Em novembro de 2013, Joaquim foi encontrado sem vida no Rio Pardo, em Barretos, São Paulo. Ele ficou cinco dias dado como desaparecido em Ribeirão Preto (SP) (desde 5 de novembro).
Guilherme Longo é acusado de aplicar uma alta dose de insulina no menino, que tinha diabetes, e ter jogado o corpo em um córrego próximo à casa da família. De acordo com o Ministério Público, o padrasto teria usado 166 unidades da substância na intenção de matar a criança.
No primeiro momento, Guilherme foi condenado à prisão em regime fechado e preso desde 2018. Ele foi denunciado por homicídio qualificado por motivo fútil, recurso que impossibilitou defesa da vítima e meio cruel.
Vale lembrar que Guilherme foi capturado pela Polícia Internacional (Interpol) na Espanha e extraditado para o Brasil. Nathália, por sua vez, respondeu em liberdade desde 2014, por omissão de impedir o convívio do filho com Longo, que era usuário de drogas e violento.
Em 2016, três anos após o crime, Guilherme Longo confessou o crime, disse que não raciocinou direito' e acabou 'fazendo besteira'. De acordo com o padrasto, o garoto foi morto por estrangulamento e, depois, teve o corpo jogado num córrego.
Dez anos após o homicídio, o julgamento aconteceu durante seis dias e cinco deles foram destinados a colher os depoimentos. O interrogatório dos réus aconteceu na última sexta-feira (20) por causa da celeridade do processo.
No Fórum de Ribeirão Preto (SP), das 34 testemunhas arroladas, quatro foram dispensadas. Os depoimentos aconteceram com as portas fechadas em mais de 30 horas. A imprensa não teve acesso por causa de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
No dia seguinte, debates entre defesa e acusação rolaram durante mais de 12 horas para se chegar a um veredito.
No primeiro dia, foram ouvidas seis testemunhas de acusação, entre elas um policial civil, dois PMs, um bombeiro, o médico de Joaquim e o pai da criança, Artur Paes Marques.
Durante a audiência, o médico endocrinologista que diagnosticou o menino Joaquim, de 3 anos, com diabetes, confirmou que uma superdosagem de insulina seria suficiente para matar a criança.
No dia seguinte, foram ouvidos o pai de Guilherme, Dimas Longo, a pediatra Roseli Scarpa, que cuidou de Joaquim quando ele foi diagnosticado com diabetes, e Alessandro Ponte, irmão de Natália, por videoconferência.
O depoimento do pai de Guilherme reforçou que o acusado tinha o apoio da família e foi considerado evasivo em diversas respostas.
No terceiro dia, foram ouvidas ouvidas oito testemunhas. A mãe do réu, Augusta Aparecida Raymo Longo, e os pais de Natália, assim como o delegado responsável pela investigação na época, Paulo Henrique Martins de Castro.
Nos depoimentos, a mãe de Guilherme destacou que procurou Natália para propor a internação do filho. No entanto, segundo ela, a nora recusou.
No quarto dia de depoimentos, foram ouvidas as testemunhas ligadas à área médica e perícia. Gustavo Orsi, legista responsável pela necropsia em Joaquim, disse que a criança não foi vítima de violência física durante o crime.
No último dia de interrogatórios, antecipado para sexta (20), Guilherme falou sobre a relação com os pais e as drogas. Depois de um embate réu e o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino, a defesa orientou seu cliente a não responder mais.
“Nós discordamos da sentença que foi preferida, entendemos que a decisão foi manifestamente contrária a prova dos autos, bem como entendemos que a sentença foi absolutamente desproporcional, tendo em vista que Guilherme Longo é primário e não justifica uma pena de tamanha gravidade”, disse Antônio Carlos de Oliveira, advogado de Guilherme.
A psicóloga Natália Ponte, mãe de Joaquim, comemorou a absolvição em sua rede social na véspera de seu aniversário. Rodrigo Batista, seu atual marido, postou: . 'É necessário seguir em frente, sem olhar para trás o que passou! Te amo. Feliz aniversário!'.
Na época, a criança foi encontrada vestida com um pijama estampado idêntico ao descrito pela família no boletim de ocorrência. O cão da polícia cheirou as roupas do menino e do padrasto e apontou que ambos fizeram o mesmo trajeto.
O corpo foi encontrado pelo dono de uma propriedade rural em Barretos, que avisou o Corpo de Bombeiros após avistar uma pessoa boiando sobre as águas do rio Pardo. Em seguida, a criança foi reconhecida pelos pais Natália Ponte e Arthur Paes no IML.
O delegado responsável pelo caso, Paulo Henrique Martins de Castro, afirmou, na ocasião, que seria necessário esperar o laudo oficial da perícia para saber a causa da morte. Havia, então, a possibilidade de afogamento, algo que foi descartado tempos depois.
Após o exame feito pelo IML, chegou-se à conclusão de que o pulmão de Joaquim não apresentava água, o que descarta a possibilidade da morte por afogamento. O fato reforçou o homicídio e a ideia de que a criança foi jogada no Córrego Tanquinho.