A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) agora pretende lançar uma missão com o objetivo de recolher amostras lunares. Ou seja, a ideia com a Chandrayaan-4 será trazer um pedaço da Lua.
A primeira etapa da missão seria recolher essas amostras lunares. O pouso dos módulos aconteceria próximo aonde a Chandrayaan-3 está adormecida atualmente e recolherá amostras do Polo Sul do satélite.
Na segunda etapa, os módulos não vão aterrissar na Lua. Eles permanecerão na órbita do satélite, esperando o módulo ascendente transferir as amostras coletadas para o módulo de reentrada. Depois desse processo, o objetivo é voltar para a Terra e realizar um pouso seguro.
"É uma missão muito ambiciosa. Esperamos que nos próximos cinco a sete anos seremos capazes de enfrentar este desafio", declarou Nilesh Desai, diretor do Centro de Aplicação Espacial para o "The Indian Express".
O módulo da agência espacial da Índia, que pousou no lado sul da Lua, até então inexplorado, já havia confirmado a presença de oxigênio e enxofre no local.
Com o pouso realizado em agosto, a Índia tornou-se o primeiro país a explorar o lado oculto do satélite, o que foi motivo para muita comemoração da equipe envolvida no projeto.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apareceu festejando o feito, com a bandeira do país nas mãos.
A Organização Indiana de Pesquisa Espacial havia publicado as primeiras fotografias feitas pelo módulo Chandrayaan-3.
As imagens mostram pontos com enormes crateras. As fotos foram feitas pela câmera de detecção e prevenção de perigos de pouso do módulo.
A Índia deu o primeiro passo para se tornar o primeiro país a desvendar com sucesso uma área até então inexplorada da Lua.
O país já havia lançado esse ano o foguete com o objetivo de fazer verificações no polo sul lunar, com o chamado 'pouso suave', quando o veículo não é destruído na aterrissagem.
O veículo decolou do Centro Espacial Satish Dhawan em Sriharikota, no sul do estado de Andhra Pradesh, pouco depois das 6h (horário de Brasília).
Além das multidões que se reuniram para assistir à decolagem histórica, mais de 1 milhão de pessoas acompanharam ao vivo pelo YouTube.
O enorme foguete carregou um módulo de pouso, um módulo de propulsão e um pequeno veículo, conhecido como “rover”.
Por natureza, a superfície lunar é um terreno traiçoeiro com grandes crateras e encostas íngremes.
Existem regiões da lua que não recebem luz solar há bilhões de anos, fazendo com que as temperaturas fiquem extremamente baixas, podendo chegar a -203°C.
A primeira missão desse projeto, chamado de Chandrayaan-3, ocorreu em 2008 e detectou a possível presença de água na superfície lunar.
Segundo o professor de robótica espacial na Universidade Shiv Nadar University, Akash Sinha, um dos estudos é sobre o congelamento da água.
A exploração também pode dar mais detalhes sobre a formação do sistema solar.
A preocupação da Índia era grande. Isso porque sua segunda expedição à Lua, em 2019, foi um fracasso: custou US$ 140 milhões e o foguete explodiu no pouso.
A Chandrayaan-3 custou US$ 80 milhões. E a primeira missão, em 2009, custou cerca de US$ 79 milhões.
Segundo o ex-presidente da Organização Indiana de Pesquisa Espacial, K. Sivan, a viagem tornou-se mais barata porque o foguete usa a atração gravitacional da Lua para chegar à órbita lunar.
Outra razão que tornou a missão mais barata é que o foguete usava o orbitador da missão Chandrayaan-2 para fornecer todas as comunicações entre o módulo de pouso, o rover e a sala de controle.
A Índia é um dos poucos países que mantêm os custos baixos por fazer uso de foguetes menos potentes. O país também costuma reutilizar peças e componentes.
O Chandrayaan-2, por exemplo, usou os princípios da mecânica orbital para minimizar o consumo de combustível e alcançar a Lua em 48 dias, em vez de alguns poucos dias.
Todas as missões lunares realizadas até hoje pousaram mais perto do equador, onde o terreno e a temperatura são mais receptivos.
Em 2018, a Índia estabeleceu um recorde mundial ao lançar 104 satélites em um único foguete.
Todo o programa espacial da Índia tem um orçamento de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,2 bilhão).
Caso suas missões sejam eficientes e bem-sucedidas, a Índia tem tudo para se posicionar como uma força importante na exploração espacial.