O levantamento Global Religion 2023 teve como objetivo apurar o impacto da religião pelo mundo. Os dados foram obtidos através de uma plataforma online de monitoramento.
O Brasil foi um dos 26 países com pessoas entrevistadas pelos pesquisadores. E ficou no topo do ranking das pessoas que têm fé em alguma força maior.
Segundo a pesquisa do Ipsos, 70% dos brasileiros relataram que acreditam em Deus na forma como ele é apresentado em escrituras religiosas, como a Bíblia e o Alcorão, por exemplo.
Já 19% acreditam que exista uma força superior, porém diferente do Deus que aparece descrito nos textos religiosos.
Já aproximadamente 5% dos brasileiros afirmaram não acreditar em Deus ou em uma força maior, enquanto 4% disseram que não sabem e 2% optaram por não responder.
'Esses são dados que estão de acordo com nosso histórico de um país onde a religião e a religiosidade têm uma predominância tanto na cultura e na vida cotidiana quanto nas esferas de poder', afirmou Helio Gastaldi, diretor de opinião pública da Ipsos no Brasil.
O estudo mostra que acreditar em Deus não obriga alguém a ser religioso. Muitos demonstraram que têm dé numa força soberana que rege o mundo, mas não frequentam nenhum tipo de instituição religiosa.
A pesquisa revelou que 89% dos entrevistados que afirmaram crer numa força espiritual, 76% costumam levar em conta os ensinamentos de uma religião específica. Os outros têm fé, mas não religião.
O estudo também destaca a diferença de adesão entre faixas etárias dos entrevistados. Enquanto 38% dos adultos se declararam católicos, apenas 23% dos jovens da geração Z (nascidos da segunda metade dos anos 1990 até 2010) dizem aderir à religião.
O Brasil está no topo do ranking, porém não de maneira isolada. A África do Sul também registrou 89% de entrevistados que acreditam em Deus ou em uma força maior.
O terceiro lugar foi ocupado por um país da América do Sul - assim como o Brasil. Os colombianos alcançaram 86% no ranking. Na foto, a Catedral de Bogotá.
Outros países sul-americanos também tiveram índices altos, como o Peru (84% - foto da capital Lima) ; Chile e Argentina (ambos com 76%).
Após a divulgação da pesquisa, a professora de sociologia da religião Nina Rosas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou que o processo histórico do país tem interferência na questão religiosa.
'A religião é uma força fundamental no Brasil desde a época da colonização dos portugueses. O Catolicismo é a religião que foi imposta pelos portugueses e tem um papel central nas identidades nacionais', ressaltou.
Já Helio Gastaldi, do Ipsos, afirmou que a vida religiosa costuma ter uma relevância maior em países onde o PIB per capita é menor ou onde há grandes índices de desigualdade.
'São áreas onde a religião de certa forma supre a ausência do Estado, trazendo perspectiva, consolo e até assistência material. Só que também pode ser usada para manipulação e obtenção de poder', destaca Gastaldi.