O inseto tem visão em três dimensões e é um caçador eficaz, sendo usado para controle de pragas por jardineiros. E ele manda bem na camuflagem. Há espécies que imitam galhos, folhas, flores, musgos e até animais, como aranhas e formigas.
A forma de capturar as presas é tão especial que o louva-a-deus inspirou artes marciais no Oriente. Os antigos achavam que o louva-a-deus dava sorte e que indicaria caminhos nas matas para que ninguém se perdesse.
Eles giram três partes do corpo - as patas dianteiras, as patas traseiras e o abdômen - em direções diferentes. Tudo calculado: o tempo, os movimentos e a sincronização.Por não ter asas, ele usa o salto para pegar as presas.
Sua velocidade chega a 1,4 km/h. Por ser muito ágil e enérgico, ele consegue abater não apenas pequenos insetos, como moscas e mariposas, mas também lagartas, baratas e lagartixas. Em alguns casos, derruba até um pássaro.
O louva-a-deus nasce do ovo colocado pela fêmea. Sua expectativa de vida é de 1 ano. O louva-a-deus faz pelo menos seis trocas de pele até atingir o tamanho adulto.
No Brasil, o louva-a-deus está presente em todos os biomas e ecossistemas, com maior variedade em florestas da Amazônia e na Mata Atlântica. O Projeto Mantis reúne biólogos que estudam o louva-a-deus. O Brasil tem mais de 250 espécies catalogadas. Veja algumas que se destacam.
Louva-a-deus unicórnio - Recebe esse nome porque sua cabeça tem uma projeção que parece um chifre e que confunde seus predadores. É uma espécie presente principalmente na Mata Atlântica e Cerrado, mas há registros na Amazônia e Caatinga.
Louva-a-deus pipa - Um dos mais raros no Brasil, só é encontrado na Amazônia. Esse gênero é mais visto na América Central. O nome se deve ao formato da cabeça. Quando é visto por um predador, se ergue para mostrar as cores por baixo, o que cria a impressão de que é maior e mais ofensivo.
Louva-a-deus dragão brasileiro - Tem uma forma peculiar que lembra um pequeno dragão chinês. Uma espécie só existe na Mata Atlântica e outras duas também aparecem na Amazônia. É raro e há exemplares preservados na Reserva Ecológica de Guapiaçu (RJ).
Louva-a-deus flor - O nome é inspirado na fêmea adulta, que se assemelha a uma flor amarela. Os filhotes mimetizam formigas e aranhas. E o macho adulto mimetiza vespas.
Louva-a-deus coroado - Espécie endêmica da Mata Atlântica, ou seja, só existe ali. Habita as copas das árvores. O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, tinha uma coleção dessa espécie, mas quase toda se perdeu no incêndio ocorrido em 2018.
Louva-a-deus folha seca - Essa espécie , de cor escura, lembra mesma uma folha ressecada. Quando um predador se aproxima, eles ficam imóveis, num comportamento chamado de tanatose. Parecem mortos.
Louva-a-deus galho - Parece mesmo um galho fininho, o que leva a confundi-los com bicho-pau. Mas os olhos grandes e as pernas em formato de garra são típicos do louva-a-deus. Essa espécie é mais comprida do que a maioria, chegando a 14 cm. São comuns na Amazônia.
Louva-a-deus líquen - Seu corpo lembra casca de árvore, líquen e musgo. Há uma concentração bem diversa no Cerrado. E uma espécie de louva-a-deus fêmea que não possui asa nem mesmo quando adulta, encontrada na Mata Atlântica.
Louva-a-deus tronco - Sua camuflagem é perfeita nos galhos das árvores por causa da tonalidade e de manchas. Eles são ágeis e se percebem a aproximação de algum predador mudam de posição rapidamente. Caçam formigas com frequência.
Louva-a-deus verde gigante - Tem mais de 11 cm. Com tonalidade forte de verde, é muito vistoso. Os machos têm asas translúcidas e voam bem. As fêmeas têm asas curtas que elas camuflam para parecer folha. Vive principalmente na Amazônia e, recentemente, uma população da espécie foi encontrada no Espírito Santo.
Louva-a-deus artista - Também é chamado de louva-a-deus arco-íris. Tons roxos, azuis, amarelos, rosa e laranja se espalham pelo corpo, numa harmonia que tem a ver com a comunicação entre machos e fêmeas. Quando em repouso, deixam apenas o verde visível, para camuflagem. Tipo raro em que a fêmea voa tão bem quanto o macho.
Em São Paulo, um caso ocorrido em 2022 chamou atenção na internet. Um louva-a-deus de estimação foi submetido a cirurgia na clinica veterinária Exotic Pets, especializada em tratamento de animais domésticos não convencionais.
O louva-a-deus havia caído e ferido o abdômen. Ele passou por uma cirurgia delicada para um animal tão sensível. Ele ficou com os pontos e o veterinário Luiz Fernando Guaraná disse: 'O animal mais estranho que eu já atendi'. A cirurgia foi bem, mas o bichinho acabou morrendo depois.