Nome relevante do rock nacional, compõs clássicos como “Me Chama”, que ganhou versões de diversos intérpretes e entrou na lista das 100 maiores músicas brasileiras da Rolling Stone — ficou em 47º. Também é autor de “Vida Louca Vida”, eternizada por Cazuza, “Corações Psicodélicos”, “Canos Silenciosos” e “Essa Noite Não”.
Lobão começou sua carreira nos anos 70 como baterista da banda Vímana, ao lado de Lulu Santos e Ritchie. Desde cedo, mostrou talento e personalidade forte, rompendo com o grupo por divergências criativas. Sua inquietação artística, aliás, já dava sinais de que ele não seguiria caminhos convencionais.
Em 1982, lançou seu primeiro álbum solo, 'Cena de Cinema', misturando rock com crítica social. O disco foi bem recebido, mas Lobão já mostrava sua veia provocadora, desafiando padrões da indústria fonográfica. A partir daí, sua carreira solo ganharia contornos cada vez mais intensos.
Insatisfeito com gravadoras, ele fundou sua própria distribuidora e passou a vender CDs em bancas de jornal. A atitude foi vista como revolucionária e inspirou outros artistas a buscar autonomia. Assim, tornou-se um símbolo da resistência contra o sistema musical tradicional.
Lobão nunca teve medo de se posicionar politicamente, mesmo que isso lhe custasse fãs e contratos. Em 2016, liderou um coro de xingamentos contra a então presidente Dilma Rousseff durante um show. O episódio gerou críticas intensas e consolidou sua imagem de artista combativo.
Ao longo dos anos, atacou artistas consagrados como Caetano Veloso e Gilberto Gil, acusando-os de elitismo e conivência com o sistema. Suas críticas renderam brigas públicas e afastamento da MPB tradicional. Assim, se tornou uma voz dissonante no cenário musical brasileiro.
Durante o Rock in Rio 2, Lobão foi escalado para tocar no dia dedicado ao heavy metal. Foi vaiado e alvo de latas e copos pela plateia, que esperava bandas como Megadeth e Sepultura. O episódio virou símbolo do choque entre estilos e da rejeição que ele enfrentava.
Décadas depois, voltou a criticar o heavy metal, chamando o gênero de â??degenerescência branca e nórdicaâ?. A declaração reacendeu a rivalidade com fãs do estilo, que o acusaram de preconceito musical. Lobão, como sempre, manteve sua postura firme e provocadora.
Apesar de viver no século 21, Lobão se considera um homem dos anos 70. Cita bandas como Cactus e Humble Pie como suas principais influências, rejeitando o metal moderno. Seu gosto musical reflete, portanto, uma nostalgia por uma era mais visceral do rock.
Além de músico, Lobão é autor de livros como 'Manifesto do Nada na Terra do Nunca', onde critica a cultura brasileira e a classe artística. Suas obras são recheadas de sarcasmo, filosofia e ataques ao politicamente correto. Ele, aliás, usa a literatura como extensão de sua rebeldia.
Colecionou desavenças com artistas como Rita Lee, Marcelo D2 e Zeca Baleiro. As discussões geralmente envolvem política, estética musical ou comportamento público. Sem poupar nada nem ninguém, ele se orgulha de sua postura combativa, mesmo que isso o isole.
Para Lobão, a arte deve ser livre, provocadora e sem amarras ideológicas. Ele critica o que chama de 'patrulha do pensamento' e defende o direito de errar e de ser contraditório. Sua visão artística é radical e muitas vezes incompreendida.
Ao longo da carreira, nunca se esquivou de misturar rock, samba, eletrônico e até mesmo música erudita. Seus álbuns variam em estilo e proposta, refletindo sua inquietação criativa. Ele, aliás, nunca se prendeu a fórmulas e sempre buscou surpreender o público.
Lobão se define como um 'Dom Quixote moderno', lutando contra moinhos de vento da cultura e da política. A metáfora revela sua postura idealista e combativa, mesmo diante de derrotas. Ele prefere o risco à acomodação.
Apesar de ser famoso, o cantor rejeita o culto à celebridade. tanto que critica programas de TV, redes sociais e a superficialidade da fama moderna. Para ele, o artista deve ser profundo, não popular. Essa visão o afasta do mainstream, mas reforça sua autenticidade.
Nos últimos anos, ele se aproximou de pautas conservadoras e passou a criticar a esquerda brasileira. Isso gerou rupturas com antigos aliados e fãs. Ele costuma afirmar que sua postura é fruto de reflexão, não de oportunismo político.
As opiniões de Lobão geram reações extremas: amor ou ódio. Ele é idolatrado por uns e cancelado por outros, mas nunca ignorado. Essa polarização é parte de sua identidade artística e pessoal.
O cantor tem usado podcasts como espaço para expor suas ideias sem filtros. Em episódios recentes, fez críticas ao metal, à política e à indústria musical. Os programas viraram palco para sua verborragia afiada.
Em entrevista recente, Lobão anunciou que está trabalhando em um novo álbum para 2026. Promete trazer reflexões sobre o Brasil atual e resgatar sonoridades clássicas. Mesmo aos 68 anos, continua ativo e provocador.
Apesar das polêmicas, mantém uma base fiel de fãs que admiram sua coragem e autenticidade. Ele interage com o público pelas redes e shows, sempre com franqueza. Sua relação com aqueles que o seguem é direta e sem filtro.
Lobão encara o envelhecimento como libertação. Diz que a maturidade lhe deu coragem para ser quem realmente é, sem concessões. Sua trajetória mostra que a idade não diminui a intensidade.
O cantor vê o Brasil como um país em crise cultural e moral. Critica a educação, a política e a mídia, propondo uma “revolução estética”. Suas ideias são controversas, mas provocam reflexão.
Lobão é um artista que desafia rótulos e convenções. Seu legado é feito de música, palavras e confrontos. Intenso, celebra em seu aniversário de 68 anos não apenas as obras que marcaram a carreira, mas sua coragem de ser diferente.