TESTE DA SEMANA

Liderança sob risco

Sem "rodar" pelas linhas de montagem da planta de Gravataí (RS) nos meses de abril e maio, devido à falta de peças, o Chevrolet Onix Premier 1.0 Turbo AT compacto tem predicados para se manter no topo?

» PEDRO CERQUEIRA
postado em 21/04/2021 20:49
 (crédito: Pedro Cerqueira/Estado de Minas)
(crédito: Pedro Cerqueira/Estado de Minas)

Desde que alcançou o topo do mercado brasileiro de automóveis, liderança que já dura seis anos, o Chevrolet Onix vem mantendo uma diferença muito folgada em relação ao segundo colocado. Em 2019, bastaria manter o modelo nas “vitrines” por cinco meses, que já teria superado o segundo colocado, levando em consideração sua média mensal de vendas naquele ano, quando alcançou 241 mil emplacamentos, contra 104 mil do finado Ford Ka.
Contudo, em 2020, ano influenciado pelos impactos do novo coronavírus, o Onix sofreu um baque acentuado nas vendas, que foram para 135 mil, queda vertiginosa de 44%, acima da média de 26% do mercado interno, considerando automóveis e comerciais leves. Neste ano, em um cenário de escassez de componentes, em especial os itens eletrônicos, a Chevrolet anunciou a interrupção da produção do modelo na planta de Gravataí (RS) durante os meses de abril e maio.
Quem aproveitou este cenário foi a picape Fiat Strada, que, no mês de abril, tomou a liderança geral do mercado interno, uma façanha para um comercial leve. Porém, a falta de componentes já alcançou a Fiat, que anunciou uma pausa de 10 dias no segundo turno de produção.
Para ver se o modelo ainda reúne predicados para retomar a liderança, testamos o Onix 2022 em sua versão de topo, Premier 2. A segunda geração do veículo foi lançada no fim de 2019, portanto, com muito fôlego de mercado, já que ainda está longe de uma reestilização. Mesmo tendo mantido a identidade com a geração anterior, o visual do atual supera, com a grade que domina a dianteira, vincos bem marcados e alguns elementos esportivos, conforme a versão. Enfim, o design do modelo está atualizado.

Interior

O interior tem bom espaço para um compacto, acomodando com conforto até dois passageiros no banco de trás. O porta-malas tem 275 litros de volume, na média dos concorrentes e adequado para o segmento. Na versão de topo, o acabamento é despojado (no bom sentido), com bancos revestidos em couro, mesclando dois tons, tapetes acarpetados, couro nas portas e um aplique com textura e cor diferenciada no centro do painel, detalhe que quebra a monotonia, mas não esconde o excesso de plástico duro para uma versão que beira os R$ 90 mil.
É no custo/benefício do conjunto mecânico que o Onix se destaca, já que os concorrentes que oferecem motor 1.0 turbo e câmbio automático custam bem mais caro que os R$ 68.390 iniciais cobrados pela Chevrolet: o Volkswagen Polo Comfortline sai por R$ 85.815, diferença de R$ 17.425; já o Hyundai HB20 Evolution custa R$ 78.890, diferença de R$ 10.500. E este conjunto reúne características viciantes. O motor 1.0 turbo tem o potencial de reunir, ao mesmo tempo, baixo consumo de combustível com uma boa performance, desde que o motorista saiba e queira usá-lo desta forma. Já o câmbio automático é ideal para lidar com o para e anda do trânsito urbano, sem muito espaço para uma condução emocionante.
No Onix, o motor 1.0 turbo oferece bom torque em baixas rotações e rápida capacidade de resposta para ultrapassagens e retomadas de velocidade, que é mesmo o esperado para um propulsor sobrealimentado. O câmbio automático de seis marchas tem boa gestão, assimilando bem as intenções do motorista. A suspensão oferece bom suporte para o desempenho do modelo em relação à estabilidade, aliando também bom conforto de rodagem. A direção tem assistência elétrica, leve nas manobras e mais firme em alta velocidade.

Segurança

Outro ponto a favor do Onix é o pacote de segurança já na versão de entrada, composto por seis airbags, Isofix, e controle de estabilidade e tração. Entre as versões de entrada dos concorrentes citados, o Polo fica atrás por oferecer quatro airbags, enquanto o HB20 traz apenas as obrigatórias bolsas frontais e ainda fica devendo controle de tração e estabilidade.
Em relação à versão de topo, os itens que se destacam no Onix Premier 2 são chave presencial (apesar do manuseio ser ruim, com botão disponível apenas na porta do motorista), acendimento automático dos faróis, monitoramento de pressão dos pneus, retrovisores com ajustes elétricos, roda de liga leve de 16 polegadas, ar-condicionado digital, assistente de partida em aclive, volante com regulagem em altura e distância, assistente de estacionamento automático, alerta de ponto cego, sensores de estacionamento dianteiro, lateral e traseiro, carregamento sem fio para smartphone e sistema multimídia com tela tátil de oito polegadas e Wi-Fi embarcado (serviço pago, com pacotes de dados variando entre R$ 29,90 e R$ 84,90).
A versão do Polo com preço semelhante ao do Onix Premier 2 é a intermediária 200 TSI Comfortline (R$ 85.815), que fica atrás com as rodas de 15 polegadas, bancos revestidos em tecido, sistema multimídia com tela de 6,5 polegadas bem mais limitado, ar-condicionado analógico, além de não trazer carregador Wi-Fi, alerta de ponto cego e assistente de estacionamento. Já a versão de topo do HB20 é a 1.0 TGDI Evolution (R$ 78.890), mais em conta, com rodas de 15 polegadas, controle de tração e estabilidade, multimídia com tela de oito polegadas sem acesso nativo à internet. O hatch coreano ainda oferece como opcional um pacote com itens semiautônomos.

FICHA TÉCNICA


Motor (*)
• Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12 válvulas, 999cm³ de cilindrada, flex, turbo, que desenvolve potência máxima de 116cv (gasolina e etanol) a 5.500rpm e torques máximos de 16,3kgfm (g) e 16,8kgfm (e) a 2.000rpm

Transmissão (*)
• Tração dianteira, com câmbio automático de seis velocidades,
com opção de trocas manuais

Suspensão/ Rodas/ Pneus (*)
• Dianteira, independente tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira, semi-independente, com eixo de torção/de liga leve, com 6,5 x 16 polegadas/195/55 R16
Direção (*)
• Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva

Freios (*)
• Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD

Capacidades (*)
• Do tanque, 44 litros; porta-malas, 275 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 375 quilos

Peso (*)
• 1.113 quilos

Dimensões (*)
• Comprimento, 4,16m; largura,
1,73m; altura, 1,47m; distância
entre-eixos, 2,55m
Performance (*)
• Velocidade máxima de 185km/h(e)
Aceleração até 100km/h
em 10,9s (e)

Consumo (**)
• Cidade: 10,1km/l(g)/8,3km/l(e)
Estrada: 14,4km/l(g)/12km/l(e)

Quanto custa
• O Chevrolet Onix 1.0 Turbo AT6 tem preço inicial de R$ 68.390. A versão testada, Premier 2, é a topo de linha, com preço sugerido de R$ 88.890. Com o opcional descrito, o preço
da unidade em teste sobe
para R$ 90.490.

(*) Dados dos fabricantes
(**) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação