Encontro com o chef

Unidas pelo veganismo: jovens transformam cafeteria na "casa" de todos

Uma extensão do lar de suas criadoras, o Casinha Vegan Café acolhe também todos que quiserem comer bem e sem crueldade animal

Sibele Negromonte
postado em 29/01/2023 00:01 / atualizado em 30/01/2023 16:55
 (crédito: Sibele Negromonte)
(crédito: Sibele Negromonte)

Lívia Aquino e Luana Freitas tiverem trajetórias bem diferentes no caminho até o veganismo, mas, depois de um encontro inusitado, durante a pandemia, perceberam que tinham mais coisas em comum nessa jornada do que imaginavam e acabaram sócias da Casinha Vegan Café, uma charmosa cafeteria vegana na Asa Norte.

Nascida em Brasília, Lívia formou-se em museologia pela Universidade de Brasília (UnB) e foi morar em São Paulo, em 2016. Por lá, a jovem, que se considerava "fresca para a comida", precisou se virar na cozinha. Mas, admite, alimentava-se mal. Comia sempre as mesmas coisas e não estava aberta a novos sabores. Apesar disso, nem cogitava abandonar a proteína animal do cardápio.

Apaixonada por cães e gatos, Lívia foi trabalhar em uma creche para pets que tinha um café. Teve, então, a ideia de montar um negócio parecido em Brasília. Dentro desse propósito de empreender, fez curso no Senac e voltou para a terra natal, um ano depois, decidida a abrir o negócio.

Nessa mesma época, Lívia tinha decidido deixar de comer carne. Virou vegetariana, mas ainda tomava leite, que foi, posteriormente retirado da dieta por questão de saúde. O mundo dos alimentos, especialmente os saudáveis, se abriu para a brasiliense, que, de "fresca", passou a comer de tudo. "Eu sempre gostei de cozinhar, mas preparava mais doces. Para substituir a carne, passei a fazer mil experimentos e o mundo se abriu para mim", conta. Quando percebeu, tinha se tornado vegana.

Lívia passou, então, a estudar mais a fundo sobre o mundo do veganismo. Lia, fazia experimentos e, em uma viagem a Nova York, conheceu vários restaurantes. Resolveu, então, mudar os planos. A sonhada creche — com café — para animais se transformaria, assim, em um café vegano. A Casinha abriu as portas em novembro de 2018, na 411 Norte.

A própria Lívia foi para a cozinha montar e preparar o cardápio e, aos poucos, foi deixando o espaço do jeitinho que queria: uma agradável "casa", com sofás, local para trabalhar e onde todos são bem-vindos. O público vegano encontrou um lugar com preços justos e boa comida, e o não vegano tinha a chance de abrir a mente para outros tipos de alimentos. Tudo ia bem, até que veio a pandemia, e a empresária passou a enfrentar os desafios impostos pela crise sanitária, a solução foi fechar as portas e investir no delivery. 

Encontro de almas

Foi justamente durante a pandemia que Luana Freitas foi obrigada a se reinventar. Sócia da loja colaborativa Endossa, durante o lockdown também fechou as portas e se viu praticamente sem renda. Decidiu, então, fazer quitutes veganos para vender. Ela, assim como Lívia, tinha se tornado vegana não havia muito tempo, em 2017.

Luana também nunca tinha pensado em largar a proteína animal da dieta, até que começou a perceber que estava se sentindo pesada, com mal estar, sempre que comia carne. O fato de ter ido morar sozinha e de que não sabia fritar sequer um bife acelerou a decisão. "Até então, eu me virava preparando umas gororobas. Não tinha gosto pela comida e comia sempre as mesmas coisas", lembra.

