Inspirado no livro “Mussum – uma história de Humor e Samba”, de Juliano Barreto, a cinebiografia “Mussum – O filmis” passou pelo cinema e entrou no streaming, no Globoplay (plano Telecine).
A produção reconstruiu a vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes. A infância ficou a cargo de Tawan Lucas, enquanto na juventude Yuri Marçal defendeu o papel e na maturidade coube a Ailton Graça viver o humorista.
Um dos destaques da película é a forte relação de Mussum com sua mãe Dona Malvina. As atrizes Cacau Protásio e Neusa Borges viveram a progenitora do célebre humorista nas telonas.
O longa 'Mussum, O Filmis' foi o grande vencedor do Festival de Gramado de cinema. Na premiação, a obra recebeu seis Kikitos. (filme, ator, atriz e ator coadjuvantes e trilha musical e filme pelo júri popular).
Antônio Carlos Bernardes Gomes nasceu em 7 de abril de 1941, no morro de Cachoeirinha, em Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, e teve uma infância humilde.
Em 1954, Mussum concluiu o curso primário e três anos depois se formou em ajudante de mecânico no Instituto Profissional Getúlio Vargas na Fundação Abrigo Cristo Redentor.
Em seguida, trabalhou em uma oficina na Zona Norte do Rio de Janeiro, no bairro do Rocha. Mas decidiu alçar voos maiores e ingressou na Força Aérea Brasileira, onde permaneceu por oito anos, alcançando a graduação de cabo.
Nessa época, começou a se interessar pela música, sobretudo o samba. Tocava reco-reco no grupo musical 'Os Modernos do Samba'. Tempos depois integrou o famoso grupo musical “Os Originais do Samba”.
Entre os grandes sucessos”, destacam-se: O Assassinato do Camarão (1970); A Dona do Primeiro Andar (1970); O Lado Direito da Rua Direita (1972); Esperança Perdida (1972); Saudosa Maloca (1973) e Falador Passa Mal (1973).
Apaixonado por carnaval, Mussum era torcedor da Mangueira e foi morador da comunidade. Em 2022, a Lins Imperial, que tem as mesmas cores da Estação Primeira, homenageou o humorista, na Série Ouro.
Na vida pessoal, se casou pela primeira vez com Leny Castro dos Santos, moça da Mangueira, entre 1965 e 1969, e com ela teve um filho, Augusto Cezar. O segundo casamento foi com Neila da Costa Bernardes Gomes, que conheceu em 1972 e com quem permaneceu até o fim da vida. Eles tiveram um filho chamado Santos.
Fora do casamento, Mussum teve mais três filhos. Paula Aparecida, fruto de um namoro com Maria Glória Fachini; Antonio Carlos Filho, com a modelo Therezinha de Oliveira; e o ator Antônio Carlos Santana ('Mussunzinho'), com Maira Santana de Moura.
Em 2019, ficou comprovado que o dentista Igor Palhano é filho biológico de Mussum, fruto de um envolvimento do trapalhão com Denildes Palhano.
Em 1965, entrou no programa “Bairro Feliz”, da TV Globo, como humorista. Recebeu o apelido de Grande Otelo. Como conseguia sair de situações embaraçosas, o humorista foi comparado a um peixe escorregadio chamado 'mussum'.
Foi a partir de 1973 que o humorista se transformou em celebridade com a entrada no grupo 'Os Trapalhões'. Junto de Renato Aragão, o Didi, Manfried Santana, o Dedé Santana, e, Mauro Gonçalves, o Zacarias.
Em duas décadas, 'Os Trapalhões' conquistaram o Brasil com esquetes criativas e que contribuíram para a formação do humor nacional. Além do programa de TV, foram inúmeros filmes populares, com sucesso de bilheteria no país.
Antes disso, Didi e Dedé estrearam o programa Adoráveis Trapalhões. da TV Excelsior. Na ocasião, faziam parceria com o “galã” Wanderley Cardoso, o “diplomata” Ivon Curi e o “estourado” Ted Boy Marino.
Os Trapalhões estrearam em 1974, na antiga TV Tupi. Na época, o programa era exibido aos domingos e foi um sucesso de audiência, o que chamou a atenção de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, diretor da Rede Globo.
Iniciaram dentro da Sexta Super, mas logo foram realocados para o domingo, em 1977, antes do Fantástico. O programa apresentava esquetes, com um estilo pastelão, com paródias e cenas inspiradas no cotidiano.
O sucesso era tanto que no dia 28 de junho de 1981, o quarteto ficou no ar com especial que durou incríveis sete horas, com a participação de atores da Globo e uma campanha de doação de órgãos.
Os anos de ouro do quarteto foram entre 1984 a 1989, quando bombavam na audiência. Em 1986, teve a primeira edição do Criança Esperança, enquanto em 88, surgiu o Quartel Trapalhão, com a participação de Roberto Guilherme, como Sargento Pincel.
Ao longo do programa, Mussum popularizou um estilo peculiar de falar, acrescentando as terminações 'is' ou 'évis' (como forévis, cacíldis, coraçãozis) e pelo seu inseparável 'mé' (que era sua gíria para cachaça).
O grupo sofreu com a perda de Mauro Gonçalves, o Zacarias, vítima de insuficiência respiratória, em 1990. Quatro anos depois, Mussum descobriu que tinha miocardiopatia dilatada, doença em que o coração aumenta seu tamanho.
Em 29 de julho de 1994, aos 53 anos, às 2h45, Mussum morreu no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. O humorista havia passado por um transplante de coração, porém teve sérias complicações e não resistiu.