Socotra é um arquipélago composto por quatro ilhas – Socotra, Abd al Kuri, Samhah e Darsa –, localizado próximo à costa da Somália e a uns 380 km a sudeste da costa do Iêmen.
Embora o Iêmen esteja em guerra desde 2014, Socotra permanece relativamente segura e não foi impactada pelos conflitos.
Nos últimos anos, países como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita passaram a exercer influência sobre a ilha, reconhecendo seu potencial turístico, mas a logística para visitá-la é desafiadora.
A principal forma de acesso à ilha é por voos fretados de Abu Dhabi, operados pela Air Arabia, com apenas dois voos por semana num período que vai de outubro a maio.
A compra dos bilhetes é feita apenas pelo WhatsApp e o voo dura cerca de duas horas.
Outra opção seria viajar a partir do Iêmen, mas isso funciona mais como uma ponte aérea para os habitantes locais.
Saindo do Iêmen, os turistas são obrigados a contratar tours completos de operadoras locais, com preços que variam entre US$ 600 (R$ 3.600) e US$ 24 mil (R$ 146 mil) por pessoa.
Outra limitação vem da infraestrutura de Socotra. São pouquÃssimos hotéis, todos localizados na capital.
Fora da cidade, as opções de hospedagem são extremamente rústicas, consistindo principalmente em barracas de camping em locais abertos. Falta de internet e banheiros sujos também são comuns.
Designada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2008, Socotra é frequentemente classificada como um deserto tropical, mas apresenta uma grande diversidade de paisagens.
A amplitude térmica da ilha é algo que chama a atenção, variando entre sua costa árida e quente, marcada por dunas e montanhas, e seu interior úmido e ameno, repleto de cânions e platôs.
A história geológica de Socotra remonta a milhões de anos. Durante a era mesozoica, a ilha estava conectada ao continente africano, mas se separou devido a movimentos tectônicos.
Esse isolamento prolongado contribuiu para o desenvolvimento de espécies endêmicas, ou seja, que só existem em Socotra.
Com uma área de 3.700 km², Socotra abriga uma biodiversidade única, com 37% das 825 espécies de plantas encontradas exclusivamente lá, tornando-a um dos centros de biodiversidade mais importantes do mundo.
Entre as espécies mais notáveis estão as árvores de 'sangue de dragão' (Dracaena cinnabari). Elas recebem esse nome por conta da sua seiva, de cor avermelhada.
Tem ainda a rosa do deserto, uma suculenta que acumula água em seus troncos; e a árvore de olíbano (foto), cuja resina era valorizada desde a antiguidade por egípcios, gregos e romanos para incensos e medicamentos.
A população local é composta principalmente por árabes e grupos étnicos nômades, com uma história de isolamento cultural e preservação de tradições antigas.
O idioma principal é o socotri, um dialeto semítico único, que reflete as influências da história de comércio e navegação da região.
Uma expedição em Socotra pode começar na praia de Archer, no nordeste da ilha. Por lá, predominam atividades como o mergulho nos corais de Dihamri, o banho na piscina natural de Homhill (foto) e a visita à vila de pescadores de Erissel.
O sul e centro da ilha oferecem paisagens desérticas e oceânicas deslumbrantes. O amanhecer nas dunas de Zahek e a imersão no cânion de Kallissan (foto) são experiências imperdíveis.
Além disso, um programa imperdível é o pôr do sol no platô de Diksam, onde árvores do dragão criam uma atmosfera surreal.
O oeste de Socotra, com a praia e lagoa de Qalansyia, oferece paisagens de areias brancas e águas azul-turquesa.
A praia deserta de Shoab (foto), com suas águas verde-esmeralda, e o pôr do sol em Detwah completam a experiência nesta ilha fantástica.