Primeiro, Luana cortou as carnes. "Eu tinha muitos problemas de saúde: intestino ruim, alergias, sinusite, rinite, colesterol alto... Com um mês vegetariana, tinha sumido tudo", atesta. Tornar-se vegana foi o próximo passo. A brasiliense foi, então, estudar sobre o assunto, correr atrás de receitas e fazer experimentos. Quando veio a pandemia, já estava nesse universo há um tempo, dominava receitas e técnicas. Com o espírito empreendedor que sempre a acompanhou, veio a ideia de comercializar os seus produtos.

Um dia, Lívia recorreu aos quitutes de Luana: queria experimentar o requeijão vegano que ela estava comercializando. Luana, que já era freguesa da Casinha, disse que trocaria o requeijão por um dos deliciosos waffles que Lívia preparava no café. Acordo fechado, quando as duas foram trocar os quitutes, a dona da cafeteria logo reconheceu a nova "quituteira" como uma antiga cliente. Ficaram amigas de cara. "Passamos a tarde inteira conversando sobre veganismo, o café e, no final, decidimos nos tornar sócias", recordam-se.

Os anos à frente da Endossa balizaram Luana a levar para a Casinha a experiência administrativa que Lívia precisava para tocar o negócio. "Eu estava exausta. Com o lockdown, eu fazia tudo: cozinhava, pegava os pedidos e fazia as entregas."

Foi o gás que Lívia precisava, mas não houve trégua no trabalho. Como as contas estavam pesadas e elas precisavam de dinheiro, começaram a fazer de tudo quando acabou o lockdown. Preparavam brunch, almoço, festas, aniversários. "Trabalhávamos das 9h às 23h todos os dias. E o pior é que estávamos batendo cabeça, pois estava tudo desorganizado. Estávamos esgotadas e resolvemos parar tudo."

Em fevereiro de 2022, as sócias fecharam a Casinha e começaram a replanejar o negócio. Criaram novas receitas, fizeram um planejamento financeiro e administrativo, contrataram uma consultoria profissional e, quando sentiram que estavam preparadas, reabriram as portas em julho de 2022, com novo horário e novo cardápio. "Nossos clientes são incríveis, tornaram-se amigos. Foi muito emocionante recomeçar", frisa Lívia.

No cardápio, os carros-chefes são os pãezinhos de beijo (queijo vegano), o hambúrguer e os bolinhos feitos com feijão fradinho, sem falar dos famosos waffles em diversos sabores: banoffe, churros, frutas vermelhas, chocolate e goiabada. O tiramissu e a panna cotta também são um sucesso. Nada leva proteína animal. Nos fins de semana há deliciosos brunchs e sempre há atividades culturais, como o cinema ao ar livre, em que os filmes são projetados no prédio vizinho.

Assim, a Casinha se tornou a extensão do próprio lar de Lívia e Luana e de tantos outros que por lá chegam e são acolhidos!

Cupcake Festivo do Casinha

Encontro com o chef - Cupcake Festivo do Casinha Café
Encontro com o chef - Cupcake Festivo do Casinha Café (foto: Casinha/Divulgação)

Ingredientes
200g de açúcar
240g de farinha
Uma colher de chá de fermento
Uma pitada de sal (cerca de meia colher de chá)
180ml de água
Uma colher de sopa e meia de vinagre
100ml de óleo
Meia colher de chá de essência de baunilha
Granulado colorido a gosto

Modo de preparar
1. Pré-aqueça seu forno a 180º.
2. Misture os ingredientes secos em uma tigela e os líquidos em outra (para um resultado ainda melhor, peneire a farinha e o açúcar).
3. Junte ambas as misturas, mexendo só o suficiente para a massa ficar homogênea.
4. Incorpore o granulado na massa e despeje a massa na forminha de papel ou de silicone.
Importante:Adicione o granulado apenas quando estiver tudo pronto para ir ao forno. Quando parado por um tempo, o granulado pode começar a soltar sua cor na massa.
5. Leve ao forno pré-aquecido, por cerca de 18 a 20 minutos ou até espetar um palito e este sair limpo.
6. Decore como quiser!

Instagram: @casinhacafe

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