As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo de meses e afetaram as lavouras tiveram impacto na elevação dos preços. Mas não foram o único motivo.
Um dos principais motivos para o alto custo do cereal é a redução das áreas de plantio. Muitos produtores no Rio Grande do Sul estão freando o cultivo de arroz para dar lugar ao milho ou soja.
Eles argumentam que o milho e a soja alcançam preços mais altos na safra e favorecem os produtores que precisam arcam com altos custos na agricultura. Assim, os produtores acabam migrando para esses cereais, deixando o arroz em segundo plano.
Além do sul do Brasil, essa redução de áreas destinadas ao cultivo do arroz também tem acontecido no Centro-Oeste, onde há vastas plantações em Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área ocupada por plantações de arroz chegava a 3,9 milhões de hectares em 2004.
Em 2010, eram menos de 3 milhões. Em 2018, estava na faixa de 2 milhões. E em 2024, 1,5 milhão de hectares. E o resultado é uma baixa na colheita.
O arroz é uma das três culturas mais produzidas no Brasil, atrás justamente da soja e do milho.
Nessa temporada, a expectativa é de produção de 11 milhões de toneladas, que é o limite para atender aos brasileiros.
Ou seja, como o arroz é um alimento extremamente popular, presente na maioria das casas de brasileiros, a queda na produção compromete a oferta na dimensão necessária.
Em Mato Grosso do Sul, para incentivar os agricultores a manter o arroz , a Agência de Desenvolvimento Agrário do estado oferece auxílio técnico gratuito.
Há escritórios fixos em 79 municípios do estado para que o produtor comece ou dê continuidade à produção de arroz, recebendo treinamento sem qualquer custo.
Já existe uma preocupação, inclusive, de que o Brasil tenha que importar arroz para dar conta da demanda nos mercados. E isso encareceria ainda mais o produto.
Se isso acontecer, o Brasil ficaria a mercê de outros países que cultivam o arroz em larga escala. No mundo, os maiores produtores estão na Ásia, continente onde o consumo do grão faz parte da cultura gastronômica há milênios.
A China é o maior produtor mundial de arroz com cerca de 150 milhões de toneladas/ano.
A Índia vem em segundo lugar na escala de produção e já se tornou o maior exportador de arroz do mundo. Em 2023, vendeu 22 milhões de toneladas para outros países, o que representa 40% do total mundial.
No Japão, o arroz é cultivado há pelo menos 7 mil anos e o grão faz parte, inclusive, de crenças regionais, como, por exemplo, a de dar alguns grãos de arroz (já mastigados) ao recém-nascido, num ritual de celebração pela chegada de uma nova vida.
No Vietnã, o cereal está tão integrado à espiritualidade dos camponeses que muitos enterros são feitos em arrozais, com uma celebração especial que inclui cantos e danças.
Historiadores relatam que o arroz também já era plantado e consumido regularmente na África Ocidental 3 mil anos antes de Cristo.
Existem diversos tipos de arroz, todos com propriedades nutricionais importantes e fáceis de combinar com outros alimentos em refeições variadas. O feijão com arroz é um dos pratos mais recomendados por nutricionistas. Sobre a variedade de arroz, veja na galeria do FLIPAR intitulada 'O arroz pelo mundo: Descubra tipos e benefícios desse grão essencial'