Saúde

Por que é importante manter a taxa de colesterol sob controle

Níveis alterados de colesterol e triglicérides estão intimamente ligados a doenças cardiovasculares, principal causa de morte no mundo. Falta de informação e de continuidade no tratamento são desafios

Giovanna Fischborn
postado em 05/12/2021 08:00
 (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
(crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)

Muito se fala sobre colesterol no dia a dia, principalmente a partir de certa idade ou porque o de alguém que conhecemos está elevado. Mas a relativa popularidade da taxa pode não ser o suficiente para fazer as pessoas se cuidarem. Uma pesquisa realizada pela farmacêutica Novartis, em parceria com a Minds4Health, indica baixa adesão ao tratamento entre quem tem colesterol alto. O estudo mostrou que menos da metade das pessoas diagnosticadas e que deveriam tomar remédio — que geralmente é a estatina — seguem o tratamento para controle do problema.

A diretora médica da área cardiovascular da Novartis Brasil, Fabiana Roveda, alerta: "O colesterol alto não dói. Por não terem sintomas no dia a dia, mesmo as pessoas informadas acabam negligenciando os cuidados". Isso até o problema aparecer de surpresa na forma de infarto ou acidente vascular cerebral. Esse cenário levanta, também, discussões sobre acesso à informação e orientação médica adequada. O nome colesterol aparece nos resultados do exame de sangue, mas o que representa, de fato? E quais as implicações?

O colesterol é uma gordura produzida pelo fígado, dividida em dois tipos: LDL e HDL. O LDL, considerado o mau colesterol, em excesso pode acumular placas de gordura nas artérias, doença que se chama aterosclerose e que impede a passagem do sangue. 

Não dá para esperar a dor. É preciso monitorar como anda essa taxa. Para tal, basta realizar um exame de sangue de rotina. Érika Fernanda, endocrinologista do Hospital Santa Lúcia Norte e Gama, explica que taxas acima do limite no sangue são sinais de que algo precisa ser feito. "O excesso de açúcar no sangue caracteriza o diabetes. O LDL , quando em excesso, pode obstruir o fluxo de sangue. O triglicerídeo pode se depositar no fígado e causar a conhecida esteatose hepática (gordura no fígado)", diz. A associação de algumas dessas taxas e o quão altos estão os valores são fatores levados em consideração para a interpretação do médico e cálculo do risco cardiovascular.

Colesterol

Gordura produzida pelo fígado, dividida em dois tipos:

LDL ("colesterol ruim"): carrega partículas de colesterol para as artérias; é importante para a produção de hormônios e não faz mal se estiver dentro do valor limite.
HDL ("colesterol bom"): tem ação contrária a do LDL; remove o colesterol das artérias.
O restante (que representa 15% do colesterol sanguíneo) é obtido pela ingestão de alimentos de origem animal, como carnes, leite e derivados.

Atenção: estar com elevadas taxas de colesterol LDL, conhecido como o colesterol ruim, nem sempre significa que se está doente. Outros fatores de risco devem ser levados em consideração, como os níveis de colesterol HDL (bom) e triglicerídeos.

Triglicerídeos ou triglicérides

São as principais gorduras do nosso corpo. Estão em vários alimentos, principalmente carboidratos.

Pesquisa

41% receberam diagnóstico de colesterol alto e permaneceram usando medicamento para controlar a condição

77% do total dos entrevistados sabem que o colesterol alto é um fator de risco para doenças cardiovasculares

78% declararam conhecer alguém que faleceu em decorrência da doença

24% disseram não ter recebido orientação alguma sobre o assunto

Aproximadamente 400 mil pessoas morrem de doenças cardiovasculares por ano só no Brasil

Fonte: Novartis em parceria com a Minds4Health

Prevenção

Prevenção primária: precede um evento. Alimentação balanceada, atividade física regular e uso de medicação, quando indicada.
Prevenção secundária: quando é preciso evitar um segundo evento.
Outros fatores de risco para doenças cardiovasculares

Idade avançada

Tabagismo
Hipertensão, principalmente, não controlada
Diabetes
Doença renal
Outras doenças cardíacas

Palavra do especialista

Por que tantas pessoas desconhecem o colesterol e demais taxas do organismo? Quais práticas podem ajudar a informar melhor a população?

O Brasil ainda convive com grandes desafios para lidar com as doenças cardiovasculares (DCVs), cujo principal fator de risco é o colesterol LDL alto e que são a principal causa de mortalidade no país desde a década de 1960. Porém, por se tratar de uma doença silenciosa, em muitos casos, o diagnóstico ocorre em uma emergência, como após um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Apesar disso, o último documento publicado pelo Ministério da Saúde com um olhar específico para o risco global das DCVs é de 2006, ou seja, falta informação atualizada para a classe médica, para os pacientes e para o sistema de saúde como um todo. A conscientização sobre a urgência do avanço das doenças cardiovasculares e a importância do controle dos fatores de risco associados é primordial. O método mais eficaz para conter essa pandemia permanente de DCVs é a prevenção dentro sistema de saúde.

Essa incompreensão acontece somente no Brasil?

Não, porém há um fator socioeconômico em comum nos locais onde isso acontece. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), pelo menos três quartos das mortes no mundo por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda. Isso porque, nesses lugares, as pessoas não têm o benefício dos programas integrados de atenção primária para a detecção e o tratamento precoce dos fatores de risco. Por isso, os que sofrem com doenças cardiovasculares e outras doenças não transmissíveis nesses locais têm menos acesso a serviços de saúde eficazes e equitativos que respondam às suas necessidades. Como consequência, muitas pessoas são diagnosticadas tardiamente e morrem prematuramente em sua idade mais produtiva. Em nível macroeconômico, as doenças cardiovasculares chegam a criar uma carga pesada sobre as economias dos países de baixa e média renda, o que ocorre no Brasil.

Como o tratamento adequado preserva a saúde das pessoas e evita mais mortes?

A fim de evitar o aumento de ateromas nos vasos (estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura em suas paredes), indivíduos com níveis elevados de LDL e expostos a fatores de risco de aterosclerose, em geral, são candidatos a tomar estatina, o remédio para controle do colesterol. Diante de quadros mais graves, com queixas de dor no peito e alterações consideráveis no eletrocardiograma, a recomendação é a angioplastia ou o cateterismo. O procedimento investiga a presença de coágulos e, muitas vezes, já desobstrui os vasos. Se for necessário, é feita a colocação de um stent (pequeno tubo colocado dentro de uma artéria) para facilitar a circulação sanguínea. Bloqueios mais severos por trás de infarto só se resolvem com cirurgias de revascularizações, chamadas corriqueiramente de pontes de safena. Atualmente, há tratamentos disponíveis para tratar a doença cardiovascular aterosclerótica quando as estatinas não estão conseguindo, por si só, realizar o controle dos níveis de colesterol no organismo.

Fabiana Roveda é diretora médica da área cardiovascular da Novartis Brasil

 

 

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