Tais opiniões enfatizaram as divergências políticas no Brasil, que hoje é apontado como um país polarizado nesse segmento.Lula e Bolsonaro foram citados pelos internautas espontaneamente.
Mas o homem que se popularizou como o 'maior mentiroso do Brasil' por sua lábia e pela repercussâo que alcançou é Marcelo Nascimento da Rocha. Vamos relembrar o que ele fez.
Foram tantas mentiras que o paranaense, nascido em Maringá em 19/3/1976, foi tema de livro e filme. Em 2005, a jornalista Mariana Caltabiano publicou 'VIPs - histórias reais de um mentiroso'. E Marcelo mentiu pra ela. Disse que tinha recebido proposta melhor e ela, acreditando, elevou para 50% a comissão dele nas vendas.
Em 2010, Mariana lançou um documentário com o mesmo nome do livro. E o diretor Toniko Melo se interessou a fazer um longa inspirado na trajetória de Marcelo. O filme 'Vips' estreou em 2011, com Wagner Moura no papel do golpista.
As mentiras começaram cedo na vida de Marcelo. Ainda adolescente, para viajar sem pagar passagem, ele se passava por parente de dono da empresa de ônibus. Certa vez, viajou de Curitiba a Porto Alegre pela viação Pluma e se hospedou na filial da empresa, fingindo ser sobrinho do proprietário.
Aos 16 anos, passou a assessorar policiais em delegacias para adquirir o jargão e depois poder se passar por policial para obter vantagens.
Certa vez, ele assumiu a identidade de um policial do Batalhão de Operações Táticas, cujos integrantes são protegidos por anonimato e encapuzados nas ações.
Marcelo chegou a efetuar prisões e promoveu churrascos de confraternização dos agentes.
Ao ser descoberto, foi levado à delegacia pelo próprio policial de quem ele havia assumido a identidade. Ele contou que, no percurso, foi aterrorizado por roletas russas. Como ele é mentiroso... será que isso aconteceu?
No Exército, Marcelo afirmou que era campeão de jiu-jitsu e, com isso, se livrou das obrigações com os pesados exercícios físicos. Ele ficava no bem-bom enquanto os outros praticavam as atividades.
O episódio mais famoso de Marcelo foi quando ele fingiu ser Henrique Constantino, filho do dono da Gol Linhas Aéreas. Ele foi de helicóptero, com dois seguranças, a uma festa de carnaval fora de época - Recifolia, em novembro de 2001.
No evento, ele deu entrevista ao apresentador Amaury Júnior, em rede nacional, fingindo ser Henrique. Foi paparicado por puxa-sacos de plantão e assediado por mulheres que vão a festas à caça de ricaços. Após a festa, alugou um jato e foi para o Rio de Janeiro, onde acabou sendo preso.
Marcelo também fingiu ser jornalista e DJ em diversas ocasiões. E se passou por músico das bandas Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii. Sempre usava os disfarces para obter acesso a espaços Vips e conseguir o melhor: hospedagem, alimentação, transporte…
Em 1994, Marcelo era foragido e estava num hotel quando descobriu que havia um time hospedado ali. Ele vestiu um agasalho da Seleção Brasileira (era ano de Copa) e disse aos jogadores que era olheiro da CBF. Saiu do hotel no ônibus do clube e assistiu ao jogo de camarote. Quando a polícia chegou, ele estava longe.
Em meio a tantas mentiras, Marcelo é piloto - de verdade. Após frequentar um aeroclube e participar de voos de instrução, ele fez curso de piloto e obteve o brevet. No entanto, foi financiado por traficantes que exigiram o transporte de contrabando entre Brasil e Paraguai.
Durante anos, Marcelo esteve ligado ao narcotráfico, transportando drogas e armas. Os bandidos contavam com sua esperteza para enganar patrulhas e, certa vez, Marcelo chegou a disfarçar um jato (parecendo militar) para entrar na Bolívia.
A atividade ligada aos traficantes e uma série de estelionatos resultaram numa condenação a 34 anos de prisão. Ele também foi acusado do roubo de uma aeronave de uma empresa de táxi aéreo em Cuiabá
Mesmo na cadeia, ele continuava a mentir. Durante uma rebelião no presídio em Bangu (Rio de Janeiro), em 2003, ele apareceu na TV fingindo ser um tal de Juliano, líder dos rebeldes. Apareceu até no Jornal Nacional, apresentando reivindicações dos detentos.
Em 12/3/2014, Marcelo saiu da Penitenciária Central do Estado (PR), ao conquistar o direito de cumprir o restante da pena em regime semi-aberto. Ele tinha emprego garantido: uma empresa anunciou que ele seria palestrante, para 'usar sua inteligência para o bem'.
Marcelo passou a participar da ONG Anjos da Liberdade, dando palestras para ex-detentos sobre ressocialização, além de consultorias sobre técnicas de persuasão e defesa contra golpes em geral.
Em abril de 2018, ele voltou a ser preso após apresentar documento falsos referentes à progressão de sua pena, em Cuiabá (MT).