Localizado na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio de Janeiro, o prédio passará por um retrofit - técnica de modernização que preserva as características históricas do edifício - sob responsabilidade da empresa Azo.
A incorporadora, que comprou o edifício no ano passado da Prefeitura do Rio de Janeiro por meio de concorrência pública, irá transformar o prédio em um empreendimento residencial.
Após ficar fechado por mais de dez anos, o prédio foi comprado pela Prefeitura em março de 2023 por R$ 28,9 milhões para em seguida vendê-lo dentro de projeto para revitalizar o centro da capital carioca.
A obra, prevista para durar 30 meses, também inclui um espaço aberto ao público no terraço, um restaurante e um memorial da Rádio Nacional, que teve sua antiga sede no prédio.
O projeto ainda prevê um mirante aberto ao público no topo do prédio com vista privilegiada da cidade do Rio de Janeiro, incluindo a Baía de Guanabara.
O empreendimento contará com memorial da Rádio Nacional e uma espécie de calçada da fama, denominada Chão de Estrelas, para exaltar os artistas que fizeram história na emissora.
Inaugurado em 7 de setembro de 1929, o prédio em Art Déco foi projetado pelo arquiteto Joseph Gire em parceria com Elisiário da Cunha Bahiana. Ele é considerado um marco arquitetônico do Brasil, além de essencial para impulsionar a engenharia do pais.
Gire assinou outros edifícios célebres do Rio de Janeiro, como o Hotel Glória, o Copacabana Palace Hotel (foto) e o Palácio das Laranjeiras.
Com 22 andares e 102 metros de altura, o Edifício Joseph Gire, popularmente conhecido como A Noite, foi o mais alto da América Latina até 1934, quando acabou superado pelo edifício Martinelli, em São Paulo.
O prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por sua estrutura, arquitetura e valor cultural.
Inicialmente, o prédio foi sede do jornal “A Noite”, vespertino fundado em 1911 pelo jornalista Irineu Marinho, que 14 anos mais tarde lançaria “O Globo”.
Em 1940, o local tornou-se patrimônio da União, com diversas repartições públicas funcionando no edifício.
Antes, na segunda metade da década de 1930 o prédio passou a ser sede da Rádio Nacional, inaugurada em 1936 e que foi um marco na história da comunicação no Brasil.
A Nacional foi um símbolo da chamada Era de Ouro do Rádio, sendo o principal difusor artístico do Brasil entre os anos 30 e 40.
Na década de 40, ela foi estatizada pelo governo de Getúlio Vargas, durante o chamado Estado Novo, servindo também como veículo de propaganda do regime.
Cantores como Francisco Alves, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Marlene, Emilinha Barbosa, Cauby Peixoto, Elizeth Cardoso(foto) e Ângela Maria brilharam nas transmissões do palco da Rádio Nacional acompanhados de orquestras e se tornaram fenômenos de popularidade à época.
Em uma época anterior à chegada da televisão, a rádio teve grande popularidade. Na Rádio Nacional surgiu o programa jornalístico “O Repórter Esso”, com o famoso slogan “a testemunha ocular da história”.
Em 2012, a Rádio Nacional deixou o Edifício A Noite após 76 anos. Atualmente, a emissora está sediada nas instalações da TV Brasil, no bairro da Lapa.