Saúde

População pode opinar sobre mudança no tratamento de câncer de mama

Consulta pública, aberta até esta quarta (29/9), quer saber se a sociedade quer, ou não, a incorporação de novos medicamentos para tratar pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático

Correio Braziliense
postado em 27/09/2021 14:30 / atualizado em 27/09/2021 16:46
 (crédito: Fernando Lopes/CB/D.A.Press)
(crédito: Fernando Lopes/CB/D.A.Press)

Até a próxima quarta-feira (29/9), a sociedade pode opinar sobre a atualização dos tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com câncer de mama avançado. A consulta pública 77 da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), órgão ligado ao Ministério da Saúde, diz respeito à inclusão de abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático (quando já se espalhou para outros órgãos) com HR+ e HER2-.

“Há quase 20 anos não são incorporados novos tratamentos para a forma metastática em seu tipo mais comum, o RH+ e HER2-, que corresponde a 70% dos casos. São terapias já disponíveis na rede privada de saúde e que elevaria a sobrevida de pacientes, por isso se faz urgente e necessária a participação de toda a sociedade nesta consulta pública”, ressalta André Abrahão, diretor médico da Novartis Oncologia Brasil.

Só em 2020, 66 mil mulheres foram diagnosticadas com tumor na mama no Brasil, e cerca de 14 mil brasileiras vão a óbito por conta da doença todos os anos. “A disparidade entre sistemas público e privado se mostra como um grande entrave para o acesso a tratamentos inovadores e com potencial de modificar o curso da doença”, afirma Maira Maira Caleffi, mastologista e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

“Hoje, apenas 25% da população brasileira têm acesso a planos de saúde. A disparidade de tratamento é gigantesca”, reforça Alexandre Fiorani, Head das áreas de acesso e comercial da Novartis Oncologia.

Ainda em termos de tratamento, a fase III de uma pesquisa da Novartis, intitulada MONALEESA-2, traz perspectivas positivas. O estudo concluiu que o uso de Kisqali em associação com o letrozol aumentou a sobrevida em mais de 12 meses em mulheres na pós-menopausa que têm câncer de mama HR+/HER2- avançado. Com o resultado, a sobrevida global subiu para mais de cinco anos, ou seja, as pacientes vivem pelo menos cinco anos após o diagnóstico — é a sobrevida mais longa já relatada no câncer de mama avançado HR+/HER2.

“Quando o tratamento oferece uma longa sobrevida global, os pacientes têm mais tempo para estar com a família e os entes queridos. Estes dados oferecem uma nova esperança para as pessoas com câncer de mama avançado ou metastático, que continua sendo a principal causa de morte por câncer em mulheres no mundo inteiro", aponta Shirley A. Mertz, Presidente da Rede de câncer de mama metastático (MBCN).

A análise mostra também que a associação do Kisqali com o inibidor letrozol é vantajosa quando comparada ao uso de letrozol e placebo. Depois de cinco anos tratadas com Kisqali e letrozol, as pacientes tiveram mais de 50% de chance de sobrevida. E, em comparação com aquelas que tomavam apenas letrozol, a necessidade de quimioterapia foi adiada em 12 meses. Os dados foram uma das novidades apresentadas no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), em setembro deste ano.

Como participar

Qualquer cidadão brasileiro pode participar de uma consulta pública. Basta acessar o site da Conitec (www.conitec.gov.br), para verificar quais as que estão abertas abertas — elas ficam disponíveis para contribuição da sociedade por 20 dias —, localizar a seu interesse (no caso dos tratamentos para câncer de mama avançado, é a de número 77) e verificar a recomendação inicial da Conitec para saber se você concorda ou discorda dela. Em seguida, é só preencher os dados pessoais solicitados para pessoas físicas e enviar o formulário.

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