Neurônios em dia

Necessidade de caos: algumas pessoas querem ver o mundo acabar

Uma série de estudos tem apontado que fazem parte desse cenário indivíduos que querem a destruição dos modelos institucionais vigentes

Dr. Ricardo Teixeira*
postado em 11/10/2022 14:59 / atualizado em 11/10/2022 15:13
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

A ciência política tem apontado uma crescente polarização entre partidos, a emergência de líderes e movimentos populistas, circulação de falsas informações e um aumento expressivo de violência política. Esse fenômeno está associado a uma fragilização do sistema tradicional de ativismo político das democracias ocidentais.

Uma série de estudos tem apontado que fazem parte desse cenário indivíduos que querem a destruição dos modelos institucionais vigentes, e esse ativismo disruptivo, chamado de Necessidade de Caos, é mais frequente entre indivíduos socialmente marginalizados e em sociedades com maior desigualdade econômica.

É mais comum entre homens e em indivíduos com renda média do que os de baixa renda. A Necessidade de Caos também é associada à psicopatia e a personalidades com forte componente de narcisismo e maquiavelismo. Pesquisas têm sugerido que essas pessoas têm um intenso desejo de subir subitamente na escala de reconhecimento social, e a promoção do caos é uma estratégia para alcançar essa obsessão.

Uma pesquisa recente demonstrou essa tendência em 20% dos voluntários em quatro diferentes países de língua anglo-saxônica: Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra. Uma escala para avaliação do sentimento de Necessidade de Caos foi aplicada a mais de 12 mil adultos e incluía itens como “Quando penso em nossas instituições sociais e políticas, penso que elas deveriam ser destruídas” ou “Eu fantasio um desastre que acabe com quase toda a humanidade para um pequeno grupo de sobreviventes começar tudo de novo”.

O estudo apontou que a Necessidade de Caos com alta pontuação na escala descrita anteriormente foi mais frequente entre os voluntários que tinham perfil político de extrema direita e com característica mais niilista, sem uma visão de reconstrução.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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