"Coragem é o substantivo perfeito para dar nome ao que é ser artista aqui no país. É isso que o Lucas representa." Esse é o cartão de visitas de Igor Fernandez, ator que vive o dançarino Lucas na novela Cara e coragem, exibida na faixa das 19h na Globo.
"A gente sabe bem o quanto ser artista no Brasil demanda coragem e uma força de vontade extra. Lucas é bailarino de uma companhia de dança, vive sempre apertado de grana e, mesmo assim, não desiste da profissão e dos sonhos. O garoto não demonstra um pingo de medo, ele corre atrás do que quer", completa Igor, em entrevista ao Correio.
A especialidade de Lucas é a dança vertical, modalidade na qual os dançarinos se apresentam em prédios ou paredes suspensos por uma aparelhagem, como se estivessem num rapel, em que não escala, mas faz movimentos de dança. O resultado vem colorindo Cara e coragem e dando um visual diferenciado à trama das 19h. Para encarar as alturas, Igor conta que fez um curso de quase dois meses e que ainda tem acompanhamento.
Se hoje em dia a dança vertical é uma paixão de Igor, nem sempre foi assim. Quando ele foi escalado para o papel, no auge da pandemia, o rapaz procurou se antecipar ao "laboratório" e acabou confundindo a dança com a técnica de tecido acrobático. "Quando chegaram as preparações oficiais em janeiro deste ano, a coisa era completamente diferente", diverte-se.
Na segunda novela da carreira, Igor chamou a atenção logo na estreia, como Luan em Bom sucesso. Embora os dois personagens sejam bons moços e ligados à arte (Luan fazia slam), Igor se apressa em diferenciá-los: "Lucas é muito mais maluco, tem a comicidade."
Igor também destaca outro lado importante de Lucas, mas bem mais sério: o da representatividade. A novela de Claudia Souto traz dois protagonistas negros vividos por Paulo Lessa e Taís Araújo, além de ter personagens negros bem sucedidos e com conflitos próprios. Segundo Igor, o folhetim "finalmente tira os negros de uma posição submissa e inferior. A representação de negros bem sucedidos dentro de uma novela brasileira, que influencia muito a cultura do país, é um pequeno passo para devolver o espaço que foi arrancado dessas pessoas e eliminar aos poucos o racismo estrutural que está na cabeça de toda a população, mesmo que a gente sequer perceba."
"A força do trabalho dos negros foi decisiva para a formação da elite branca brasileira. Então, nada mais justo (e bem tardio) que devolver esse protagonismo a quem realmente arregaçou as mangas e realizou o trabalho para erguer esse país. Pode parecer um absurdo completo, mas o fator racial ainda determina a posição social e econômica dentro da sociedade brasileira", reflete.
» Leia mais da entrevista com Igor Fernandez em https://blogs.correiobraziliense.com.br/proximocapitulo/
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