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Goiás é condenado a pagar pensão a mais cinco vítimas do Césio 137

postado em 10/10/2012 19:13
Os cinco indenizados trabalharam com escolta, guarda, limpeza e isolamento das enfermarias destinadas ao tratamento de pacientes contaminados pelo Césio 137, há mais de vinte anos, e, por isso, teriam adquirido doença crônica.

Na semana passada, a 3; Turma Julgadora da 2; Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) concedeu mandado de segurança determinando que o estado de Goiás pague pensão especial a Télio Marques da Silva, José Nático da Silva, Leosínio Gomes e Camargo, Martina Lopes dos Santos e Maria Madalena Vaz.

A pensão especial vitalícia, no âmbito estadual, foi instituída pela Lei n.; 14.226/2002, e o valor atual é de R$ 465 por mês.

Relembre o caso
Em 13/9/1987, dois catadores de materiais recicláveis encontraram em instalações do antigo Instituto Goiano de Radioterapia, uma máquina que desconheciam ser um aparelho usado para esse tipo de tratamento.

Eles levaram o material para casa e, após retirar algumas partes, venderam o que restou a um ferro-velho, de propriedade de Devair Ferreira. Também sem saber do que se tratava, Ferreira desmontou a máquina para reaproveitar o chumbo e expôs, assim, ao ambiente, 19,26 gramas de cloreto de Césio 137. O pó branco que emitia uma luz azulada no escuro foi exibido durante quatro dias para toda a vizinhança. Algumas pessoas, inclusive, levaram amostras do Césio para casa. Como parte do equipamento acabou sendo vendida para outro ferro-velho, o material radioativo acabou se espalhando por uma área ainda maior.

Não demorou muito para que as pessoas começassem a apresentar os primeiros sinais de que carregavam no corpo altos níveis de radiação ; diarreia, naúseas, tonturas e vômito. Elas procuraram os hospitais da cidade, onde foram medicadas como portadores de doença contagiosa. Somente depois de 16 dias, quando parte da máquina de radioterapia foi levada à Vigilância Sanitária, constatou-se que os sintomas eram de contaminação radioativa.

O acidente resultou em milhares de toneladas de lixo radioativo que se encontram em contêineres e tambores revestidos de aço e concreto, em um depósito, na cidade de Abadia de Goiás (GO). As primeiras vítimas da contaminação pelo césio foram a esposa do dono do ferro-velho, Maria Gabriela, que morreu no dia 23 de outubro de 1987, e sua sobrinha, a menina Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, que ingeriu pequenas quantidades de césio depois de brincar com o pó azul. A menina foi a vítima que apresentou a maior dose de radiação. Ela morreu horas depois da tia.

Quarenta e nove pacientes vítimas da radiação do césio 137 foram levadas para o Rio de Janeiro, onde foram tratados no Hospital Naval Marcílio Dias, referência no tratamento de vítimas de acidentes radioativos. Vinte e um desses pacientes passaram por tratamento intensivo e quatro morreram. No total, mais de 112 mil pessoas foram expostas aos efeitos do Césio, em Goiânia.

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