Nesse sentido, vídeos circularam nas redes sociais em que mostram a água do mar invadindo pistas e a areia em diversos locais do calçadão. A Marinha do Brasil informou que ondas de até 3,5 metros de altura podem atingir o litoral da cidade do Rio de Janeiro até o fim desta segunda-feira (6).
Essa ressaca acontece por causa de um sistema de alta pressão que tem influenciado o tempo na cidade. Com a frente fria que chegou na última sexta-feira (3), um ciclone extratropical, que fica afastado, no oceano, tomou conta e deixou o mar revolto.
“O ciclone extratropical provocou a intensificação e persistência dos ventos em uma área no mar, que chamamos de pista, o que resultou na formação de grandes ondas que chegaram ao litoral do Rio de Janeiro, configurando a ressaca, que é quando as ondas chegam a partir de 2,5 metros na costa. É como um ventilador numa piscina, por exemplo, que faz com que as ondas aumentem naquele espaço, como aconteceu em maior proporção no mar.”, destacou a meteorologista Hana Silveira, do Climatempo.
No Leblon, foi possível ver imagens da água, que invadiu o calçadão, a ciclovia e a rua. Ao longo de todo domingo, foram publicados diversos vídeos de turistas e cariocas, impressionados com a força da ressaca.
Ainda no Leblon, uma equipe de salva-vidas dos Bombeiros, com a ajuda de banhistas, também realizou um resgate de um homem que se afogou no mar.
A ressaca trouxe ondas de mais de três metros e meio de altura, o que causou transtorno na orla da Zona Sul. No momento, o Corpo de Bombeiros procura um adolescente de 16 anos que desapareceu no mar, em Ipanema, na manhã de domingo (5).
O jovem participava de uma excursão ao litoral do Rio de Janeiro. Além dos guarda-vidas, será utilizada uma aeronave e equipes usando motos aquáticas e drones para a busca do adolescente.
Além do adolescente, de 16 anos, que segue desaparecido no mar de Ipanema, duas pessoas foram retiradas com vida da água. O risco de afogamentos com a pressão do mar é enorme, porém surfistas se arriscaram em picos como o Pontão do Leblon e Laje do Sheraton, em São Conrado.
A mãe do adolescente afirmou que não sabia da viagem dele ao Rio de Janeiro. Com isso, só foi avisada quando os bombeiros já buscavam por ele e nenhum responsável pela excursão entrou em contato para obter a autorização da presença do jovem no deslocamento.
O presidente da Companhia de Limpeza do Rio (Comlurb) fez um pedido para que os cariocas que costumam se exercitar na orla evitem o local. A empresa utiliza máquinas para retirar a areia, que ficou espalhada com o avanço do mar.
Apesar do trabalho da Comlurb seguir, duas faixas da Avenida Delfim Moreira, no Leblon, foram liberadas no começo da tarde desta segunda (6).
A cidade, porém, seguiu em estado de alerta, pois ondas de até 3,5 metros de altura podem atingir o litoral da cidade do Rio de Janeiro até às 18h desta segunda (6).
O Centro de Operações do Rio de Janeiro (COR) informou durante a ressaca que os cariocas evitassem tomar banho de mar, se exercitar na orla, realizar atividade física perto da praia ou praticar o ato da pesca.
A ressaca ocorreu após a forte ventania da última sexta-feira, que deixou muitas regiões do Rio sem luz. Outros locais foram afetados, como Niterói, na Região Metropolitana, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e em bairros da capital. As concessionárias Enel e Light reforçaram as equipes para a normalização do serviço.
Há exatos 107 anos, a cidade do Rio de Janeiro viveu a pior ressaca de sua história. Na ocasião, o mar deixou marcas assombrosas que sempre são lembradas na história da cidade.
Em março de 1913, a Praia do Flamengo foi o cenário afetado pela pior ressaca da história do Rio de Janeiro. Com isso, ondas de 10 metros de altura vindas da Baía da Guanabara inundaram várias vias, chegando até Rua do Catete.
“O Palácio do Catete ficou ilhado e as pessoas só podiam passar em pequenos barcos. Famílias inteiras tiveram que abandonar suas casas. A então mureta chegou a ser totalmente destruída“, informa o pesquisador Luiz Prado Júnior à página Memória Carioca.
Na época, as praias de Botafogo e da Saudade (onde é hoje o Iate Clube) também foram afetadas. Dessa forma, o bairro de Botafogo ficou sem acesso e só se conseguia se locomover por meio de barcos.