Brasil

Morte cerebral de Eloá é confirmada pelos médicos

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postado em 19/10/2008 01:41
SANTO ANDRÉ ; A equipe médica do Centro Hospitalar Santo André, no ABC paulista confirmou na noite deste sábado (18/10), às 23h30, a morte cerebral da estudante Eloá Cristina Pimentel da Silva, de 15 anos. A garota foi baleada na cabeça e na virilha pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, de 22, no início da noita desta sexta-feira (17/10). Lindemberg manteve Eloá refém por mais de cem horas. Na tarde de sábado, foi declarado coma irreversível. ; As chances de sobreviver são muito pequenas ; declarou na tarde deste sábado (18/10) o neurocirurgião Marco Túlio Setti, chefe da equipe que cuida de Eloá. O seqüestro foi encerrado na tarde de sexta-feira (17/10), quando a polícia invadiu o apartamento da família da jovem e prendeu Lindemberg. A negociação com o seqüestrador foi muito tensa. Ele a todo momento ameaçava matar Eloá e se matar depois. O advogado Eduardo Silva Lopes, que deixou a defesa de Lindemberg, contou que seu ex-cliente dizia que era ;acompanhado de um diabinho e de um anjinho;. ; Segundo Lindemberg, o diabinho falava mais alto que o anjinho, dizendo para acabar com tudo ; afirmou o advogado, que chegou a pedir desculpas às famílias por não conseguir evitar a tragédia. Quando os policiais invadiram o cativeiro, Nayara foi encontrada desacordada no sofá da sala. A estudante Nayara Vieira, também de 15 anos, seqüestrada junto com Eloá, foi baleada no maxilar. Também foi submetida a uma cirurgia no mesmo hospital, para retirada da bala, e passa bem. Lindemberg deixou o local sem ferimentos. Segundo Setti, o quadro clínico de Eloá piorou na manhã de sábado. Foram suspensos os sedativos que a mantinham em coma induzido para avaliar qual seria a reação do organismo. No entanto, a jovem não reagiu, permanecendo no estágio mais grave de coma, de nível 3, numa escala que vai de 3 a 15, embora com sinais vitais ativos, com a pressão e os batimentos cardíacos estáveis. Novos testes neurológicos seriam realizados por volta das 23h deste sábado, seis horas após os primeiros exames, seguindo um protocolo do Conselho Federal de Medicina. Pouco antes das 24h, foi confirmada a morte cerebral. Setti declarou que os poucos pacientes que sobreviveram, em circunstâncias semelhantes à de Eloá, permaneceram em estado vegetativo: ; Os pacientes nunca mais acordaram. Eloá e mais três amigos foram rendidos por Lindemberg por volta das 13h30m de segunda-feira, enquanto faziam um trabalho escolar na casa da jovem. Ele queria reatar o namoro de três anos. Dois garotos foram soltos ainda na segunda-feira (13/10) à noite. Nayara foi solta na terça-feira (18/10), mas voltou ao apartamento quinta-feira (16/10) para tentar ajudar no resgate da amiga Eloá. Eloá passou por uma neurocirurgia na noite de sexta-feira, mas a bala, que atravessou toda a cabeça da jovem e se alojou na nuca, não pôde ser retirada. Segundo os médicos, a bala que feriu a jovem, de calibre 32, entrou pelo lado direito da testa e atingiu o cerebelo em trajetória descendente. O objetivo da cirurgia era corrigir a destruição que o projétil causou no tecido cerebral. Até a manhã deste seabado (18/10), ela teve intensa hemorragia na região atingida pela bala, que foi controlada com o uso de um dreno. Após a cirurgia, Eloá foi induzida ao coma por meio de medicamentos, para diminuir o metabolismo e proteger o cérebro. ; Isso dá alguma chance de a paciente se recuperar, do cérebro voltar a funcionar ; explicou o neurocirurgião. A medida, no entanto, não surtiu efeito. Por volta das 10h de sábado, em entrevista coletiva, Setti informou que os medicamentos usados na indução do coma haviam sido suspensos, já que não houvera melhora do quadro neurológico. ; Após a retirada do coma induzido, poderemos saber como ela realmente se encontra. Mas é preciso esperar em torno de seis horas, que é o prazo mínimo para o organismo metabolizar todas as drogas que foram utilizadas ; explicou Setti. Segundo o neurocirurgião, esperava-se que Eloá apresentasse alguma melhora nas seis primeiras horas após a operação. ; Se não houve melhora... ; disse, sem completar a frase. A PM informou que só usou balas de borracha na ação de resgate. As armas utilizadas pelos policiais foram apreendidas e serão submetidas a exame de balística, que deve ficar pronto em 15 dias. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal, as balas retiradas da virilha de Eloá e do rosto de Nayara eram compatíveis com a arma apreendida com Lindemberg. No fim da tarde de sexta-feira, a polícia invadiu o apartamento onde as duas jovens eram mantidas reféns. O desfecho do seqüestro permanece controvertido. De acordo com a polícia, a invasão aconteceu depois que foram ouvidos tiros. Mas vizinhos e jornalistas que estavam no local disseram que só foram disparados tiros depois da explosão que derrubou a porta do apartamento. Os pais da adolescente também estão no hospital. O pai está em observação e a mãe, muito abalada, precisou de novo atendimento médico na manhã de sábado. Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, foi mantida refém pelo ex-namorado por mais de cem horas Ouça, abaixo, trechos das negociações divulgados pela Polícia Militar de São Paulo: Quarta-feira, 15: irmão de Eloá conversa com Lindemberg Quarta-feira, 15: Lindemberg reclama do comportamento de Eloá Quarta-feira, 15: Lindemberg pede a negociador comida para Eloá Sexta-feira, 17: Lindemberg diz que há um "anjinho" e um "diabinho" lhe dizendo o que fazer Sexta-feira, 17: Rapaz reclama de Eloá com o promotor Augusto Rossini Sexta-feira, 17: Lindemberg pede a negociador para que saia do caso Sexta-feira, 17: Rapaz diz que é uma pessoa "sem coração"

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