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IA: os riscos da mais nova “corrida do ouro” na hotelaria      

A Inteligência Artificial (segundo ELA mesma afirma) pode melhorar a eficiência operacional, a satisfação do hóspede e os resultados através da automação de tarefas, análise de dados e personalização incluindo o uso de “chatbots” ativos por 24 horas nos 7 dias da semana. Porém (como EU afirmo), é preciso cautela e cuidados na sua adoção.

IA: os riscos da mais nova “corrida do ouro” na hotelaria       (Foto gerada por Inteligência artificial.)

Estamos entrando na era da promessa de prosperidade e eficiência com a Inteligência Artificial, ou IA como estamos no habituando a designá-la corriqueiramente. O mais novo conceito da moda que têm atraído Hotéis, Short Time Rentals, Multipropriedades entre tantos outros modelos de meios de hospedagens em uma corrida tresloucada se assemelha metaforicamente a lendária “Corrida do Ouro” no Velho Oeste americano.

Será que tudo que reluz aos olhos é mesmo ouro?

Gustavo Syllos, colega de tantas labutas na hotelaria, executivo e consultor sênior de primeiríssima grandeza, expert em vendas, marketing e distribuição, atuante em todo vasto ecossistema da hospitalidade tem considerações importantes a fazer sobre o tema:

“Lembram de Serra Pelada? Situada no sul do Pará e por muitos considerado na década de 70 como “Novo Eldorado” para os aventureiros que sonhavam com a fortuna, muitos deles enganados por “especialistas” com suas promessas de saberem onde estavam as jazidas. Fazendo uma analogia com nossa realidade na hotelaria podemos considerar que o cenário se repete. Autoproclamados “especialistas” em “dados” e “gurus da IA”, muitos deles surgidos de forma imediata após um curso de algumas horas de final de semana, têm pipocado nas redes vendendo soluções genéricas e miraculosas para todos os tipos de negócios.

Pessoas que se propõe a lidar com dados sem nunca terem trabalhado com isso antes – mas por um preço camarada e prometendo uma verdadeira revolução inclusive nos resultados hoteleiros, alerta Gustavo.

O perigo é real

Empresas de hospitalidade estão jogando planilhas com dados sensíveis de clientes, colaboradores, parceiros comerciais e até financeiros em plataformas de IA abertas e desprotegidas. O resultado? Suas informações poderão acabar na “Darkweb” ou serem indexadas por metabuscadores, se transformando em “ouro” não para elas, mas sim para cybercriminosos.     

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O uso da IA é de fato um caminho sem volta e repleto de oportunidades, mas a jornada precisa ser guiada. É fundamental contar com profissionais que não só entendem dos algoritmos, mas que tenham bagagem sólida em tecnologia, cybersegurança e privacidade de dados. Eles saberão como extrair o valor da Inteligência Artificial protegendo seu maior ativo: A confiança e a segurança da sua operação.

Considere com seriedade todas as medidas protetivas para não cair na armadilha do “ouro” reluzente. Aquela pepita valiosa, aparentemente fácil e barata de ser garimpada, mas que acaba não sendo o que parece ser. Investir em conhecimento e segurança é garantir que sua nova “Corrida do Ouro” seja próspera, protegida e chegue a bom termo.

A notícia boa que temos que mencionar é que nem de longe a IA substituirá o trabalho humano em grande parte das atividades da hotelaria. Importante que tanto os gestores como suas equipes tenham conhecimentos de sua utilidade e aplicações práticas no dia a dia mantendo assim o domínio sobre ela.  

Para Tiziano Peres, palestrante e professor especialista no tema, segurança em IA é hoje o ponto verdadeiramente mais crítico da transformação digital. “Não basta adotar IA – é preciso garantir que ela opere com governança, privacidade e controle absoluto dos dados. Usar soluções abertas sem critério é um risco que nenhuma empresa madura deve assumir. A verdadeira vantagem competitiva está no domínio de sua própria inteligência, em ambiente seguro, privado e estratégico” afirma o expert.         

Tiziano foi um dos palestrantes do “Primeiro Meeting da Hotelaria de Belo Horizonte e Entorno” realizado no último dia 29 de outubro no Mercure Lourdes. Na ocasião os presentes foram alertados em questões cruciais relativas a IA. A relevância da Inteligência Natural (Humana) como fonte de todo conhecimento alocado em seus bancos de dados, as armadilhas e possíveis enganos que podem ser incorridos na sua utilização indiscriminada e sem critérios e ainda a repetição do uso de respostas padronizadas para questões específicas de cada situação.     

Responsabilidade no uso

“O uso de inteligência artificial na gestão hoteleira pode gerar benefícios aos envolvidos e tornar os processos mais eficientes”, afirma Celso Pedroso, professor do Centro de Economia e Administração da PUC-Campinas. Ele ressalta que o impacto positivo depende do propósito e da forma de aplicação da tecnologia.

Para garantir a qualidade das respostas, Pedroso recomenda usar comandos claros e verificar informações em outras fontes, como livros ou sistemas adicionais de suporte alternativos de IA. Muita coisa pode sair de contexto”, alerta ele.

No setor privado, áreas como governança, auditoria, ética e proteção de dados ainda estão em consolidação. É preciso acompanhar de perto a implantação da IA nas empresas, com atenção às boas práticas e à conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que, sob a minha ótica têm sido menosprezadas na maior parte das operações hoteleiras, em geral, conforme observo, por ter sua importância subestimada e pela falta de conhecimento real de sua prática e das consequências envolvidas.

A Inteligência Artificial é mais humana do que parece

Para garantir o uso responsável da inteligência artificial no setor recomendo a criação de uma política interna de governança, com papéis bem definidos, entre eles o gestor de IA designado, auditorias e revisões regulares. Também sugiro avaliações trimestrais de métricas, auditorias de qualidade, capacitação contínua e supervisão humana constante ao longo da implantação e sequência dos processos.

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A IA vai evoluir continuamente. Se tornará cada vez mais rápida, menos suscetível a erros, consumirá cada vez mais recursos energéticos em função de seus Datacenters. Poderemos criar um cenário positivo, mas também termos consequências não desejáveis sem o aprimoramento ideal e o amplo conhecimento de suas potencialidades virtuosas e das suas ameaças nefastas.

“Hotéis que já utilizam a IA ou que pretendem incorporá-la – Este é o momento oportuno para agir com estratégia e discernimento. Cuidado com as ferramentas simplistas que prometem revolucionar”

Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)

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