Imagens das câmeras de segurança obtidas pelo Fantástico capturaram detalhes da ação criminosa realizada pelos agentes.
Um caminhão frigorífico, contendo 16 toneladas de maconha, que partia de Mato Grosso para o Rio de Janeiro, foi interceptado por dois veículos da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas.
Segundo a reportagem, o Serviço de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal já estava monitorando essa mesma carga de maconha.
Já perto da cidade do Rio de Janeiro, em um posto policial na BR-116 – também conhecida como Rodovia Presidente Dutra –, o caminhão e os dois veículos da Polícia Civil foram interceptados.
De acordo com a PRF, quando questionados sobre o conteúdo do carregamento, os policiais civis afirmam que a carga já havia sido confiscada e que o motorista estava detido.
Uma das câmeras no posto de pedágio registrou a imagem do policial Alexandre da Costa Amazonas, suspeito de estar envolvido no esquema.
Após passar pelo pedágio, o destino era a Cidade da Polícia, onde as delegacias especializadas do Rio de Janeiro estão localizadas.
De acordo com a investigação, lá estava prevista uma negociação com a principal facção criminosa do estado para recuperar a droga. Algumas horas mais tarde, o motorista do caminhão seria liberado.
Todo esse enredo orquestrado pelos policiais civis começou a se desfazer quando o motorista refez o trajeto de volta para Campo Grande, usando o mesmo caminhão, e se deparou novamente com a Polícia Rodoviária Federal.
Os agentes federais estranharam o fato de que o motorista do caminhão havia sido detido por tráfico de drogas.
“O caminhão retornou já sem escolta, o que fez com que os policiais novamente abordassem aquele caminhão. Conversando com o motorista, identificaram alguns elementos que eram muito inconsistentes”, disse Alexandre Castilho, porta-voz da Polícia Rodoviária Federal.
Dessa vez, o caminhão e o motorista foram levados até a sede da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro. Os agentes realizaram uma investigação e encontraram rastros da carga de maconha.
A investigação foi transferida para a Polícia Federal que, em dois meses, conseguiu identificar alguns dos envolvidos.
Na quinta-feira (19/10), quatro policiais civis e um advogado que colaborou na negociação para liberar a droga foram detidos depois de uma denúncia do Ministério Público Estadual.
De acordo com as investigações, as 16 toneladas de maconha que estavam no caminhão foram parar nas mãos da principal facção criminosa do Rio de Janeiro, que desembolsou R$ 300 mil pelo resgate da droga.
A Polícia Federal descobriu que o carregamento pertencia a um traficante do Complexo do Alemão.
O motorista relatou em seu depoimento que os policiais saíram da Cidade da Polícia escoltando o caminhão com dois carros e uma caminhonete, indo ao encontro do advogado que estava envolvido na transação.
A partir desse ponto, seguiram com a carga até a Favela de Manguinhos, localizada na Zona Norte do Rio.
O motorista relatou que permaneceu no caminhão enquanto descarregavam a mercadoria, e esse processo levou aproximadamente três horas.
E não parou por aí: um dia após essa ação, a PF retornou às ruas do Rio de Janeiro em uma operação que acusa três inspetores e um delegado de desviar 280 kg de cocaína que seriam enviados para a Europa. Essa investigação teve início no ano de 2020.
Acontece que a Polícia Federal estava monitorando um carregamento de 500 kg de drogas, mas apenas 220 kg foram apreendidos e registrados.
Em mensagens divulgadas pelo Fantástico, o próprio criminoso dono da carga, identificado como Leonardo Serro, ficou surpreso: “Roubaram 280 kg. Só apresentaram 220 kg. Bando de ladrão”.
“Eu considero agente do Estado travestido de agente do Estado de polícia que comete o crime como como esse, muito pior do que o bandido”, declarou o delegado Júlio Danilo.
Segundo a TV Globo, nem a defesa dos policiais civis investigados e nem do advogado preso quiseram se manifestar.