Nesse contexto, a Latam inaugurou o projeto ‘Recicle sua Viagem’ para promover o reaproveitamento de garrafas PET oferecidas em seus voos nacionais. A meta é dar um novo destino a uma média mensal de 450 mil garrafas de seu serviço de bordo dentro do Brasil.
Aliás, o planejamento anual é obter êxito em reciclar 180 toneladas de plásticos no país. Isso representa uma mudança no esquema. Anteriormente, o descarte das garrafas era de incumbência dos aeroportos onde os aviões pousavam.
Maria Elisa Curcio, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Latam no Brasil, detalha o estudo que levou à mudança de gestão dos itens a bordo: “Fizemos um levantamento que apontou que só 60% dos aeroportos em que operamos no país têm programa de reciclagem”.
“Isso significa que não tínhamos a garantia de que o plástico das garrafas consumidas em nossos voos era reciclado. Por isso, decidimos assumir a tarefa e reciclar o material”.
O novo procedimento de reutilização chamado ‘Recicle sua Viagem” se baseia na separação dos plásticos pela equipe de comissários da Latam depois do consumo.
Posteriormente, as garrafas são descartadas assim que as aeronaves pousam em alguma dessas seis bases: Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, Galeão (foto) e Santos Dummont, no Rio de Janeiro, além de Brasília e Fortaleza.
Nestes aeroportos, a Latam possui serviço de catering, que consiste no reabastecimento de alimentos nos aviões. As garrafas são entregues a empresas parceiras que as transformam em plástico granulado, para ser reutilizado na formação de novos produtos.
“O programa é mais um avanço da Latam rumo ao seu compromisso de ser uma empresa zero resíduo para aterros sanitários até 2027, além de fortalecer o modelo de economia circular da companhia ao dar nova vida a materiais que seriam descartados”, acrescenta Maria Elisa.
A propósito, o programa ‘Recicle sua Viagem’ está vigente não apenas nos voos nacionais da Latam, mas também em suas associadas no Chile, Colômbia, Equador e Peru.
Vale também ressaltar que em voos internacionais os detritos precisam receber tratamento de acordo com a legislação sanitária de cada país. Algumas das opções são autoclave, esterilização e incineração (foto).
Em 2021, a Latam decidiu reestruturar o seu planejamento mundial de sustentabilidade e se comprometeu a ajudar na proteção do meio ambiente na América do Sul pelas próximas três décadas por meio do diálogo.
Todos os compromissos estão baseados nas principais exigências dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), diretriz criada na Organização das Nações Unidas (ONU).
Por sinal, os objetivos essenciais da Latam são extinguir plásticos de utilidade única este ano, além de tornar-se uma companhia zero dejeto para aterro sanitário nos próximos quatro anos.
A empresa também pretende diminuir em 50% os lançamentos de dióxido de carbono de seus voos domésticos até 2030 e se transformar em uma empresa carbono neutro até 2050.
A aviação provoca bastante poluição aérea. Isso porque segundo o Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), no país o setor é responsável por 1% do dióxido de carbono (CO²) na atmosfera.
Tal situação ocorre porque o combustível normalmente utilizado nos aviões é o querosene. Ao ser queimado, o líquido produz CO² e outros poluentes, como por exemplo, óxido nitroso e metano.
Todos esses componentes são gases agregados na atmosfera. A sua presença intensifica o efeito estufa (foto) e, consequentemente, provoca vários problemas climáticos como o aquecimento global.
A Gol divulgou que um voo que sai do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e tem como destino o Santos Dummont, no Rio de Janeiro, gera cinco toneladas de dióxido de carbono.
Uma das alternativas encontradas pelas companhias aéreas para solucionar esse problema é criar programas em que é adicionado um valor extra nas passagens. Dessa forma, os viajantes acabam contribuindo financeiramente em projetos que compensam as emissões desses gases poluentes nos voos.
A Gol e a Air France seguem essa linha, mas não divulgam detalhes de como esse dinheiro é utilizado. Outras empresas contratam corporações especializadas em projetos ambientais como, por exemplo, plantação de árvores e investimento em energia limpa.
Um exemplo é a Qatar Airways, que utiliza o valor extra dos passageiros para conservar um parque eólico, na Índia, que impede a emissão de 210 mil toneladas de gases do efeito estufa anualmente, de acordo com a companhia.
Na teoria, essa produção de energia limpa se torna prioridade sobre as termelétricas, que representa uma fonte de energia poluente.