O cemitério, localizado abaixo de um hospital do século 18, chama a atenção por características atípicas, como a posição dos túmulos, a presença de tinta nos caixões de madeira e a ausência de vestígios de cremação.
Além disso, apenas homens foram enterrados no local, levando à hipótese de que pertenciam a um grupo específico, como profissionais de uma mesma profissão.
Outro achado intrigante foram diversas tábuas de maldição, comuns em rituais da época, enterradas nos túmulos.
Usadas para orações e pedidos aos deuses, essas placas eram fixadas em túmulos ou poços.
Uma das tábuas, escrita em gaulês — uma língua celta extinta —, foi achada perto das pernas de um homem enterrado junto com moedas e um vaso quebrado.
Após a descoberta, a tábua passou por um tratamento químico para evitar corrosão.
Usando a técnica RTI (Reflectance Transformation Imaging), que amplia a visualização de superfícies, os especialistas conseguiram revelar as inscrições em letra cursiva, fornecendo detalhes sobre práticas religiosas e culturais da época.
Segundo Pierre-Yves Lambert, especialista em linguística celta, a tábua do túmulo F2199 é dedicada ao deus Marte e traz nomes de pessoas amaldiçoadas por ações consideradas injustas.
Outra tábua foi submetida à tomografia de raio-X, mas ainda não foi desenrolada virtualmente. As escavações terminam em janeiro, mas as análises seguirão nos laboratórios.
Orléans, onde as tábuas foram encontradas, é uma cidade histórica localizada no centro-norte da França, às margens do rio Loire, na região do Centro-Vale do Loire.
Com uma população de aproximadamente 117.000 habitantes (dados de 2022), a cidade é conhecida pela sua arquitetura impressionante e papel significativo na cultura e na política francesa.
Fundada na antiguidade, Orléans foi originalmente um importante assentamento gaulês chamado Cenabum, antes de se tornar uma cidade romana chamada Aurelianum, em homenagem ao imperador romano Aureliano.
Um dos eventos mais marcantes da história de Orléans está ligado à Guerra dos Cem Anos (1337-1453). A cidade ficou famosa por seu cerco em 1429, quando Joana d'Arc liderou as tropas para libertar a cidade do domínio inglês.
Orléans é também um importante centro cultural e educacional. A Universidade de Orléans, fundada em 1306, é uma das mais antigas da França.
A cidade possui um centro histórico encantador, com ruas estreitas e edifícios medievais bem preservados.
Entre suas atrações mais conhecidas está a imponente Catedral de Sainte-Croix, com uma arquitetura gótica magnífica.
Orléans também é conhecida por suas belas praças, como a Place du Martroi, que abriga uma estátua imponente de Joana d'Arc montada a cavalo.
Os visitantes podem passear ao longo das margens do Loire, um rio classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO devido à sua importância histórica e paisagística.
Outros pontos de interesse incluem a Casa de Joana d'Arc, um museu dedicado à heroína, e o Hôtel Groslot (foto), um edifício renascentista que serviu como prefeitura e hoje é usado para eventos culturais.
Orléans também ostenta uma excelente infraestrutura de transporte, bem conectada a Paris, que está situada a cerca de 120 km de distância.