Neurônios em dia

Remédio contra ansiedade e depressão pode estar na natureza

Estudo mostra que pacientes com ansiedade e depressão colhem os frutos da imersão na natureza somente se o fazem de forma voluntária

Dr. Ricardo Teixeira*
postado em 15/10/2021 19:17
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)

Temos inúmeras evidências do quanto a natureza é benéfica para o cérebro e nosso equilíbrio psíquico. Indivíduos que passeiam por áreas arborizadas têm menor produção de cortisol, o hormônio do estresse, do que aqueles que fazem o mesmo numa rua comercial agitada. Uma pesquisa recente aponta que esse benefício já acontece com 20 minutos de uma vivência em ambiente arborizado, independentemente de atividade física.

Alguns países como Finlândia, Inglaterra, Japão e Coreia do Sul já entenderam bem o recado e têm programas de “banhos de floresta” como forma de promoção da saúde. São muitos os benefícios já demonstrados com essas “pílulas de natureza”. Além da promoção do equilíbrio psíquico, temos ganhos na atenção, memória, linguagem e até na capacidade criativa. Também temos menores índices de doença cardiovascular, obesidade, diabetes, hospitalização por crises de asma e, finalmente, menor mortalidade.

A conclusão lógica é que isso deve fazer parte da prescrição médica, mas um estudo publicado pela prestigiada revista Scientific Reports mostra que pacientes com ansiedade e depressão colhem os frutos dessa imersão na natureza somente se o fazem de forma voluntária. A prescrição médica de contato com o verde até provocava piora dos sintomas de ansiedade.

Esse estudo envolveu mais de 18 mil voluntários de 18 diferentes países. Os pesquisadores ficaram surpresos ao identificar que os pacientes com depressão tinham tanto contato com a natureza que aqueles sem um diagnóstico psiquiátrico, e que os pacientes com transtornos de ansiedade tinham até mais contato.

O estudo joga luz na sensibilidade que profissionais de saúde e pessoas próximas de pacientes com ansiedade ou depressão devem ter ao convencê-los em adotar um hábito saudável. Conseguir ser encorajador estimulando a motivação intrínseca de cada um é uma arte.

E para não ficar nenhuma dúvida de que o médico deve estimular essa motivação intrínseca, uma metanálise, envolvendo 50 pesquisas, acaba de ser publicada, mostrando que aqueles que sofrem de transtornos de ansiedade e humor podem se beneficiar muito de atividades ao ar livre, especialmente atividade física e jardinagem.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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