Bichos

Cachorros e gatos também podem ter vitiligo

Especialistas em dermatologia explicam como identificar os sintomas e orientam sobre os cuidados com a despigmentação, que pode ocorrer na pele ou no pelo

Tayanne Silva*
postado em 27/06/2021 08:00
Doris desenvolveu vitiligo depois de passar por forte estresse -  (crédito: Arquivo pessoal)
Doris desenvolveu vitiligo depois de passar por forte estresse - (crédito: Arquivo pessoal)

O vitiligo atinge cerca de 1% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No dia 25 de junho é comemorado o Dia Mundial do Vitiligo, data criada para conscientizar e minimizar o preconceito. Assim como os humanos, os pets também têm predisposição genética a ter a patologia. Trata-se de uma doença dermatológica rara, não tem cura, não é contagiosa, afeta somente a pele, e tem tratamento.

“É uma condição assintomática, que se caracteriza por uma ou mais áreas manchadas na pele (leucodermia) ou em regiões de pelos (leucotriquia), ambas com despigmentação. Também é considerada uma dermatopatia com base autoimune contra as próprias células do animal (os melanócitos)”, explica o veterinário William Rodolfo Klein.

Segundo o veterinário, o vitiligo pode ser classificado em tipos: “Localizado (VL) é o mais diagnosticado e mais comum. Generalizado (VG) é o mais raro, ocorre mais em cães de grande porte, com predisposição de raças como rottweiler, boxer dinamarquês, entre outras”, informa o veterinário. “O acrofacial restringe-se à despigmentação da face e ao longo dos membros, transições mucocutâneas, unhas e garras”, afirma o veterinário, que é especializado em dermatologia.

Em gatos, a raça Siamesa é a que mais manifesta o vitiligo. “O sistema imunológico do pet pode ter certos anticorpos que atacam e destroem os melanócitos, que são as células responsáveis pela coloração da pele e do pelo”, explica Thaís Matos, médica veterinária da DogHero (empresa de serviços para animais de estimação).

A doença dermatológica pode surgir devido a fatores externos, como estresse, exposição a toxinas, entre outros. “O diagnóstico definitivo é somente por exames específicos. O veterinário, especialista em dermatologia, fará uma avaliação laboratorial da aparência e local das lesões, além do histórico clínico do animal”, expõe a veterinária.

Manchas

A funcionária pública Marcia de Oliveira Santos, 48 anos, é tutora de uma rottweiler. Ela conta como iniciou o vitiligo em Doris. “Nós moramos em um condomínio. Na época, não podia ter rottweiler, porém, não sabíamos. Por isso, o condomínio pediu que a deixássemos nos fundos, mas Doris não observava quem passava na rua. Ela é bem fofoqueira”, relata.

Com o tempo, a cadela ficou estressada e triste, e isso fez com que condição se desenvolvesse. “No início, o vitiligo dela era mais forte, então levamos ao veterinário. Também reforçamos o portão e deixamos ela à vontade no quintal. Ela é dengosa, curiosa e folgada. O cuidado que temos é com a exposição solar”, diz.

Tratamento e cuidados
De acordo com o dermatologista de animais William Rodolfo Klein, diferentemente dos humanos, infelizmente, até o momento, não há um tratamento eficaz na medicina veterinária. “Caso o tutor suspeite que é vitiligo, ele deverá levar o pet a um dermatologista veterinário. Esse profissional fará diagnósticos diferenciais para ter a certeza que é correto excluir outras doenças.”

No início, existem pequenas manchas hipocrômicas não inflamatórias. “Quando essas manchas evoluem, sofrem uma expansão e tornam-se máculas acrômicas e marfinicas, ocorre a leucodermia”, detalha.

No vitiligo, não há queda de pelo, somente a despigmentação da pele ou do pelo. “Como não há coceira nem alteração da textura da pele, a forma de se chegar à conclusão diagnóstica é por uma avaliação laboratorial”, enfatiza Thaís Matos.

Trata-se de uma doença que compromete a estética do animal e não sua saúde física. “Os pets com vitiligo precisam de maiores cuidados, especialmente com a exposição excessiva ao sol — a despigmentação deixa a pele mais suscetível à queimadura e também ao câncer de pele”, orienta a veterinária.

A proteção da pele é essencial. “No mercado, existem protetores solares específicos para bichos. O uso é muito importante, principalmente para os animais que estão frequente expostos ao sol. Outro cuidado é evitar passear com o cãozinho das 10h às 16h, período de maior incidência solar.”

Famosos com vitiligo

A gatinha Elli, da raça tuxedo, nasceu com a coloração branca e preta
A gatinha Elli, da raça tuxedo, nasceu com a coloração branca e preta (foto: @elli.vitiligo/Divulgação)

A gatinha Elli, da raça tuxedo, nasceu com a coloração branca e preta. Com a evolução do vitiligo, os pelos pretos começaram a desaparecer e ficou com uma pelagem mais branca. Elli tem mais de 114 mil seguidores no Instagram. Sua página traz fotos e relatos sobre os cuidados.

O cão Rowdy tem mais de 100 mil seguidores no Instagram
O cão Rowdy tem mais de 100 mil seguidores no Instagram (foto: @white_eyed_rowdy/Divulgação)


O cão Rowdy tem mais de 100 mil seguidores no Instagram. Ele nasceu com a coloração preta e desenvolveu manchas brancas em volta dos olhos. A ideia da rede social é ajudar crianças que têm vitiligo.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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  • O cão Rowdy tem mais de 100 mil seguidores no Instagram
    O cão Rowdy tem mais de 100 mil seguidores no Instagram Foto: @white_eyed_rowdy/Divulgação
  • A gatinha Elli, da raça tuxedo, nasceu com a coloração branca e preta
    A gatinha Elli, da raça tuxedo, nasceu com a coloração branca e preta Foto: @elli.vitiligo/Divulgação
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