Brasil

Ataque de abelhas mata vigilante em Minas Gerais

Após receber picadas, vigilante sofre reação alérgica e morre. Ele teve um choque anafilático mesmo após receber medicação

Thobias Almeida
postado em 03/11/2010 08:00
Belo Horizonte ; A comunidade de Nova Lima (MG) ficou impressionada com a morte do vigilante Adílio Vitorino de Assis, 57 anos, ontem, depois de sofrer um ataque de abelhas africanizadas. A colmeia estava formada dentro do tronco oco de uma árvore que caiu na madrugada, no bairro Boa Vista. Assis passou pelo local horas depois e foi alvo dos ferrões. A queda da árvore derrubou também dois postes de energia elétrica, deixando o bairro sem luz por cerca de 14 horas, além de interromper o tráfego de veículos durante boa parte da manhã.

O dia apenas tinha começado quando Adílio caminhava rumo ao trabalho e passou próximo ao tronco caído. Agitadas e nervosas devido à perturbação causada pela queda da árvore, ocorrida às 3h15, as abelhas atacaram e duas picadas atingiram a orelha esquerda do homem.

Sem saber que era alérgico ao veneno, Assis primeiro passou álcool para aliviar a dor. Ao perceber que não se sentia bem, o vigilante foi caminhando até a Policlínica Municipal de Nova Lima, onde deu entrada às 6h25, alegando falta de ar. Passados 50 minutos, foi constatado o óbito, devido a uma ;reação anafilática;, como relatou a enfermeira Patrícia Barbosa Vieira Santos. ;A caminhada pode ter contribuído para a morte devido ao aumento do fluxo sanguíneo decorrente do esforço físico, que espalha o veneno pelo corpo mais rapidamente;, disse a enfermeira, acrescentando que foi ministrado um antialérgico ao paciente.

Interdição
Com o alerta, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros interditaram a região onde as abelhas estavam, com receio de que houvesse novas vítimas. Os militares exterminaram com fogo a colmeia e, em seguida, desobstruíram a rua, serrando o tronco.

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Boa Vista, Antônio Márcio de Oliveira, diz que as abelhas não causaram qualquer inconveniente até a investida contra o vigilante. ;Adílio era meu vizinho e não sabia que era alérgico;, disse Oliveira, acrescentando que há várias árvores velhas na área prontas para cair. ;Há sete anos pedimos os cortes;, reclamou. De acordo com Oliveira, as árvores estão dentro do terreno de uma mineradora, e a empresa teria afirmado que faria primeiro estudos para só então executar o serviço de remoção das plantas danificadas. A Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura também já foi comunicada sobre a necessidade das podas.

Anualmente, cerca de 40 pessoas morrem no país devido a picadas de abelhas. O número é do Instituto Butantan, centro de pesquisa paulista responsável por mais de 80% dos soros e vacinas consumidos no Brasil. Em julho, o Butantan, em parceria com a Universi dade de São Paulo (USP), anunciou a produção do primeiro soro contra veneno de abelha no mundo.

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