Um projeto de lei que torna obrigatória uma quantidade mínima de aulas práticas nas ruas para os condutores de motocicletas tem causado polêmica entre as autoescolas de Brasília. Caso as normas entrem em vigor, os motociclistas em formação terão que enfrentar o trânsito no dia a dia.
Para o vice-presidente do Sindicato de autoescolas e centro de formação de condutores do DF (Sindauto), Ricardo Ribas, se a lei exigir que o instrutor esteja junto com o aluno na mesma moto durante as aulas no trânsito, não dará certo. ;Somos contra. O índice de acidente é grande, se o carro com a faixa indicando que é de autoescola já sofre preconceito imagine como seria com o aprendiz de motocicleta nas ruas;, reclama Ribas.
No projeto não existem detalhes quanto à forma como as aulas práticas seriam aplicadas nas autoescolas. Caso a lei entre em vigor, é o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que deve estipular as normas.
O autônomo Tiago Pinheiro, 27 anos, tirou a habilitação de moto em 2014 e não concorda com o projeto de lei. "É arriscado. Muitas pessoas caíam durante as aulas no estacionamento, imagina no trânsito? Corre o risco de ocorrer um acidente mais sério, colidir com um carro ou caminhão", frisa ele.
Existe também a possibilidade do aluno ser escoltado pelo instrutor que estaria em um carro, seguindo a moto. Para Ribas, esta ideia pode ser aceita, mas com ressalvas. ;O único problema seria o financeiro. Para fazer escolta teríamos que colocar um carro nas ruas, isso demandaria mais gasolina, mais dinheiro. E sairia do bolso do aprendiz;, argumenta o vice-presidente do Sindauto-DF.
Atualmente, para tirar a carteira de motociclista (tipo A), são necessários nove dias de aulas teóricas e 15 aulas práticas ; 50 minutos cada. Mas caso o aluno tenha a habilitação para dirigir um automóvel, ele faz apenas as aulas práticas, que geralmente ocorrem em estacionamentos públicos.
Experiência
A lei foi aprovada pelo Senado e segue para votação na Câmara dos Deputados. A autora da proposta é a senadora Ana Amélia (PP-RS). Para ela é errado as autoescolas treinarem os futuros motociclistas apenas em circuito fechados. ;O índice de acidente com motociclistas é enorme, o gasto que a saúde pública tem com esses acidentados também. E tudo isso por falta de experiência nas ruas;, explica a senadora.
Ana Amélia lembra ainda que hoje o teste de direção é feito em lugares sem ligações com a realidade. ;O asfalto onde geralmente é feito o teste prático está sem buracos, pedras ou meio-fio quebrado. Então quando o aluno se depara com a realidade no dia a dia, ele não sabe como lidar e a probabilidade de acidente aumenta;, esclarece a parlamentar. O projeto foi elaborado em 2012, mas só em 2014 foi votado pelo Senado.
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) informaram que não comentam projetos de lei.
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