Recentemente, acompanhei o campeonato mundial de tênis em Roland Garros, na França, e fiquei encantada com a elegância do espanhol Rafael Nadal. Além de ser um gigante na quadra, ele demonstrou ser um homem preparado para ocupar o topo do ranking mundial, também no que diz respeito ao comportamento de líder.
O planeta todo se refere a ele de modo superlativo: o maior jogador de todos os tempos, um cara absolutamente concentrado, o mais apaixonado pelo esporte, aquele que consegue encantar adultos, jovens e crianças, se superando a cada jogo... Enfim, uma unanimidade internacional.
Eu me junto ao coro, admitindo que ele realmente é "o cara", por ter duas medalhas de ouro olímpicas, por ter conquistado o título mundial em Roland Garros mais vezes que qualquer outro jogado em todos os tempos, enfim, por todos os motivos óbvios, mas quero deixar claro que o que me estimulou a escrever esta crônica foi a forma como ele se comportou fora da quadra.
Na memorável partida da semifinal, a decência do rapaz de 36 anos superou a genialidade do jogador. No momento em que Zverev, seu adversário, sofreu a queda drástica que o lesionou gravemente e o tirou do campeonato, Nadal, imediatamente, correu para ajudar e, enquanto o oponente saía de cena de muletas, Nadal, gentilmente, guardou a raquete, arrumou a bolsa dele e acompanhou seu socorro.
A gentileza de Nadal ficou ainda mais evidente por se tratar de um adversário notadamente esquentadinho. Eu já havia reparado que Zverev tinha dificuldade em controlar sua própria ira, já o vi quebrar raquete na frente do juiz, gritar impropérios e agir de modo inapropriado diversas vezes. Claro que eu fiquei triste ao perceber a dor dele ao machucar o tornozelo numa semifinal de tanto peso como a de Paris e, sinceramente, fiquei chocada com a falta de preparo do time de primeiros socorros, que aliás, não mostrou a que veio. Ou melhor, nem veio!
Nenhuma maca para preservar tendões e ligamentos rompidos. Como pode, um campeonato daquele porte, em que milhões de dólares em patrocínios, broadcast, etc. circulam, e ninguém para socorrer o atleta ferido?
De qualquer modo, o que mais uma vez ficou claro foi a nobreza do caráter de Nadal. E, para conquistar ainda mais o coração dos fãs, Nadal chorou de emoção no jogo da final. Assim que fez seu último ponto sobre Ruud, suas feições expressaram sua humanidade!
Meus sinceros aplausos para um campeão dessa natureza. Esse, sim, exerce uma influência positiva nas mentes dos nossos filhos e consolida a noção de que ser o melhor do mundo em quadra é bom, mas ser um homem honrado e equilibrado é ainda melhor.
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