Drauzio Varella é a personalidade mais mencionada nessas peças falsas que prometem tratamentos milagrosos, com curas rápidas, explorando a confiança do público em figuras conhecidas.
“Existe um curso dado pela internet para ensinar os falsários a imitar a minha voz por inteligência artificial e a criar as imagens para vender remédios falsos', disse Drauzio, que entrou com processo na Justiça contra a Meta - controladora de Facebook, Instagram e Whatsapp - por não impedir que essas propagandas falsas sejam veiculadas.
'Fui obrigado a contratar um escritório de advocacia para tentar tirar do ar essas propagandas porque a gente tentava explicar, olha, isso aí é absurdo, eles não davam nem bola nem respondiam, você mandava um e-mail explicando que aquilo era falso, eles nem não se davam o trabalho de responder', afirmou o médico.
“Toda vez que você vir meu nome ligado a um medicamento, é mentira. Cai fora, porque isso é golpe', recomenda Drauzio, que também ressaltou que o Código de Ética Médica proíbe profissionais da área de fazer propaganda de medicamentos.
Nascido em São Paulo, em 3 de maio de 1943, Antônio Drauzio Varella construiu uma das trajetórias mais reconhecidas da medicina brasileira ao unir atuação científica, trabalho clínico, produção intelectual e comunicação direta com o grande público.
Médico oncologista formado pela USP, onde foi aprovado em segundo lugar no vestibular, ele se destaca não apenas pela carreira acadêmica e hospitalar, mas também pela capacidade de traduzir temas complexos da saúde em linguagem acessível, tornando-se uma das principais referências na popularização da informação médica no país.
Ainda no início da década de 1970, Drauzio Varella passou a atuar na área de moléstias infecciosas ao lado do professor Vicente Amato Neto, no Hospital do Servidor Público de São Paulo.
Ao longo dos anos seguintes, consolidou sua atuação em instituições de peso, dirigindo por duas décadas o serviço de imunologia do Hospital do Câncer de São Paulo e comandando, entre 1990 e 1992, o serviço de câncer do Hospital do Ipiranga.
Além da oncologia, Drauzio teve papel pioneiro no Brasil nos estudos sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV). Em 1989, iniciou um trabalho que marcaria profundamente sua trajetória ao atuar como médico voluntário no presídio do Carandiru, onde investigou a prevalência do vírus entre os detentos e desenvolveu ações de prevenção e conscientização.
Ele permaneceu no local até 2002, ano da desativação do presídio, e chegou a idealizar iniciativas educativas, como a criação de uma revista em quadrinhos voltada à prevenção da Aids no ambiente carcerário.
Ao mesmo tempo, tornou-se uma voz ativa na defesa da medicina baseada em evidências, posicionando-se de forma crítica em relação a práticas de medicina alternativa sem comprovação científica.
A partir da segunda metade da década de 1980, Drauzio ampliou sua presença nos meios de comunicação. Iniciou campanhas educativas no rádio para esclarecer a população sobre a Aids e suas formas de prevenção e, mais tarde, consolidou-se como um dos principais divulgadores de temas de saúde na televisão.
Na TV Globo, tornou-se conhecido nacionalmente por seus quadros no programa “Fantástico”, abordando assuntos como funcionamento do corpo humano, tabagismo, obesidade, gravidez, primeiros socorros e transplante de órgãos.
Paralelamente à medicina e à comunicação, Drauzio Varella construiu uma sólida carreira como escritor. Em 1999, lançou “Estação Carandiru”, livro em que relata sua experiência como médico no presídio, obra que se tornou best-seller, venceu o Prêmio Jabuti de não ficção em 2000 e foi adaptada para o cinema em 2003, sob direção de Hector Babenco.
Sua produção literária inclui ainda títulos como “Nas ruas do Brás”, “Por um Fio', 'O Médico Doente', “Carcereiros”, “Prisioneiras” e “Correr”, no qual mistura informações médicas com relatos pessoais sobre a prática da corrida, atividade que mantém há décadas como parte essencial de sua rotina de saúde.
Drauzio Varella também conduz, na região do Rio Negro, um projeto de bioprospecção de plantas brasileiras, com o objetivo de obter extratos naturais para testes experimentais no combate ao câncer e a bactérias resistentes a antibióticos. Essa experiência rendeu histórias que ele descreve no livro 'O sentido das águas: Histórias do Rio Negro', lançado em 2025.
Drauzio Varella é casado com a atriz Regina Braga, com quem está junto há mais de quatro décadas. O médico tem duas filhas, Mariana e Letícia, frutos de um casamento anterior.