O alerta foi dado pelo espião Dusko Popov. Sérvio, com aversão aos nazistas, ele se ofereceu para se infiltrar entre os alemães e atuou como agente duplo na II Guerra Mundial. O Japão era do Eixo, ao lado de Alemanha e Itália. E Popov estava de olho.
Para ganhar a confiança dos alemães, Popov passava informações que pareciam ser 'sigilosas', mas que, na verdade, eram autorizadas pelos ingleses. Dados que só serviam para que os alemães achassem que Popov estava, de fato, entregando segredos dos 'inimigos'.
Foi graças a Popov que o número de nazistas na Normandia - onde soldados dos Aliados desembarcaram no Dia D (foto)-) foi menor do que o planejado inicialmente. Muitos alemães foram desviados para Calais, onde Popov disse que os inimigos desembarcariam.
Mas o alerta que Popov fez ao FBI (polícia federal americana) sobre Pearl Harbor foi desconsiderado. O diretor John Edgar Hoover não ligou quando Popov disse que a base naval americana no Havaí seria bombardeada.
Edgar Hoover (foto) depreciou o alerta porque Popov perdia credibilidade com sua vida boêmia. O espião bonito e sedutor era adepto das noitadas, com várias mulheres.
Mas foi justamente essa mistura de beleza, sedução e espionagem que atraiu a atenção do jornalista e escritor britânico Ian Fleming (foto). Ele conheceu Popov num cassino e decidiu criar um personagem inspirado no espião.
E Fleming criou ninguém menos que o agente secreto James Bond, o 007. Era o ano de 1953 e, dali para frente, 007 cresceria em fama. Em 1962, foi lançado o primeiro filme '007 Contra o Satânico Dr.No'. Até hoje, já são 26 filmes de 007.
Popov acabou se casando, teve três filhos e morreu em 1981, aos 69 anos. James Bond consagrou-se como o maior espião do cinema e já foi interpretado por vários atores. O mais recente é Daniel Craig (foto).
O mundo da espionagem é um dos mais intrigantes. Envolve perigo, inteligência, fontes privilegiadas de informação, habilidade em disfarces e dissimulações.
Espionagens sempre foram uma preocupação para os governos. Agentes duplos com habilidade para disfarces e dissimulações podem determinar o rumo de decisões estratégicas.
Veja os espiões que, além de Popov, entraram na lista dos maiores da história.
Em 6/3/1951, começava o julgamento de Julius e Ethel Rosenberg, acusados de espionagem. Telegramas decodificados apontavam que Julius havia passado, por exemplo, informações sobre a bomba atômica aos soviéticos.
O casal foi condenado à morte. Foi a primeira execução de civis na história dos Estados Unidos. Julius, aos 35 anos, e Ethel, aos 37, foram executados por fuzilamento na prisão de Sing Sing (foto), no Condado de Westchester, Nova York.
Richard Sorge - Oficial da Inteligência Militar Soviética, trabalhou disfarçado de jornalista boêmio e mulherengo na Alemanha nazista e no Japão durante a II Guerra Mundial
Sorge informou ao lÃder soviético Josef Stalin sobre a Barbarossa, gigantesca operação de Hitler (rompendo acordo de não agressão), com 3 milhões de homens e milhares de veÃculos blindados e aviões. O aviso permitiu uma estratégia que derrotou os nazistas e manteve a URSS na guerra.
Descoberto, Sorge foi executado por enforcamento em Tóquio (Japão), em 7/11/1944, aos 49 anos. Ele é considerado herói russo. Na foto, um selo em sua homenagem.
Kim Philby - Nasceu na Índia em 1912, quando o país era colônia britânica. A família se mudou para a Inglaterra e Kim tornou-se partidário do Comunismo, formando, em 1933, o grupo conhecido como Os 5 de Cambridge.
Kim ingressou no Serviço Secreto Britânico e passava informações aos soviéticos. Durante a Guerra Civil, em 1944, chefiou um serviço para descobrir agentes soviéticos na Inglaterra. Ou seja, passou a ser responsável por investigar a si mesmo. Kim é herói na Rússia.
Suspeito de traição, ele foi demitido em 1951. Acabou sendo desmascarado apenas em 1963 e fugiu para Moscou, onde viveu até sua morte, em 1988, de enfarte.
Markus Wolf - Nascido em 1923 na Alemanha, seus pais eram socialistas e membros do Partido Comunista. Por isso, a família foi para a União Soviética quando Hitler implantou o Nazismo.
Após a II Guerra Mundial, Markus voltou a Berlim. Em 1953, passou a chefiar a divisão de espionagem. Determinava que agentes usassem o sexo para obter informações. Ele se aposentou em 1986 e, apesar de acusações de traição, sempre foi absolvido nos tribunais.
Ficou conhecido como 'O Homem Sem Rosto' porque durante mais de 20 anos ninguém no lado ocidental da Alemanha tinha registro de sua identidade. Morreu dormindo, aos 83 anos, em sua casa, em 2006.
A história de Mata Hari já inspirou as artes. No cinema, o filme mais famoso sobre ela foi protagonizado por Greta Garbo e Ramon Novarro, em 1931.
Mata Hari - Nascida na Holanda, Margaretha Gertrude Zelle, tentou ganhar a vida nos cabarés de Paris em 1905. Ela dizia que era indiana, filha de uma dançarina do Deus Shiva. Mas a carreira naufragou e ela virou cortesã. Mata significa 'sol' e Hari, 'olho do dia'.
Mata Hari virou espiã ao conhecer Georges Ladoux, capitão da contraespionagem francesa. Ele a usava para obter informações das forças prussianas. Mata Hari recorria à sedução como arma. Apontada como espiã, foi julgada e condenada à morte por fuzilamento em 15/10/1917, aos 41 anos.