No dia 18/7, o soldado estava sendo escoltado de volta para os Estados Unidos, depois de ser liberado de numa penitenciária sul-coreana.
Travis estava detido havia 47 dias por conta de uma briga com cidadãos locais. Em fevereiro, o soldado já tinha sido multado pelo tribunal de Seul em 5 milhões de wons (cerca de R$ 18.800).
King também já tinha sido acusado de socar um homem em uma boate na capital sul-coreana.
Durante a escolta, o americano conseguiu escapar dos guardas. Ele então se juntou a um grupo de estrangeiros que fazia uma excursão de ônibus à Zona Desmilitarizada.
O local divide as duas Coreias por uma barreira de concreto.
Segundo relatos nas redes sociais, foi nesse momento que o norte-americano foi visto atravessando os blocos de concreto que marcam a fronteira. Alguns turistas disseram que o militar ria alto enquanto atravessava a barreira.
Acredita-se que o americano esteja agora sob custódia das autoridades norte-coreanas.
Os familiares de King sugerem que o soldado pode ter se sentido sobrecarregado por conta dos problemas legais e a possibilidade de dispensa do exército.
Eles descrevem o homem como uma pessoa solitária e quieta, não envolvida com álcool ou cigarros, que apreciava a leitura da Bíblia.
O alto escalão de Washington informou que está “interagindo” com a Coreia do Sul e a Suécia numa tentativa de encontrar uma solução.
Em casos passados, a Suécia prestou assistência consular aos cidadãos americanos; no entanto, as operações diplomáticas suecas no país terminaram após a Coreia do Norte ordenar a saída de estrangeiros no início da pandemia de Covid-19.
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, reportou que os EUA tentam contato com a Coreia do Norte sobre a situação.
Especialistas afirmam que é pouco provável que a Coreia do Norte liberte King, já que os indícios apontam que ele teria desertado de forma voluntária.
Vários cidadãos americanos foram detidos na Coreia do Norte sob acusações de espionagem ao longo do tempo. O último havia sido Bruce Byron Lowrance, em 2018.
Na quinta-feira (20/07), o porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul anunciou que seu ministério está compartilhando informações com o comando das Nações Unidas, liderado pelos Estados Unidos.
As tensões entre Washington e Pyongyang são constantes. Recentemente, as forças militares dos Estados Unidos posicionaram um submarino com armas nucleares na Coreia do Sul.
Pouco depois, a Coreia do Norte - comandada com mão de ferro pelo ditador Kim Jong-un - conduziu testes com dois mísseis capazes de atingir o porto sul-coreano onde o submarino americano estava ancorado.
A região que separa a Península da Coreia em suas partes Norte e Sul é conhecida como a zona mais altamente fortificada do planeta.
É uma área repleta de sistemas de vigilância em torres, barreiras de arame farpado, cercas altas com alarmes, além de postos de controle e vigias que operam 24 horas por dia, dos dois lados da fronteira.
Sua extensão alcança 257 km com uma profundidade de 4 km, e é repleta de minas – estima-se que exista de 1 a 2 milhões de bombas debaixo da terra.
Entre os anos 60 e 80, seis militares norte-americanos desertaram e atravessaram a fronteira para a Coreia do Norte. Um deles, James Dresnok, chegou a lecionar inglês e atuar em comerciais norte-coreanos fazendo papel de vilão americano.