A história de Russell, hoje falecido, é ainda mais grandiosa por ele ter sido um deficiente físico. Os dois Oscars que ele ganhou são referentes ao filme "The Best Years of Our Lives", de 1946. Em português, o longa se chama "Os Melhores Anos de Nossas Vidas".
Além de conquistar dois Oscars e ser deficiente físico, a história de Harold ficou ainda mais bonita por ele jamais ter sonhado em ser ator. Este foi apenas o segundo filme dele, mas no primeiro, ele interpretou a si mesmo, em "Diary of a Sergeant", em 1945.
Harold John Russell nasceu em 14 de janeiro de 1914, no Canadá. Seu pai faleceu em 1920 e ele se mudou para os EUA em 1921.
Em 1941, ele trabalhava em um supermercado, mas não estava satisfeito e se inscreveu para representar os EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Três anos mais tarde, uma bomba arrancou suas duas mãos.
Assim, em 1945, ele foi convidado para fazer o citado filme "Diary of a Sergeant". Sua atuação, mesmo sem ter feito um curso, o fez ser convidado para fazer "Os Melhores Anos de Nossas Vidas".
Este filme lhe deu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Além disso, ele ganhou o Oscar Honorário, uma homenagem da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Apesar do sucesso, Harold fez apenas outros dois filmes, já no final da vida: Inside Moves, de 1980, e Dogtown, em 1997. Além disso, participou de duas séries de televisão: "Trapper John, M.D." e "China Beach", em 1981 e 1989.
Depois do sucesso em "Os Melhores Anos de Nossas Vidas", Harold estudou administração na Universidade de Boston e foi trabalhar com cargos administrativos no universo dos militares.
Este filme, aliás, lhe deu ainda um prêmio especial no Globo de Ouro justamente por ele não ser profissional. Na vida pessoal, Harold foi casado duas vezes e teve dois filhos.
"Os Melhores Anos de Nossas Vidas" é um filme de 172 minutos, que tem direção de William Wyler e roteiro de Robert E. Sherwood. O livro foi inspirado em um livro ("Glory for Me", de MacKinlay Kantor) e em um artigo de jornal.
A produção do filme, por sua vez, é de Samuel Goldwyn. A história é um drama de guerra. Apesar das semelhanças, é de ficção. A trama conta as histórias de Fred Derry, Al Stephenson e Homer Parrish, personagem vivido por Harold.
Homer Parrish é um ex-jogador de futebol americano e estava noivo de sua vizinha. Ele, porém, acreditava que Wilma só estava com ele por pena dele, que não tinha as mãos. Na história, ele as perdeu enquanto trabalhava como marinheiro e o navio foi atacado.
Já Fred Derry é um capitão da Força Aérea e Al Stephenson serviu na Infantaria do Exército como sargento de pelotão no Pacífico. Antes, eles eram balconista e banqueiro, respectivamente. Todos os personagens principais encontram algum drama pessoal após a Segunda Guerra Mundial.
Além dos Oscars de Harold, o filme também levou ainda outras seis estatuetas: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Edição, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora.
O filme conquistou ainda uma indicação ao Oscar de Melhor Som, mas não levou. Por fim, a obra faturou ainda um BAFTA e dois Globos de Ouro. Assim, tornou-se um clássico da década de 1940.
Harold Russell faleceu em 29 de janeiro de 2002, com 88 anos e 15 dias, na pequena cidade de Needham, no estado de Massachusetts. Ele foi vítima de um enfarte agudo do miocárdio, problema no coração.
Até hoje, apenas três pessoas com alguma deficiência física conquistaram um Oscar, o que torna o feito de Russell ainda mais grandioso. Ele foi o primeiro. A segunda foi Marlee Matlin, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em “Filhos de um Deus Menor”, de 1986. Ela tem 57 anos e é surda desde os 18 meses.
Depois, Troy Kotsur, que também é surdo, ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, por sua atuação em "CODA" ("No Ritmo do Coração", em português). O filme é de 2021 e também teve Matlin no elenco. O artista nasceu surdo, é americano e tem 54 anos.
E você, o que achou dessa história?