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Morre, aos 97 anos, o jornalista e locutor Cid Moreira


Por Flipar
Instagram @ocidmoreira

O jornalista e locutor Cid Moreira, de 97 anos, morreu, na manhã desta quinta-feira (3), por volta das 08h, no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Dono de uma das vozes mais conhecidas do Brasil, ele estava internado desde o dia 4 de setembro, quando deu entrada com insuficiência renal crônica.

Flickr Jeso Carneiro

'Ele já tinha um quadro de insuficiência renal crônica, fazia diálise. Apresentou um quadro de infecção por conta, provavelmente, deste quadro da diálise prolongada. Já vinha apresentando dificuldade para andar, com certa atrofia muscular', explicou Nélio Gomes Júnior, médico do jornalista.

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'Ele quer ser enterrado em Taubaté, para ficar perto da primeira esposa, da filha que foi, do neto que foi', contou Fátima, sua atual esposa, em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo.

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Nascido em Taubaté, no Vale do Paraíba, Cid completou 97 anos no dia 29 de setembro. O jornalista iniciou a carreira na Rádio Difusora de sua cidade, em 1944. Na ocasião, foi descoberto por um amigo, que o incentivou a fazer um teste.

MarceloMoraes99/Wikimédia Commons

Além disso, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais antes de se mudar de vez para a capital, São Paulo. Por lá, se transferiu para a Rádio Bandeirantes e foi locutor oficial da campanha de Ademar de Barros (um dos proprietários da rádio) para as Eleições estaduais em São Paulo em 1947.

Flickr Arquivo nacional do Brasil

Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, por Gilberto Martins. A partir disso, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.

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Em 1955, Cid Moreira atuou como ator no filme 'Angu de caroço', voltando ao cargo de narrador em 1958 no filme 'Traficantes do Crime'. Na época áurea do cinema, foi narrador dos jornais de cinema da maior parte dos estados brasileiros.

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A estreia de Cid como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio. Na sequência, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, e se consolidou na televisão.

Reprodução Facebook Memorial da Televisão Brasileira

Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”, que ia ao ar às 19h45. A partir disso, foi escalado para a equipe do recém-lançado “Jornal Nacional”, o primeiro telejornal transmitido em rede no Brasil.

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A estreia aconteceu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes. Ali, se consolidava a figura do âncora de telejornal, e a figura do jornalista era frequente em todos os lares brasileiros.

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“Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal. Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí comecei a perceber a dimensão”, revelou Cid, ao Memória Globo.

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Dois anos depois, iniciou uma parceria de longa data com Sérgio Chapelin. Durante 26 anos, Cid foi o principal rosto do Jornal Nacional, com sua voz característica e o famoso 'boa noite' diário. O jornalista também deu voz ao filme ‘Futebol Total’, um documentário que imortalizou momentos da Copa do Mundo de 1974.

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Foi, então, em 1996, quando o principal telejornal da emissora passou por uma reformulação, que Cid deixou de ser a figura do âncora. William Bonner e Lillian Witte Fibe se tornaram as figuras do programa a partir daquele ano.

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Além do Jornal Nacional, Cid participava paralelamente do “Fantástico” desde sua estreia, em 1973. A revista eletrônica alternava os apresentadores da casa e se consolidava na grade de programação dominical.

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A partir de 1999, Cid narrou o famoso quadro de Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz icônica ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio ilusionista, que visitou o Brasil no ano seguinte.

Reprodução de vídeo TV Globo

Na década de 1990, Cid, que sempre foi muito religioso, começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Sua voz inconfundível e marcante foi a escolha certeira para trazer à tona tais palavras para a população.

Reprodução do Youtube

Diante do enorme sucesso de sua voz ligada à religião, realizou um novo projeto. Em 2011, Cid Moreira gravou a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.

Divulgação

No ano anterior, foi lançada a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira.

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Naquele mesmo ano, em 2010, durante a Copa do Mundo da África do Sul, ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaani!” (bola daquele Mundial) para a cobertura do “Fantástico” e programas esportivos da Globo.

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Em 24 de abril de 2015, apresentou um bloco do Jornal Nacional junto com Sérgio Chapelin como uma forma de homenagem da Globo aos dois jornalistas, que por muitos anos apresentaram o programa.

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O jornalista foi casado quatro vezes. Cid era pai de Jaciara, que faleceu em 2020, fruto do seu primeiro casamento, com Nelcy Moreira. E teve um neto, Alexandre Moreira (filho de Jaciara), que morreu após se envolver em um acidente de carro em 1996, aos 21 anos.

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Ele também se casou com Olga Verônica Radenzev Simões, entre 1970 e 1972. Depois, teve uma união com Ulhiana Naumtchyk Moreira, de 1993 a 2000, com quem teve um filho biológico, Rodrigo Moreira, e adotou Roger Moreira, sobrinho dela.

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Fátima Sampaio (atual esposa) e Cid Moreira se conheceram em 2000, no dia 3 de novembro. Os dois estavam juntos desde então, conforme ela contou na biografia 'Boa noite', lançada em 2010.

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'Passei os últimos dias aqui com ele, não tinha outro lugar que eu poderia estar. Ele dizia estar cansado, não contei para ninguém para garantir sua privacidade e confortá-lo. Mas ele estava lúcido até o fim', contou a mulher, ao vivo e direto do hospital.

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