Saúde

Você sua em excesso? Pode ser sinal de uma doença genética

Sudorese excessiva nas mãos, nos pés, nas axilas e em outras partes do corpo pode ser sinal de hiperidrose, patologia que, em casos mais graves, é tratada com cirurgia

Iara Pereira*
postado em 19/09/2021 08:00
 (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
(crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)

Com temperaturas altas, como as que estamos vivenciando, é natural que ocorra um aumento na transpiração do corpo. Mas você sabia que algumas pessoas sofrem com esse problema o ano inteiro? A hiperidrose é uma condição que provoca suor excessivo, na qual os pacientes podem transpirar muito até mesmo em repouso.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a sudorese é uma função normal do nosso corpo e ajuda a manter a temperatura equilibrada. Porém, a hiperidrose faz com que a pessoa apresente sudorese excessiva mesmo sem atuação de fatores externos, como calor ou atividades físicas. Isso acontece porque as glândulas sudoríparas dos pacientes são hiperfuncionantes.

Essa patologia afeta cerca de 3% da população e pode dificultar a realização de tarefas do dia a dia e causar constrangimentos. O médico especialista em hiperidrose Wagner Santos, que atua na área há 10 anos, explica que essa doença é genética, mas depende do encontro entre três genes recessivos. Por isso, existe uma maior probabilidade de predisposição familiar e, ainda assim, as chances são baixas.

O que é

A hipermobilidade é uma doença genética que atinge de três a quatro indivíduos em cada mil habitantes e é caracterizada pelo suor em excesso, mesmo com o corpo em repouso.

Sintomas

Sudorese excessiva nas mãos, nos pés, nas axilas, no rosto e o chamado rubor facial — uma vermelhidão no rosto que causa desconforto social.
Isso ocorre porque o paciente, em determinadas regiões, desenvolve uma reação de vasodilatação que resulta no suor em demasia sem influência de fatores externos.
Os sintomas podem aparecer em qualquer momento da vida, mas é comum que já se note a hiperidrose na infância e na adolescência.
A hiperidrose também pode ser adquirida já em idade adulta, em decorrência de fatores como distúrbios hormonais, doenças neurológicas e efeitos colaterais de medicamentos.

Diagnóstico

O médico Wagner Santos chama atenção para os problemas encontrados ao diagnosticar um paciente com hiperidrose. “Muitas vezes, os pacientes chegam ao consultório reclamando do suor nas mãos e associam à ansiedade, indicando que, com o tempo, os sintomas vão passar. Na verdade, a medicina já provou que os pacientes com hiperidrose tendem a se tornar ansiosos por causa do problema, porque eles passam a antecipar as situações em que vão suar.”
A transpiração em níveis tão extremos pode gerar um desconforto social, chegando a atrapalhar diversas áreas da vida do paciente. Desde o bem-estar e a autoestima, até a carreira e os relacionamentos interpessoais.

Tratamento

De acordo com o médico Wagner Santos, existem opções de tratamento cirúrgico e conservador. O método conservador envolve o uso de medicamentos, botox, cremes e desodorantes para aliviar os sintomas da hiperidrose. “Em último caso, se o paciente não responder a esse tratamento conservador, a gente indica uma cirurgia, a simpatectomia, em que é necessário realizar um corte na região da axila para ter acesso à cadeia de nervos simpática e remover os nervos que causam transpiração excessiva.”

Palavra do especialista

Quais os principais sintomas aos quais precisamos estar atentos para identificar a hiperidrose?
É importante diferenciar entre a hiperidrose primária ou a hiperidrose secundária. A hiperidrose primária, diferentemente da secundária, não tem um fator causal para o suor. Ele ocorre de forma excessiva em pontos focais do corpo, como as mãos, as axilas, a face e ou o couro cabeludo, a virilha e os pés, podendo ser em apenas um ponto ou em alguns pontos associados. Isso independe da temperatura. Tanto no verão quanto no inverno, o paciente transpira de uma forma excessiva. Já a hiperidrose secundária se chama assim por ser consequência de algum outro problema de saúde que leva ao suor. Por exemplo, obesidade, menopausa na mulher, andropausa no homem, problemas na tireoide, diabetes, tumores, tuberculose e vários outros problemas que levam ao suor, que, geralmente, ocorre no corpo todo.

Acho que tenho hiperidrose. O que devo fazer?
Caso alguém tenha suspeita de hiperidrose, isto é, do suor excessivo, deve procurar um serviço de dermatologia ou de cirurgia torácica, que são ambas as especialidades que investigam essa sudorese excessiva em pontos focais.

Quais são os tratamentos possíveis para pessoas com hiperidrose?
O tratamento da hiperidrose primária depende da intensidade do suor. Nos casos mais leves, pode ser iniciado um tratamento com antitranspirantes. Indo para os casos moderados a severos, nós podemos tentar a aplicação do botox, mas o grande problema é que ele tem uma ação temporária, que dura em média seis meses. E já nos casos mais severos, quando antitranspirantes e botox não surtiram efeito, o indicado é a realização da cirurgia.

Como é feita a cirurgia?
O tratamento cirúrgico é realizado pelo cirurgião torácico, e é o mais realizado nos dias de hoje por ser definitivo. Ele é feito por uma cirurgia minimamente invasiva, realizada pela axila, onde introduzimos instrumentais dentro da caixa torácica para identificar o nervo responsável pelo estímulo acentuado do suor. Realizamos uma secção ou uma clipagem desse nervo, que é conhecido como cadeia simpática. É uma cirurgia rápida e segura, o paciente permanece internado por 24 horas e recebe alta no dia seguinte, sem nenhuma restrição.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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