Em novembro de 2025, está prevista a chegada ao Brasil da Keeta, empresa internacional da chinesa Meituan que promete revolucionar o delivery ao incluir entregas aéreas feitas por drones autônomos.
Com capacidade de levar alimentos e pequenos pacotes diretamente até a porta do consumidor, o modelo se propõe a representar um avanço logístico significativo.
Assim, representa um desafio direto a empresas como iFood, Rappi e Loggi, que terão de se adaptar à nova concorrência vinda do céu.
O Keeta Drone, marca da chinesa Meituan, iniciou suas entregas comerciais por drone em Shenzhen, na China, em 2021, ampliando rapidamente para cidades como Pequim, Shanghai e Guangzhou. Ela também já opera na Arábia Saudita e em Hong Kong.
Porém, para que a empresa consiga implementar esse modelo é preciso uma mudança regulatória no Brasil. Atualmente, não há autorização para operações comerciais em grande escala com drones.
De acordo com a legislação brasileira, para realizar operações comerciais com drones é preciso ter registro das aeronaves e seguro contra danos a terceiros. Além disso, são necessárias autorizações de órgãos como a Agência Nacional de Aviação Civil - a Anac -, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo e da Agência Nacional de Telecomunicações - A Anatel.
No entanto, enquanto os drones conquistam espaço como símbolos de inovação, crescem também os alertas quanto ao uso indevido desses equipamentos.
No Rio de Janeiro, um morador de um prédio no bairro da Glória, na zona sul, relatou ter visto um drone pairando dentro do seu apartamento no sexto andar, durante a madrugada. O episódio ocorreu no dia 15/07/2025.
“Tinha câmera, ele deve ter filmado a mim e a minha esposa. Quando acendi a luz ele saiu pela janela. Foi uma cena muito constrangedora”, declarou o morador do apartamento invadido, o taxista e guia de turismo Eduardo Sinfronio, ao jornal “O Globo”.
Eduardo relatou que ao acordar ouviu um ruÃdo diferente e, ao acender a luz, encontrou o drone pairando na sala do apartamento.
Diante da situação, a administração do prédio viu por bem afixar no elevador um comunicado com a recomendação de que os moradores mantenha as janelas e cortinas fechadas durante a noite, além do uso de rede de proteção.
A cena, digna de ficção científica, é hoje uma realidade possível. Equipados com câmeras de alta resolução, sensores e até microfones, drones podem ser utilizados para fins maliciosos, como espionagem, vigilância não autorizada e gravação de imagens íntimas.
A legislação brasileira exige que voos de drones respeitem normas da ANAC e do DECEA, incluindo distanciamento de edifÃcios, autorização para voos noturnos e proibição de sobrevoo em áreas privadas sem consentimento.
A dualidade é clara: de um lado, o potencial transformador dos drones para logística, agricultura, segurança e transporte. De outro, o risco de que se tornem ferramentas de invasão de privacidade, assédio ou coleta indevida de dados.
A tecnologia dos drones já trouxe benefícios reais, como na entrega de remédios e vacinas em áreas remotas - a exemplo do ocorrido em 2022 em áreas indígenas na Amazônia durante a pandemia.
Entre outros usos que agregam estão o monitoramento e pulverização na agricultura, combate a incêndios florestais, além de segurança pública e policiamento.
Já fatos negativos envolvendo drones, tanto por falhas técnicas quanto por mau uso deliberado, também são registrados.
Além da invasão de privacidade, como no caso do apartamento no Rio de Janeiro, há riscos envolvendo a aviação civil. Aeroportos já precisaram ser fechados pela presença de drones nas proximidades, o que representa grave risco de colisão com aviões, especialmente em pousos e decolagens.
Drones também já foram utilizados em atentados e guerras, como no conflito entre Rússia e Ucrânia. Também há relato de ocorrência de acidentes em eventos públicos, como com quedas sobre o público em festivais e shows, causando ferimentos leves e pânico.