postado em 29/01/2009 08:15
Quatro dias depois da morte da modelo capixaba Mariana Bridi, 20 anos, um novo caso de infecção bacteriana assusta o país. A nutricionista mineira Aline Winkler Borges, 23 anos, permanece no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Felício Rocho. Ela está internada desde 31 dezembro, quando foi diagnosticada com pneumonia causada pela bactéria Legionella spp. Assim como a modelo, Aline foi submetida no domingo a uma cirurgia para a retirada de parte dos dedos das mãos e dos pés, devido à falta de oxigenação nas extremidades de seu corpo. ;Ela ainda está em estado grave. Mas responde bem aos antibióticos;, afirmou o pai dela, Márcio da Costa Borges.
Em nota, o hospital informou que o quadro da paciente é estável, mas de alto risco. Os rins de Aline voltaram a funcionar e a nutricionista está consciente, mas respira com ajuda de aparelhos. O hospital afirma que, diferentemente de Aline, a modelo capixaba foi infectada pelas bactérias pseudomonas e estafilococos.
Os médicos dizem que Aline é diabética, o que pode ter agravado o seu caso. A infectologista Maria Eugênia Didier afirmou que a paciente só permaneceu com vida e apresenta um quadro que hoje é considerado estável por conta do tratamento recebido. ;A paciente, que é diabética, chegou ao hospital com um estado bem delicado. Foi constatada a bactéria Legionella spp, comum em pneumonias. Ela recebeu altas doses de medicamentos vasocontritores para manter a pressão sanguínea em níveis aceitáveis;, explicou.
Ainda segundo a médica, a amputação de parte dos membros não se deve exclusivamente ao fato de a paciente ter ficado em coma induzido. ;Ela já chegou ao hospital com uma inflamação muito importante, além de agravamento inflamatório no quadro séptico, como a coagulação intravascular disseminada. Por isso, foi necessária a realização da amputação;, finalizou. Não há previsão de alta para Aline.
Internação
Familiares contam que ela deu entrada no Felício Rocho, com fortes dores abdominais, em 31 de dezembro. ;Ela se preparava para o réveillon e, de repente, começou a sentir as dores. A bactéria se instalou primeiramente no pulmão e, por isso, o primeiro diagnóstico informado foi pneumonia. Mas pouco tempo depois ela teve parada cardíaca e entrou em coma induzido. Em 48 horas, sofreu falência de órgãos. No último domingo, ela passou por uma cirurgia e, desde então, responde bem à medicação;, informou uma tia, que pediu anonimato.
;Na última conversa que tive com ela, Aline sabia da cirurgia e disse que quer apenas sobreviver. Percebemos que os sintomas de Aline são semelhante aos da modelo capixaba, mas não sei a relação com as bactérias;, contou a tia.
Preocupação
O último relatório do Instituto Latino-Americano de Sepse (Ilas), datado de 2006/2007 e que avalia a capacidade dos médicos reconheceram a doença, revela dados preocupantes sobre o diagnóstico e tratamento da infecção generalizada. Responsável pela morte de um quarto dos pacientes em leitos de UTIs no Brasil ; como ocorreu com a modelo Mariana Bridi no sábado passado ;, a enfermidade é diagnosticada corretamente por apenas 27% dos médicos brasileiros, informa o estudo, realizado nos 21 maiores hospitais nacionais. O relatório aponta ainda que o Brasil, ao lado da Malásia, é o país que lidera o ranking de mortes pela doença, com 250 mil óbitos por ano.