Crônica

Mulheres à frente

Maria Paula
postado em 26/06/2022 00:01
 (crédito: kleber sales)
(crédito: kleber sales)

A famosa frase do pensador francês Victor Hugo, "não há nada mais poderoso que uma ideia cujo momento chegou", acaba de ganhar uma adaptação: não há nada mais vazio que uma ideia cujo prazo de validade expirou! É mais ou menos assim que nós, mulheres, estamos nos sentindo: o machismo já era.

Apesar de ainda termos um Congresso predominantemente masculino e de poucas mulheres terem seus lugares garantidos nas mesas de decisões jurídicas, financeiras e de negócios em geral; apesar dos números de violência contra mulheres ainda serem absolutamente ultrajantes, mostrando que nossos direitos estão longe de serem respeitados; apesar do fato de que, em caso de divórcio, a grande maioria das mulheres é lesada de modo descarado e revoltante; apesar de os filhos homens, geralmente, levam vantagem nos momentos cruciais em que a sucessão ocorre em famílias abastadas; apesar de, na maioria dos lares brasileiros, ser a mulher quem assume a tarefa essencial de criar os filhos, e uma lista interminável que dispensa comentários… Inclusive, pela ameaça de ficarem "malvistas" aquelas que ousarem tocar nesse assunto.

Estamos dispostas a trazer a força feminina para o tabuleiro do jogo e, com isso, um novo momento se anuncia: é chegada a hora do fim das regras injustas e desleais.

Talvez neste ano de 2022, em que estamos comemorando 200 anos de independência, o tema da emancipação feminina possa se somar ao reconhecimento de nossas fraquezas enquanto sociedade manchada pelo passado escravagista e pelo extermínio de inúmeras nações indígenas. Mesmo porque esse passado também ainda não foi totalmente substituído por práticas mais avançadas, a se ver pela cor da miséria daqui.

De todo modo, sinto o momento propício para que nossa nação consiga superar, inclusive, a colonização ideológica e, finalmente, se estabelecer enquanto pátria-mãe gentil, que protege seu povo. E sinto que esse momento está sendo gestado dentro de nós, mulheres.

Nossa vontade de colaborar vem de uma vocação natural ao cuidado. O plano é nos unirmos aos muitos homens que realmente se esforçam por sustentar a estrutura que nos torna um país extraordinário e, juntos, implementarmos a transformação inevitável.

Pois vamos combinar que não há mais condições para que as velhas formas de opressão se mantenham.

É mudar ou mudar… E que venham rápido as novas regras de um jogo que valha a pena ser jogado.

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