Beleza

O cosmético deixou de fazer efeito. E agora?

Os cremes com ativos anti-idade ou de hidratação podem perder a eficácia ao longo do tempo. Especialistas explicam como evitar que isso aconteça e como cuidar dos produtos

Amanda Silva*
postado em 29/08/2021 08:00
 (crédito: Monique Renne/Especial para o CB)
(crédito: Monique Renne/Especial para o CB)

Quando um cosmético não entrega mais os mesmos benefícios como nas primeiras vezes de uso, significa que pode estar perdendo o efeito. Isso acontece devido ao efeito platô, que nada mais é do que o terceiro estágio de ação de um produto. Nessa fase, a eficácia diminui e traz a sensação de que não funciona mais.

Segundo Maria Eugenia Ayres Santos Barbosa, farmacêutica industrial, os produtos usados diariamente podem acostumar a pele com os tratamentos e cria-se uma “resistência” tal, que, para atingir o mesmo benefício de antes, são necessárias concentrações cada vez maiores.

Para Roberta Padovan, dermatologista e proprietária da Clínica Roberta Padovan, além da resistência que a pele ganha ao longo do uso, o próprio cosmético pode ter perdido sua eficácia. Ela explica que isso acontece, possivelmente, porque os ingredientes ativos se degradam ou se transformam em outras substâncias.

Um produto não vai ser o mesmo para sempre. Por isso, conta com estágios. O primeiro é de adaptação, que pode durar algumas semanas. A pele vai se acostumando com cada ativo trabalhado diariamente na pele. Já a segunda etapa dura de semanas a meses, e é quando, realmente, o cosmético começa a fazer efeito. Na fase de tolerância, os ativos param de trazer benefícios com o uso contínuo. Ou seja, continuar usando os produtos não vai ajudar nos cuidados com a pele.

Antioxidantes, ácidos e vitaminas C são os ativos que mais perdem a eficácia ao longo do tempo. Quando ocorre a mudança de pigmentação, significa uma oxidação do produto, fazendo com que diminua a eficácia.Roberta destaca que os cosméticos para os olhos costumam durar menos.

Outro ponto destacado pelas profissionais é o prazo de validade. Maria Eugenia explica que, para a efetividade do produto e para impedir a intolerância, é de extrema importância ficar atento à data de vencimento.

Um creme clareador pode perder sua capacidade de clarear, assim como um protetor solar, de proteger dos raios solares. “Intolerâncias, reações alérgicas ou infecções também podem acontecer em razão do tempo prolongado de armazenamento”, alerta. Roberta destaca que o prazo de validade garante que o produto mantenha as características de eficácia e segurança, desde que sejam seguidas as orientações de armazenamento.

Como durar mais?

A farmacêutica industrial ensina algumas táticas para fazer o produto durar mais tempo. O melhor a se fazer é associar os ativos da fórmula com outros que promovam a diminuição da barreira cutânea, como ácidos ou alfa hidroxiácidos. “Quanto menor for o tamanho da molécula, mais absorvido o ativo será e mais efeitos benéficos promoverá”, ressalta.

Outra opção é a alternância de produtos, o aumento da concentração dos ativos, o uso da tecnologia cosmética das nanopartículas ou a troca de ativos. Roberta Padovan destaca, mais uma vez, que é necessário sempre respeitar a data de validade, o armazenamento e também a consulta com o médico para avaliar se o produto ainda está fazendo efeito.

Maria Eugenia indica também investir em novas tecnologias do mercado. Ela recomenda o uso de nanotecnologia. De acordo com a profissional, a técnica transforma os ativos em pequenas partículas, que são capazes de penetrar nas camadas mais profundas da pele, potencializando os efeitos dos produtos. O uso de ativos biomiméticos também ajudam. “Eles ‘imitam’ a nossa pele, ou seja, desempenham funções semelhantes às do nosso organismo.”

Além disso, há os ativos vetorizados, que potencializam a permeação e os resultados, pois facilitam a penetração do produto pela camada mais externa da pele, que funciona como uma barreira protetora.

Fatores que influenciam na qualidade do produto

1 - Material de acondicionamento: os materiais usados para acondicionar os produtos cosméticos, como vidro, papel, metal e plástico, podem influenciar na estabilidade do mesmo.

2 - Luz e oxigênio: a luz ultravioleta, com o oxigênio, origina a formação de radicais livres e desencadeia reações de óxido-redução. Os produtos sensíveis à ação da luz devem ser acondicionados longe dela, em frascos opacos ou escuros, e devem ser adicionadas substâncias antioxidantes na formulação, a fim de retardar o processo oxidativo.

3 - Umidade: esse fator afeta principalmente as formas cosméticas sólidas, como talco e sabonete em barra. Podem ocorrer alterações no aspecto físico do produto, tornando-o amolecido, pegajoso ou modificando peso ou volume, como também contaminação microbiológica.

4 - Microrganismos: os produtos cosméticos mais suscetíveis à contaminação são os que apresentam água em sua formulação, como emulsões, géis, suspensões ou soluções. A utilização de sistemas conservantes adequados e validados, assim como o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação são necessários para a conservação adequada das formulações.

5 - Temperatura: as elevadas aceleram reações físico-químicas e químicas, ocasionando alterações em atividade de componentes, viscosidade, aspecto, cor e odor do produto. Já as baixas temperaturas aceleram possíveis alterações físicas, como turvação, precipitação e cristalização.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação