Quem conhece os bastidores do turismo sabe: há muita gente envolvida no processo de uma viagem. Até o turista chegar no destino desejado, uma movimentação enorme no setor precisou acontecer. Do poder público aos empreendedores locais, passando pelos diversos tipos de agenciamento, todos se fazem necessários para que esse deslocamento aconteça. Cada participante é fundamental no desenvolvimento do turismo.
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Entretanto, nem sempre essa máxima é respeitada. Muitos atuantes do turismo ingressam no setor sem ter conhecimento do sistema e da necessidade de segui-lo. Não é incomum encontrar empresas que prestam serviços que não possuem competência, essa prática, além de ser insegura, também prejudica o desenvolvimento do turismo. O fortalecimento da cadeia turística é uma estratégia fundamental para o sucesso e a sustentabilidade do setor.
Quando o turista compra um pacote em uma agência de viagens, ele está apenas buscando a realização do seu sonho e não lhe interessa saber como aquele pacote foi montado e os processos que antecederam a venda. Mas é dever da agência vender um roteiro que foi preparado seguindo o sistema organizacional e respeitando a hierarquia do agenciamento no turismo.
O processo de elaboração e venda de um roteiro perpassa por todos os tipos de agenciamentos turísticos. A operadora é a responsável pela produção do pacote, ela negocia com os fornecedores e não tem contato com o público final. Já a agência é a responsável pelo contato direto com o cliente, vendendo o pacote produzido pela operadora. Há também a agência receptiva, que é a responsável por receber o turista no destino e realizar os passeios locais, é no receptivo que se encontram os guias.
Em resumo, o pacote de viagem é construído pela operadora, através da ligação com parceiros fornecedores, vendido pela agência emissiva e acompanhado pela agência receptiva. Empresas que valorizam o papel de cada elo na rede de parceiros não apenas constroem um negócio sólido, mas também uma relação de confiança com os profissionais que estão na linha de frente do atendimento ao cliente.
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Muitas agências de viagem acham que estão levando vantagem ao fazer o papel de operadoras e vendendo pacotes montados por conta própria, entretanto, estão apenas contribuindo para desorganização do setor, diminuindo a seriedade do turismo e atrapalhando seu desenvolvimento sustentável. Além disso, quando a viagem é elaborada seguindo os trâmites necessários, ela é muito mais segura para o turista, pois há a garantia de que os locais visitados são confiáveis, além de existir um maior suporte caso aconteça algum imprevisto.
Um exemplo prático dessa filosofia é a Europamundo, fornecedora turística que atua junto às operadoras e que, segundo a consultora comercial Gerusa Pastuch, não concorre com os agentes de viagens. A empresa adota uma postura clara: “não vendemos para o público final, nem para as agências de viagem”, reforçando que os agentes precisam entrar em contato com os operadores parceiros para realizar as vendas.
Para a operadora, o agente de viagem não é apenas um canal de vendas, mas um parceiro indispensável que compreende o produto e oferece a segurança que o passageiro, especialmente o viajante de grupo, tanto busca. Essa abordagem não apenas fortalece a operadora, mas também a profissão do agente, que vê em parceiros como a Europamundo o apoio necessário em um ambiente de concorrência que, muitas vezes, é “desumana” em razão das vendas online diretas.
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Mas a cadeia do turismo não contempla apenas aqueles que estão envolvidos no processo de elaboração da viagem. Antes da chegada do turista, a localidade precisa se tornar um destino turístico e, para isso, é necessário uma outra leva de profissionais atuando para que a população local e os turistas consigam aproveitar, sem sobrecarregar a cidade e trazendo o devido retorno para os empreendimentos locais.
Esse processo envolve o poder público, a iniciativa privada — que contempla todos os empreendimentos que se relacionam com turismo, como hotéis, restaurantes, atrativos, entre outros — e a sociedade civil da localidade, que precisa estar de acordo com o turismo acontecendo na sua região. A gestão acontece por meio de empresas especializadas em consultoria turística, que ficam a cargo de dar suporte, instrução e apoio necessários para que a cidade encontre seu potencial para poder enfim se tornar um destino turístico.
Como é possível ver, o turismo é um setor gigante, em que todo mundo tem espaço se souber atuar no seu campo e em parceria com empreendimentos complementares. A comunicação entre profissionais de diferentes áreas — de operadoras a meios de hospedagem e transportes — ajuda a construir um setor mais alinhado, garantindo uma experiência de viagem completa para o turista e um desenvolvimento organizado para o destino e para todos os envolvidos. O turismo, como uma rede de serviços, prospera quando todos os elos funcionam em harmonia, visando um propósito comum: realizar a viagem dos sonhos.
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