Crônica

Uma mulher à frente do seu tempo

Maria Paula
postado em 01/05/2022 00:01
 (crédito: Maurenilson Freire)
(crédito: Maurenilson Freire)

Tomou posse no IGH-DF (Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal), na última quinta-feira, uma mulher que sempre esteve à frente do seu tempo. Natanry Osório, veio de Goiânia para Brasília em 1959, ao se casar com o advogado gaúcho Antônio Carlos Osório e, desde então, vem se dedicando à capital federal e a seu povo com firme determinação.

Meus caminhos têm cruzado os dela desde a minha infância. Certamente, ela nunca tinha ouvido falar de mim, mas eu já admirava esta figura exuberante e bem intencionada que sempre ofereceu seu tempo, sua inteligência e sua energia inspiradora à sociedade brasiliense. Natanry e eu temos tantas afinidades e, além do enorme amor pela cidade, temos inúmeras causas em comum. Durante a pandemia, incentivou o projeto "bosques da memória, plantando 200 mil árvores em homenagem às vitimas de covid-19, projeto irmão à "cápsula do tempo", que fizemos em São Paulo, também em homenagem às vitimas e aos profissionais de saúde, num gesto de solidariedade universal.

Suas palavras expressam um sentimento profundo e uma garra extraordinária: "Nos meus 83 anos, eu me sinto uma jovem, que mantém acesa a chama de pioneira que desde 1959 a Brasília se dedica com paixão, como ativista do meio ambiente, pela preservação de mananciais, córregos e ribeirões que deságuam no Lago Artificial do Paranoá".

O fato de esta mulher ter sido admitida no time do IGH-DF revela algo importante: os postos chave na preservação desta cidade, que é patrimônio da humanidade, merecem ser ocupados por pessoas como Natanry, afinal ela respira a história de Brasília desde antes de sua inauguração.

Na ocasião de sua posse, emocionou a todos com palavras carregadas de significado: "A sessão solene de minha posse na cadeira 47, que foi ocupada pelo advogado e poeta Acosorio, e cujo patrono é José Ludovico de Almeida, que, em 1955, como governador do estado de Goiás, assumiu o desafio, com os argumentos de que a desapropriação do quadrilátero em terras goianas era vital para transferir a capital do Brasil. Face à indecisão do presidente Café Filho, e Juca, assina, na noite de domingo, 1º de maio de 1955, o decreto histórico, considerando de utilidade pública as terras do futuro Distrito Federal, situadas no Planalto Central Goiano, e dentro do perímetro fixado pela Comissão de Localização da Capital Federal. Em 24 horas, a Assembleia Legislativa de Goiás aprova o Decreto. Dr. Ernesto Silva diz que '...a indecisão do presidente Café Filho transferiu a glória ao determinado governador José Ludovico de Almeida'".

Neste ano de 2022, comemoramos nossos 200 anos de independência, celebrando a conquista do Brasil profundo, que só foi possível a partir da transferência da capital para o Planalto Central.

Agora, uma fase de muito trabalho esta diante desta mulher que tem nas mãos a missão de conservar a magia criada por Niemeyer nesta terra vermelha coberta de obras de arte de estatura monumental.

Que a sociedade brasiliense possa apoiá-la nesta tarefa.

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