleza?
Eu amo skincare e sempre cuidei muito da minha pele. Seja em casa, em viagens, hotéis, eu não abro mão de tirar toda a maquiagem e fazer toda aquela rotina de limpeza, hidratação e cuidados. É um momento de autocuidado para mim. Passo uma hora cuidando de mim e, se minha pele está bem cuidada, eu me sinto bem comigo mesma.

Mundo da beleza

A Hela Beauty começou a ser idealizada por Helena Bordon e Alessandra Fraga em 2015 e, em 2020, foi lançada. A vontade de entrar no mundo da beleza era antiga e a parceria entre a médica e a empresária, também. Os seguidores de Heleninha viviam pedindo as fórmulas dos cremes manipulados por Alessandra especialmente para ela e deram esse empurrãozinho para o nascimento da Hela. Com embalagens recicláveis e seguindo o conceito sustentável da clean beauty, a Cleasing Mousse, a bruma refrescante Facemist, o Skin Oil, o Hydra Sérum, o Hyalo Booster e o Glow Drops são os primeiros lançamentos da marca.

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