Neurônios em dia

Você conseguiria ficar uma semana longe das redes sociais?

Estudo mostra que um recesso de uma semana das redes sociais é capaz de promover efeitos positivos no bem-estar psíquico e menores índices de ansiedade e sintomas depressivos

Temos várias evidências de que o uso exagerado das redes sociais, especialmente entre os adolescentes, está associado a sintomas depressivos e de ansiedade. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Bath, na Inglaterra, e publicada esta semana no periódico Cyberpsychology, Behaviour and Social Networking, mostrou que um recesso de uma semana às redes sociais (Tik Tok, Twitter, Facebook e Instagram) é capaz de promover efeitos positivos no bem-estar psíquico e menores índices de ansiedade e sintomas depressivos.

Os participantes e o grupo controle tinham idades entre 18 e 72 anos e usavam as redes sociais oito horas semanais, em média. Outros estudos já haviam demonstrado efeitos positivos de pausas no uso das redes sociais, mas a presente pesquisa foi mais abrangente, incluindo quatro diferentes plataformas.
Nosso comportamento nas redes sociais é semelhante ao de ratinhos

Já foi demonstrado que o padrão de uso das redes sociais se assemelha muito a experimentos com ratinhos. Quanto mais suporte é dado pelos outros, mais frequentes são as publicações. Após repetidas vezes que o ratinho aciona a alavanca e é premiado com o alimento, mais frequentemente ele repetirá a ação. Quanto mais likes, mais acionamos a alavanca. O estudo foi publicado pela prestigiada revista Nature Communications.

O uso de smartphone exercita o cérebro para recompensas rápidas

Você prefere ganhar R$ 100 hoje ou esperar uma semana para ganhar RS 120? Uma pesquisa indica que quanto mais usamos os smartphones, especialmente com jogos e aplicativos de redes sociais, maior a tendência em escolhermos a primeira alternativa: R$ 100 agora.

Já temos conhecimento da associação entre o uso excessivo de smartphones e comportamentos como abuso de álcool e outras drogas, assim como jogo compulsivo. O tempo de uso em aplicativos de compras, música e podcasts, e-mails não mostra associação com o comportamento de impulsividade pela recompensa.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília