Nascemos, todos da mesma forma, normalmente em uma família e que mantém hábitos, rotinas, termos, manias, que com o passar dos anos, vamos incorporando em nosso “modus vivendi” e quando percebemos já estamos de certa forma aculturados, vivendo e de preferência, sendo felizes!
No entanto, quando nos inserimos no meio social em comunidades, vamos percebendo, que existem hábitos, termos, rotinas e ritmos, que são diferentes dos nossos e muitas vezes isso nos causa certa estranheza, afinal, “por que as pessoas não agem como nós?”
As fichas caem e percebemos que vivemos em ambientes onde as “culturas”, os núcleos culturais vão se encontrando e vamos entendendo que nem tudo é do nosso jeito, nem todos pensam e agem como nós e que sociedade é isso, um ambiente diverso, rico e que nos oferece práticas interessantes e muito aprendizado, se estivermos dispostos a enriquecer nosso cérebro.
Ainda assim, para chegar aonde quero nesta reflexão de hoje, recorri mais uma vez aos dicionários e vi que nem por ali a “cultura” como significado também não é apresentada como uma unanimidade na interpretação dos pensadores.
Afinal, o que é cultura?
Há quem diga, que “Cultura é um termo com sentido amplo, que pode indicar tanto a produção artística, quanto o modo de vida, o conjunto de saberes, a religião e outras expressões de um povo”.
Já nos dicionários mais tradicionais, a definição correta de cultura aparece da seguinte forma: “Cultura representa o conjunto de saberes, tradições, técnicas, hábitos, comportamentos, costumes e modos de fazer de um determinado grupo. Considerada um patrimônio cultural transmitido entre gerações, temos como exemplos as lendas folclóricas, as feiras populares, os rituais, as danças a culinária, etc.” (FERREIRA, 1986, p.)
Esta segunda definição citada como a correta, se aproxima mais do meu ponto de vista em relação à esta temática.
De qualquer forma, não podemos desconsiderar todo o conjunto de estruturas sociais, as manifestações artísticas, os comentários dos pensadores, intelectuais, dentre outras situações, que vão dando formas aos grupos sociais gerando pontos de vista diferenciados para determinadas questões no âmbito cultural.
Cultura em franca transformação
De fato, nem sempre teremos a convergência com pensamentos alinhados como gostaríamos para as questões culturais, especialmente no viés das práticas artísticas, pelo contrário, na atualidade os desencontros são tantos, que temos visto é cada vez mais conflitos nascendo por conta de tantas diferenças em torno de temas comuns.
Aí é que começo com minha divagação sobre tudo isso. A cultura, em sua forma mais ampla, está em franca e ampla transformação, ora para melhor, mas na maioria das vezes, “ora para pior”!
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Não que o que se produziu até aqui em todos os níveis de manifestações seja ou tenha se perdido ou desvalorizado, mas a verdade é que quanto mais o mundo evolui sistemática e tecnologicamente, mesmo com tanta informação e acesso a um tudo, na palma de nossas mãos, o que vemos e percebemos, é um mundo mais emburrecido, mais preguiçoso e com valores culturais muito esquisitos em suas práticas e até em sua estética.
Quem sou eu para ousar ditar o que é certo e o que é errado, mas como um simples mortal que sou, posso garantir, que para quem teve que cavar acessos, desbravar barreiras, correr atrás, estudar e dedicar muito tempo para o aprendizado e dispor, além do tempo, de recursos para uma construção solidária, participativa e democrática da sociedade onde me vejo inserido, fica muito doído tentar acreditar, que culturalmente o mundo tem evoluído.
Este sentimento não tem me pertencido, infelizmente!
Claro, que não podemos generalizar e não somos cegos aos esforços e investimentos que têm sido oferecidos, seja nos âmbitos governamentais ou privados em proporções cada vez maiores e com mecanismos dos mais facilitados para que todos, literalmente todos tenham acesso, voz e vez para a produção cultural. Louvamos dia e noite essa enxurrada de recursos que tem aparecido.
“Deixa a vida me levar”
O que me deixa incomodado com a humanidade é o fato de que humildemente, me vejo cansado para tentar contribuir com qualquer iniciativa que promova a salvaguarda do que já tivemos e usufruímos um dia, culturalmente e intelectualmente falando. Fico pensando quantos mais como eu já se cansaram de tentar!
O jeito é relaxar e conviver com os novos formatos culturais, absorver dancinhas, memes, instalações estranhas ocupando espaços de exposições de arte, ouvir uma verdadeira derrocada da produção musical e um desinteresse enorme sobre o que realmente pode nos alimentar intelectualmente.
Mas, manifesto aqui este sentimento, com o mais profundo respeito às escolhas que o mundo atual tem feito e “tudo bem”, como dizem por aí!
De minha parte, sigo cada vez mais me sentindo um garimpeiro, tentando aqui e acolá, descobrir alguma pérola, alguma joia, que me apeteça e que represente o meu sentimento em relação à cultura, no sentido amplo das artes, neste emaranhado de novos formatos.
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No dia a dia, como qualquer ser humano, vou vivendo aqui e ali, descobrindo novas vivências e experiências sociais, que naturalmente alimentam meu espírito e me encorajam a seguir minha caminhada social até que tudo isso se acabe de vez!
Por outro lado, optei por viver tranquilamente e respeitando o desejo e as formas de viver e consumir, que cada um escolheu. Muito mais fácil assim!
Sabe Deus, quanto tempo mais vou permanecer por aqui curtindo esta vida e como o mundo dá muitas voltas, pra que ficar me martirizando ou sofrendo, querendo que as coisas mudem de acordo com os meus “quereres”!
“Deixa a vida me levar”, já dizia o poeta da atualidade! E assim vou vivendo e aproveitando de tudo e de todos que passam pela minha caminhada.
Boa sorte pra vocês também!
Até a próxima!
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