Quem nunca se perguntou por que a cama de hotel parece sempre mais confortável do que a de casa? Seja em uma viagem de negócios ou em férias de descanso, um dos grandes prazeres da hospedagem é deitar-se naquela cama impecavelmente arrumada, com lençóis macios, travesseiros fofos e um colchão que parece ter sido feito sob medida para o corpo cansado. Mas não se trata apenas de impressão: há, de fato, uma indústria altamente especializada por trás dessa experiência, que combina tecnologia, investimento em conforto e até sustentabilidade.
Durante a Equipotel 2025, uma das maiores feiras de hospitalidade da América Latina, esse tema ganhou ainda mais destaque, reunindo fornecedores, hoteleiros e especialistas do setor. E a resposta para a pergunta inicial passa tanto pelo colchão quanto pela roupa de cama – dois elementos que evoluíram muito nos últimos anos para transformar a noite do hóspede em um verdadeiro ritual de bem-estar.
O colchão como protagonista da experiência
Segundo Olga Fonseca, diretora de marketing da Simmons Colchões, o comportamento dos consumidores durante e após a pandemia foi determinante para a revolução silenciosa que vem ocorrendo dentro dos quartos de hotel.
“Durante a pandemia, as pessoas deixaram de viajar e passaram a investir mais em conforto doméstico, comprando colchões premium e produtos de qualidade para suas casas. Isso elevou a expectativa em relação ao sono. Quando voltaram a viajar, muitos se frustraram com colchões comuns em hotéis”, explica.
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Esse movimento obrigou a hotelaria, especialmente no segmento mid-upscale e luxo (4 e 5 estrelas), além das pousadas boutique, a repensar sua estrutura. Investir em colchões melhores deixou de ser um diferencial e se tornou necessidade. A Simmons, que já era fornecedora de linhas premium para hotéis de alto padrão, viu a demanda crescer tanto no Brasil quanto no exterior.
“Hoje, não basta ter uma cama bonita. O hóspede quer deitar e sentir o mesmo padrão de conforto que tem em casa – ou até superior. É por isso que os hotéis estão apostando não só em colchões de ponta, mas também em ambientes projetados para promover o sono, com iluminação adequada, acústica tratada e até aromatização”, acrescenta Olga.
A executiva destaca ainda o fenômeno do “turismo do sono”, tendência global que já desembarcou no Brasil. São viagens com foco em melhorar a qualidade do descanso, com pacotes que incluem terapias de relaxamento, cardápios adaptados e até monitoramento do sono. “Estamos falando de um país com 73 milhões de pessoas que sofrem de insônia. Isso mostra a dimensão da oportunidade para hoteleiros, fabricantes de colchões, designers e arquitetos atentos a esse novo mercado”, completa.
A roupa de cama como cartão de visitas
Mas se o colchão é o coração da cama, os lençóis, fronhas e edredons são o rosto que o hóspede enxerga primeiro ao abrir a porta do quarto. E é aqui que entra a expertise da Teka Linha Profissional, uma das maiores fornecedoras de enxoval hoteleiro do Brasil e da América Latina. “Assim que o hóspede entra, a primeira impressão vem da cama. Se ela é volumosa, macia e convidativa, já gera a sensação imediata de conforto e sofisticação. É nesse impacto inicial que trabalhamos”, afirma Adriano Campos, superintendente de vendas da Teka Proffline.
Para atender a essa demanda, a empresa mantém uma divisão exclusiva para hotéis, com produtos que não estão disponíveis no varejo comum. São tecidos, acabamentos e tecnologias pensados para resistir ao uso intensivo e às lavanderias industriais, sem perder a maciez e a aparência de novo.
“O enxoval hoteleiro é completamente diferente do doméstico. Um edredom de varejo, por exemplo, não suportaria seis meses de uso em hotel. Já os nossos produtos têm vida útil mínima de dois anos nesse ambiente, mantendo qualidade e conforto”, explica Adriano.
Entre os destaques estão os edredons robustos, as capas de edredom (duvet) que conferem modernidade e o design “stripe”, muito utilizado em hotéis de luxo. Os tecidos variam de acordo com o padrão da hospedagem: do 100% algodão de 400 fios nos empreendimentos mais sofisticados até as misturas de algodão e poliéster (180 ou 200 fios), que aliam conforto e durabilidade em hotéis mid-scale.
“A tecnologia da Teka garante que, ao toque, o hóspede dificilmente consiga diferenciar um tecido misto de um 100% algodão. Isso é essencial para entregar qualidade com custo competitivo”, acrescenta.
Travesseiros sustentáveis: inovação e responsabilidade
Outro ponto que tem chamado atenção é a inovação sustentável. A Teka, por exemplo, aposta há anos em práticas ESG (Ambiental, Social e Governança). Um dos cases mais emblemáticos é a produção de travesseiros com fibra reciclada de garrafas PET. “Para cada 100 travesseiros, retiramos cerca de 1.500 garrafas do meio ambiente. Só no ano passado, removemos o equivalente a 15 campos de futebol de garrafas plásticas”, destaca Adriano.
Além disso, a empresa desenvolveu os travesseiros “toque de pluma”, que reproduzem a maciez da pluma de ganso sem necessidade de abate animal. “É a combinação entre conforto, ética e sustentabilidade, três pilares que o mercado valoriza cada vez mais”, complementa.
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Com duas fábricas – em Blumenau (SC) e Americana (SP) – e mais de 2.300 funcionários diretos, a Teka impacta toda a cadeia de valor, incluindo os coletores de garrafas PET. Isso reforça não apenas a relevância da empresa no setor, mas também sua contribuição social e ambiental.
O futuro da cama de hotel
A soma desses elementos explica por que a cama de hotel costuma ser mais confortável: ela é resultado de planejamento, investimento e inovação constantes. Desde o colchão de alto desempenho até o edredom resistente, passando pelo travesseiro sustentável, tudo é pensado para criar uma experiência memorável.
E não se trata apenas de luxo. Com o avanço das tecnologias e a popularização das práticas de bem-estar, mesmo hotéis de categorias intermediárias vêm buscando elevar seus padrões. Afinal, um hóspede bem descansado é também um cliente mais satisfeito e fiel.
“Não estamos falando de um detalhe supérfluo. O sono é fundamental para qualidade de vida, produtividade e saúde. Quando um hotel oferece uma cama excepcional, ele está, de certa forma, cuidando do bem-estar do seu cliente”, resume Olga.
Adriano concorda: “A cama de hotel é, muitas vezes, o primeiro e o último contato do hóspede durante a estadia. Se conseguimos transformar esse momento em algo positivo, já cumprimos grande parte da missão da hospitalidade”.
O arremate vai para o aroma! A hotelaria de luxo ainda investe no “cheirinho” da cama, que pode ser específico para um tipo de estímulo ou ainda desenvolvido sob medida para determinado hotel e objetivo.
Uma experiência que vai além do turismo
O que antes era apenas uma “sensação boa” virou estratégia de mercado. O investimento em camas confortáveis é hoje um diferencial competitivo e um reflexo de tendências globais, como o turismo do sono e a busca por experiências personalizadas.
Em um setor cada vez mais desafiador, entregar uma noite de sono perfeita pode ser a chave para conquistar o coração – e a fidelidade – do viajante moderno. Porque, no fim das contas, a resposta para a pergunta inicial talvez seja simples: a cama de hotel é tão boa porque é feita para ser inesquecível.
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