Brasil

Pai de 'musinha fitness', ao Correio: "Sei o que faço com minha filha"

O pai da garota, personal trainer, defende a prática: "Sou profissional há 13 anos. Vivo disso"

postado em 03/02/2015 19:31

A garota pratica esportes desde os seis meses de idade
Wesley Mansur, pai da chamada ;mini blogueira fitness; ; uma criança de 9 anos que tornou-se webhit ao publicar fotos retratando rotina na academia ; afirmou ao Correio que os exercícios foram passados a pedido da garota. "Desde os seis meses de idade ela faz natação, sempre gostou e praticou esportes. Há quatro meses, ela me pediu para treinar na academia, pelo fato de sempre ver a mãe malhar. Elaborei atividades para a faixa etária dela e acompanho desde então", explica. Sobre as críticas que a família recebeu nas redes socias, Wesley é enfático: "Sou profissional há 13 anos. Vivo disso. Eu sei o que faço com minha filha".

A ;musinha fitness; chegou a acumular 20 mil seguidores em quatro meses no Instagram. A decisão do pai, profissional de educação física, de acompanhar os treinamentos da filha divide opiniões: profissionais da área defendem a prática e psicólogos problematizam. A família mora em Goiânia e a menina faz um treino de 40 minutos duas vezes por semana. De acordo com o pai, a criança não faz musculação, apenas atividades lúdicas, como amarelinha, e agachamento em alusão à brincadeira de "vivo ou morto".



O pai acompanha a rotina de exercícios

A alimentação da menina é saudável. A família conta que ela se habituou a comer arroz e macarrão integral. "Ela gosta de suco e só bebe refrigerante e come muitos doces quando tem alguma festividade. Não proibimos, é uma escolha dela", destaca o pai.

Com mais de 20 mil seguidores, a conta da garota fitness no Instagram foi bloqueada ontem ; só são permitidos usuários quem tenham mais de 18 anos. Contudo, a família já adianta, foi feita uma nova conta, desta vez com o nome de "musinhafitness". "O nosso objetivo é incentivar as pessoas a praticarem exercícios", diz Wesley. Inspirado pela amiga, um garoto de nove anos também aderiu à prática de exercícios, cita o pai da menina, que sonha em ser médica ou jornalista.

Apesar das críticas na internet, os profissionais de educação física concordam com a atitude do pai. "Se a criança tem o acompanhamento de um profissional, não há problema em fazer os exercícios. Muitas não gostam de ir à academia por considerarem uma atividade monótona, mas se ela está interessada é um ganho para a saúde", opina o personal trainer Alexandre Pereira.

O pai da garota, personal trainer, defende a prática: O ortopedista Julian Machado, alerta para a obrigatoriedade de um acompanhamento profissional e cita que as crianças precisam aderir a algum esporte: "Essas atividades não devem ser vistas como obrigação. Se houver um interesse em futebol, artes macias ou musculação, é super válido, desde que sejam feitos com a presença de um profissional".

Para Cristina Calegaro, Presidente do Conselho Regional de Educação Física, se o pai é profissional na área e se atentou para a idade da garota, não há problema. "A presença de crianças desacompanhadas nas academias é proibida, mas se tiver um profissional para orientar, é perfeitamente aceitável".

Pedro Guimarães, especialista em fisiologia do exercício, afirma que a iniciativa é exemplar: "Queria que o caso fosse levado como um incentivo aos pais a colocarem suas crianças em atividades físicas orientadas. Estamos vivendo em uma época que a obesidade infantil é uma crescente no mundo. Não vejo o porque desse alarde todo. Me espantaria se os pais dessa criança a incentivassem a ficar parada e comendo besteira".

Superexposição
O especialista discorda, contudo, da exposição da criança. "Mas aí já entramos em outro mérito. Dou meu voto favorável à atitude dos pais;, finalizou. A psicóloga Grazielli Alves alerta para a superexposição das crianças na internet: "Hoje, os valores estão invertidos. Uma pessoa de 9 anos está na fase da infância, ela não pode crescer antes do tempo. É preciso se atentar para os motivos que a levaram a se expor para centenas ou milhares de pessoas. Avaliar se é apenas uma brincadeira de criança ou se a sociedade está impondo um padrão de beleza".

O comportamento adotado nas redes sociais pode estar associados a uma necessidade de aprovação, que pode levar, segundo a psicoterapeuta comportamental Maíra Matos Costa, a um quadro de depressão. "A criança não deve passar um imagem de adulta, tem que ser o que é. As redes sociais levam as pessoas a postarem fotos para serem aprovadas pela sociedade e, muitas vezes, as curtidas são falsas, as pessoas curtem por curtir. Vivemos em um mundo virtual. Com o fácil acesso à tecnologia, as crianças obtém informações de forma rápida, ficam ansiosas", finaliza.

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