O Brasil abriga uma abundante produção literária, com escritores ilustres em diversos gêneros. Essa riqueza cultural vem chamando a atenção internacional, despertando um crescente interesse pela leitura de nossas obras. Um exemplo recente é o da influenciadora americana Courtney Henning Novak, que viralizou nas redes sociais ao relatar sua experiência com o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
“Eu absolutamente amei ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis. Seriamente, este é provavelmente meu novo livro favorito. Eu vou definitivamente ler mais livros desse autor e mais literatura brasileira”, afirmou Courtney em um dos seus vídeos publicados no TikTok. Com entusiasmo contagiante, a influenciadora teceu elogios à obra e, em tom bem-humorado, lamentou que o livro tivesse apenas 300 páginas.
A importância da leitura das obras obrigatórias
Para os estudantes que se preparam para os principais vestibulares do país, a leitura das obras obrigatórias se torna um portal para um universo de conhecimento e desenvolvimento intelectual. No entanto, segundo informações do Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura Árvore, 66,3% dos alunos brasileiros de 15 a 16 anos afirmam que o livro mais extenso que já leram não ultrapassou 10 páginas.
Uma análise realizada exclusivamente para o estudo mostra ainda que os estudantes que alcançam os níveis mais altos de aprendizagem têm, em geral, melhores hábitos de leitura. Segundo o professor de literatura do Aprova Total, Guilherme Suman, por meio desses livros, cuidadosamente selecionados pelas instituições de ensino, os candidatos não apenas aprimoram o conhecimento literário, mas também constroem uma visão crítica da sociedade, da história e da própria condição humana.
“A literatura e a escrita têm um papel fundamental na formação dos estudantes e, consequentemente, na avaliação do Enem. As obras obrigatórias e a análise de textos em geral servem como ferramentas para avaliar não apenas o conhecimento literário dos candidatos, mas também suas habilidades de interpretação, de expressão e de pensamento crítico”, afirma o professor.
Os escritores para os vestibulandos ficarem de olho
As maneiras como as obras literárias são abordadas nos vestibulares variam conforme o perfil da banca e a tradição da instituição. No Enem, por exemplo, não há uma lista de obras pré-indicadas. O conhecimento amplo sobre autores e contextos é frequentemente auxiliado por textos de apoio, que ajudam a indicar o foco da questão e orientam os candidatos a reconhecerem as habilidades e competências necessárias para chegar à resposta correta. Entre os autores que mais aparecem estão Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Lima Barreto e Clarice Lispector.
1. Machado de Assis
Machado de Assis, o maior expoente da literatura brasileira, já foi tema de provas recentes do Enem. Em uma dessas ocasiões, um texto do autor foi utilizado para discutir a ironia, um recurso de estilo característico de suas obras. “O conhecimento prévio das características de Machado de Assis auxilia os candidatos a identificar a sutileza irônica em seus escritos”, afirma o professor Guilherme Suman.
Outros vestibulares, entretanto, exigem uma leitura mais detalhada das obras, já que indicam listas obrigatórias. Nesse contexto, uma compreensão mais aprofundada é essencial. “O mesmo Machado de Assis, presença constante em provas da UFRGS, integra a lista obrigatória há décadas. Em uma dessas provas, foi exigido um olhar crítico sobre a leitura de ‘Dom Casmurro‘, considerando diferentes interpretações ao longo das décadas”, esclarece Suman.
2. Graciliano Ramos, Jorge Amado e Lima Barreto
As obras de outros autores, como Graciliano Ramos, Jorge Amado e Lima Barreto, são normalmente cobradas por seus aspectos sociais e suas interpretações do Brasil, explorando diferentes épocas e estilos literários, mesmo quando os autores são próximos em termos temporais ou de movimentos análogos.
3. Clarice Lispector
No caso de Clarice Lispector, e suas personagens como G.H. ou Macabéa, é habitual que as provas exijam uma reflexão sobre a subjetividade humana, explorando como essa temática emerge com profundidade nas obras da autora naturalizada brasileira. A análise geralmente envolve seu estilo singular e sua escrita potente, metafórica e intimista.
Segundo o professor, obras como “Iracema”, de José de Alencar, “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, “Macunaíma”, de Mário de Andrade, e “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, também devem estar no radar dos estudantes.
Por Ana Coelho
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