Ricardo Malta decidiu participar de um concurso de dança, sem pretensões de ganhar, nas Quadras da Vilarinho, em Belo Horizonte. Ele notou quando um desconhecido — descrito como esguio, com olhos muitos claros, e totalmente seguro de si —, escolheu uma das mulheres mais bonitas do baile e decidiu entrar no concurso
'Ele chamava a atenção pelo estilo, pela postura também. Esguio, alto, usava chapéu, tinha olhos muito claros. Chegou, dançando sozinho, mas na época tinha muito casal. Chamou uma das meninas mais belas para dançar', relembra Malta ao jornal 'Estado de Minas'
O dançarino tinha domínio completo dos passos que executava na pista de dança e mantinha um ar de superioridade quando estava no local — o que se quebrou com o anúncio do vencedor. Malta viu que o perdedor estava frustrado e havia jogado o desprezo para cima da companheira de dança, como se a culpa fosse dela
Uma música lenta começou a tocar e, durante uma dança romântica, a mulher que estava com o perdedor acariciou o rosto dele e, sem querer, derrubou o chapéu do dançarino, revelando duas coisas pontiagudas na cabeça, que foram associadas a chifres
Ao olhar para baixo, a mulher gritou ao notar os pés do homem, que eram peludas e com cascos nas pontas, como se fossem patas de bode. Os homens presentes no baile pensou que o dançarino havia agredido a mulher e correram atrás dele, que se escondeu no banheiro
Ao entrar no banheiro, o grupo de homens ficou surpreso por não encontrar o 'Capeta'. A única coisa de diferente que havia ali era um forte cheiro de enxofre. Anos depois, correram noticias de que o dançarino havia sido visto em outras áreas da capital, mas nunca mais nas Quadras da Vilarinho
Formado em relações públicas, atualmente Malta é professor de inclusão em cursos oferecidos pela PUC Minas, promoter, sonoplasta, programador de sites e responsável por mixagens no programa 'Só remix', da Web Disco Funk. Também é dançarino e DJ nas horas vagas
Em 2003, Malta perdeu completamente a visão, o que resultou em um afastamento da dança. Mas a história mudou em 2005, quando recebeu o convite de se apresentar em um evento, e decidiu enfrentar o desafio de dançar mesmo sem enxergar. A experiência foi um sucesso e se repetiu diversas vezes nas décadas seguintes.
*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori