Fernando Calmon

Ter ou não ter? Eis a questão

"O aluguel de longo prazo com tudo incluído, conhecido por "assinatura", seduz desde motoristas de aplicativos a compradores de maior poder aquisitivo. Estes últimos representam mais rentabilidade e índices de inadimplência bem menores, além dos locatários calcularem com rigor o custo de propriedade"

Correio Braziliense
postado em 11/11/2020 23:17 / atualizado em 11/11/2020 23:17

Uma das dúvidas de quem utiliza o carro, no dia a dia, é como escolher entre uso, posse ou propriedade. O modelo de compartilhamento começou em 2009, como resposta à crise das hipotecas bancárias nos EUA, e se espalhou pelo mundo. Por algum tempo, pensou-se neste como modelo vencedor, mas não foi bem assim. Várias fabricantes criaram empresas próprias para alugar veículos. Algumas desistiram do negócio quando os aplicativos se apresentaram como alternativa mais em conta do que os táxis. A atividade cresceu tanto que várias cidades impuseram taxas ou tentaram proibir o serviço.
Houve quem fizesse contas, vendesse seu automóvel e passasse a se deslocar por meio de aplicativos e alguns toques na tela do celular. Porém, também, sentiram alguns inconvenientes como a demora nos horários de pico ou em dias de chuva - quando a demanda aumenta muito. Sem contar alguns cancelamentos que podem levar à impontualidade nos compromissos. Quem roda mais de 500km por mês, em média, deve fazer contas (inclusive de estacionamento) para saber se vale se desfazer do carro próprio.
Na ótica do consumidor, o primeiro aspecto é a comparação entre custos de propriedade e de locação de longo prazo. O consultor Francisco Mendes explica: “Aquisição, impostos, seguros, manutenção programada ou corretiva são explícitos e ocorrem ao longo do tempo de uso, enquanto a depreciação do bem só se configura no momento da venda ou troca, mas integra o custo de propriedade.”
Há, ainda, o aspecto sociológico. Segundo ele, “a maioria dos consumidores não faz contas sobre custo de propriedade. Por razões pessoais, prefere a propriedade do bem, considerando a segurança financeira de longo prazo. Quem não gera sua própria renda tende a ter maior insegurança quanto à capacidade de continuar locando ao término do contrato. Sabem que se não houver recursos para a substituição do bem, podem permanecer com o veículo por prazos mais longos e continuar a atender suas necessidades de mobilidade”.
Nos últimos cinco anos, as locadoras alcançaram fatia importante das vendas totais, além da tradicional atuação na área de turismo e terceirização de frotas. O aluguel de longo prazo com tudo incluído, conhecido por “assinatura”, seduz desde motoristas de aplicativos a compradores de maior poder aquisitivo. Estes últimos representam mais rentabilidade e índices de inadimplência bem menores, além dos locatários calcularem com rigor o custo de propriedade.
Mendes aponta forte recuo das locadoras em razão da pandemia. “Há reflexos nas operações de compartilhamento, importante no negócio de locação. As fabricantes não conseguem equilíbrio baseado na venda para grandes frotas e redirecionaram esforços para alcançar este mercado graças à capilaridade de sua rede de concessionárias.”
O carro por assinatura atrai de locadoras a empresas seguradoras. E, agora, há a iniciativa da VW, Sign&Drive, com T-Cross 200 TSI (12 x R$ 1.899) e Tiguan Comfortline (24 x R$ 3.659). Toyota vai estrear o Kinto Flex no primeiro semestre de 2021.

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