Saúde

Melatonina, 'hormônio do sono', liberada no Brasil: veja prós e contras do suplemento

Usada para tratar distúrbios do sono, a melatonina, que já era popular em países como os Estados Unidos, foi liberada no Brasil. Mas ela não ajuda todo mundo nem funciona no curto prazo. Entenda funções

São considerados circadianos os animais que têm a vida guiada pelo claro e escuro do dia. Nós, seres humanos, nos encaixamos nessa definição. No que diz respeito ao horário do sono, que é um dos fatores desse ciclo, fomos feitos para "funcionar" na claridade e dormir durante a noite, sem estímulo de luz. É incrível pensar que todos os nossos órgãos entendem esse ritmo de 24 horas, não é? E é a melatonina, hormônio produzido no cérebro, que auxilia nesse relógio biológico.

A novidade é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a comercialização da melatonina como suplemento alimentar no Brasil. Nos Estados Unidos, a substância é popularmente usada para ajudar pessoas com insônia ou que não têm um sono de qualidade.

E por que, no Brasil, havia sido mantida uma postura mais restritiva até agora? A médica endocrinologista Claudia Chang justifica: "Nos anos 1980, foi feito um marketing excessivo sobre a melatonina, vendendo-a até como antienvelhecimento e funções que iam muito além do real papel que tem, e foi preciso frear isso". Daí, a importância de entender as recomendações e os riscos do produto.

A médica nutróloga Marcella Garcez afirma que a melatonina é essencial no equilíbrio do mecanismo sono-vigília, além de ter atividade anti-inflamatória e antioxidante no organismo. Ainda assim, segundo Marcella, jamais deve ser consumida sem avaliação, prescrição e acompanhamento médico. Entre as contraindicações, estão o uso concomitante da substância com medicamentos sedativos (como Clonazepam e Zolpidem), drogas anticoagulantes e/ou anticoncepcionais. Também é contraindicada para grávidas, pessoas que estão amamentando, além de bebês e crianças.

E, em caso de recomendação, é bom lembrar que a melatonina, por si só, não faz milagre. Ela precisa ser tomada quando já se está na cama e com luzes e aparelhos eletrônicos desligados — esse é um ponto importante, porque a luz azul, de celulares, retarda a produção de melatonina, caracterizando o que as especialistas chamam de jet lag social, quando se troca o dia pela noite.